quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Motel Overdose e Nocet – Bar Taliesyn (Florianópolis) – 20.10.2011

Comentário publicado anteriormente no Facebook e revisado.

No dia 20.11.2011 retornei aos velhos tempos. Após quase 10 anos sem visitar minha cidade natal – Santa Maria (RS) uma banda de lá veio trazer o seu bom rock’n roll para cá, refiro-me à Nocet. Junto com a Nocet tocou uma banda local que tem na sua formação outro amigo meu de Santa. Falo da Motel Overdose. A noite foi gratificante e fez eu me sentir novamente conectado com o universo da música ao vivo. Com grande satisfação passo a comentar o show que presenciei no dia 20.10.2011. Então, vamos ao comentário:

Entrar no Taliesyn já é um show à parte...em princípio não tem qualquer informação de que o bar está aberto (pelo menos na hora em que fui). Subi uma escada e lá em cima estava um “pub” no melhor estilo Santa Maria, POA, hard rock...e, claro, lembrando o clima e tradição dos bares europeus. Me senti em casa logo de cara. Imediatamente encontrei os camaradas e aquela nostalgia voltou com toda força, parecia que os últimos 10 anos foram apenas 10 dias atrás.

Bem, os shows: já aviso que posso ser muito suspeito para falar, pois, além da amizade que tenho com os músicos já vivi muito nesse meio e sei bem as dificuldades e as condições em que tocamos, logo, não vou fazer um comentário muito crítico em relação ao som, ao local, ao volume e etc... Já estou acostumado com o clima e fico bastante empolgado mesmo! Ainda mais vendo uma turma que mantém viva a chama do velho e bom rock’n roll (e que eu próprio busco manter acesa na medida do possível).

A Motel Overdose abriu a noite - som repleto de contrastes dinâmicos

A Motel Overdose abriu a noite. Imediatamente ao soar dos primeiros acordes e riffs de guitarra já senti que vinha uma proposta alternativa, e, com bastante sangue nas veias. E não deu outra. Riffs bem construídos sob uma condução vocal em grupo bem coesa. O som é bastante preenchido e a banda demonstra maturidade de quem já toca junto há alguns anos. A proposta musical é muito legal - não consigo definir, mas senti uma aproximação com o senso dinâmico do “Red Hot Chili Peppers” como se o “Zakk Wylde” e o “Robin Trower” estivessem nas guitarras. A proposta é bem moderna e vale a pena escutar o som redondo, forte e pulsante da Motel Ovedose. No que se refere ao  trabalho de guitarras, este é muito bem feito. Um verdadeiro desfile de técnicas: ligados, hammer-ons, bendings, slide no braço com a mão direita em simultâneo com ligados de esquerda...o vocabulário guitarrístico é bem farto...prá qualquer guitarrista sair satisfeito.



Vamos aos outros 2 músicos: o baixista MLeonardo é uma personalidade à parte, com um baixo que não consegui decifrar a marca (mais tarde me foi revelado que se tratava da marca Framus – foto abaixo encontrada no site http://www.crazeeworld.plus.com/general/gear_ian.htm ), mas, tanto o instrumento como o músico apresentam um som muito limpo, vintage, grave, carregado de notas cheias. É o acompanhamento (e o personalidade) de que a banda precisa).

Baixo da Marca Framus

E o baterista Márcio - velho camarada das batalhas pela boa música em Santa - cara eu não sabia que ele estava tocando tão alto. É isso aí véio! Tem que sentar a mão! Jazz é jazz, blues é blues, MPB é MPB e ROCK É ROCK MESMO! O fraseado da batera estava impecável. Gostei em particular do som dos pratos, como comentei ao final do show “há muito tempo eu não ouvia o som do instrumento direto no ouvido”.



Bem, a Nocet, o que falar da Nocet?

 "Warriors of the rock"...acho que é o melhor título para eles. Tantos anos de estrada, 3 cds. É muita batalha... E muitas modificações na formação. Agora Molina e Fabrício contam com Sino na guitarra - o que faz a banda adentrar em um novo terreno. A título de composição a Nocet continua pela mesma trilha - músicas elaboradas, melodias quebradas, modulações para tons afastados, seguido a escola dos progressivos pesados, mas, com bateria moderna...na linha Pantera e Metallica. O som continua coeso.

Nocet - composições com modulações para tons afastados

Marcos continua um "show man de primeira". Interpreta até mesmo artisticamente as apresentações das músicas. O som do baixo é grave e definido. O show não fica monótono. Pelo contrário, os contrastes entre os temas despertam interesse a ponto da plateia parar de “agitar” para ouvir quando se trata das composições da banda.



Sino trabalha muito as texturas da guitarra. Se na Motel a guitarra tinha uma distorção mais pesada no sustain, na Nocet a guitarra é distorcida para outra “galáxia”. Soa bem clara, limpa, cristalina (e atenção não há nenhum tipo de comparação entre os dois músicos nesta afirmativa, pois se trata de estilos bem diversos).

As texturas da guitarra do Sino se devem, também à sua opção por pedais. Um V-Wha da e um Digital Delay da Boss (marca que uso e recomendo desde agosto de 1985), Um Ibanez  tube screamer (distorção notória pela clareza e limpeza nos harmônicos) e um booster da Seymour Duncan, pedal que sempre tive muita curiosidade para ouvir ao vivo e que se demonstrou um dos melhores reforçadores do mercado. (Havia outro pedal que não sei qual é - qual é ele Sino? Tenho a impressão que era uma espécie de vibrato). Esses efeitos associados a uma Peavey Tele com 2 single coil emitem uma sonoridade muito limpa. Só acho (sugiro – certo Sino?) a inclusão de uma distorção mais metal pra o cover do Metallica (distortion ou metal zone).  Mas, é apenas uma sugestão porque uma das coisas mais legais em ver um cover é e quando a banda faz sua própria releitura da música.




E prá fechar o comentário sobre este mesmo tema, releitura foi exatamente o que a Nocet fez ao tocar em grande estilo a gigantescamente bela “Bad Romance” da genial Lady Gaga.
Eu, fã da Gaga, adorei – o DW do Fabrício soa perfeito no fim dos refrãos. O baixo empresta à composição o peso que a Gaga poderia ter feito para deixar o som mais “hard”. Sem batera eletrônica a estrutura da música da Lady se revela como ela é: uma bela e grande canção pop – e a Nocet só deixou mais evidente esta característica.

Prá finalizar lavei minha alma, revi os camaradas, ouvi som como há muito não ouvia e me diverti muito. A galera precisa se reunir mais vezes - e um concerto de rock honesto, visceral e pesado é a melhor coisa pra confraternizar e relembrar os velhos tempos, que, ainda bem, estão longe de terminar. Abraços para ambas as bandas que, porque sou muito suspeito, não vou dar nota, mas conceituar como honesto, pesado, forte e dinâmico – como o bom rock deve ser!    

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