No dia 20.11.2011 retornei aos velhos tempos. Após quase
10 anos sem visitar minha cidade natal – Santa Maria (RS) uma banda de lá veio
trazer o seu bom rock’n roll para cá, refiro-me à Nocet. Junto com a Nocet tocou uma banda local
que tem na sua formação outro amigo meu de Santa. Falo da Motel Overdose. A
noite foi gratificante e fez eu me sentir novamente conectado com o universo
da música ao vivo. Com grande satisfação passo a comentar o show que presenciei
no dia 20.10.2011. Então, vamos ao comentário:
Entrar no Taliesyn já é um show à parte...em princípio
não tem qualquer informação de que o bar está aberto (pelo menos na hora em que
fui). Subi uma escada e lá em cima estava um “pub” no melhor estilo Santa
Maria, POA, hard rock...e, claro, lembrando o clima e tradição dos bares
europeus. Me senti em casa logo de cara. Imediatamente encontrei os camaradas e
aquela nostalgia voltou com toda força, parecia que os últimos 10 anos foram
apenas 10 dias atrás.
Bem, os shows: já aviso que posso ser muito suspeito para
falar, pois, além da amizade que tenho com os músicos já vivi muito nesse meio
e sei bem as dificuldades e as condições em que tocamos, logo, não vou fazer um
comentário muito crítico em relação ao som, ao local, ao volume e etc... Já
estou acostumado com o clima e fico bastante empolgado mesmo! Ainda mais vendo
uma turma que mantém viva a chama do velho e bom rock’n roll (e que eu próprio
busco manter acesa na medida do possível).
A Motel Overdose abriu a noite - som repleto de contrastes dinâmicos |
A Motel Overdose abriu a noite. Imediatamente ao soar dos
primeiros acordes e riffs de guitarra já senti que vinha uma proposta
alternativa, e, com bastante sangue nas veias. E não deu outra. Riffs bem
construídos sob uma condução vocal em grupo bem coesa. O som é bastante
preenchido e a banda demonstra maturidade de quem já toca junto há alguns anos.
A proposta musical é muito legal - não consigo definir, mas senti uma
aproximação com o senso dinâmico do “Red Hot Chili Peppers” como se o “Zakk
Wylde” e o “Robin Trower” estivessem nas guitarras. A proposta é bem moderna e
vale a pena escutar o som redondo, forte e pulsante da Motel Ovedose. No que se
refere ao trabalho de guitarras, este é
muito bem feito. Um verdadeiro desfile de técnicas: ligados, hammer-ons,
bendings, slide no braço com a mão direita em simultâneo com ligados de
esquerda...o vocabulário guitarrístico é bem farto...prá qualquer guitarrista
sair satisfeito.
Vamos aos outros 2 músicos: o baixista MLeonardo é uma
personalidade à parte, com um baixo que não consegui decifrar a marca (mais
tarde me foi revelado que se tratava da marca Framus – foto abaixo encontrada
no site http://www.crazeeworld.plus.com/general/gear_ian.htm ),
mas, tanto o instrumento como o músico apresentam um som muito limpo, vintage,
grave, carregado de notas cheias. É o acompanhamento (e o personalidade) de que
a banda precisa).
Baixo da Marca Framus |
E o baterista Márcio - velho camarada das batalhas pela boa
música em Santa - cara eu não sabia que ele estava tocando tão alto. É isso aí
véio! Tem que sentar a mão! Jazz é jazz, blues é blues, MPB é MPB e ROCK É ROCK
MESMO! O fraseado da batera estava impecável. Gostei em particular do som dos
pratos, como comentei ao final do show “há muito tempo eu não ouvia o som do
instrumento direto no ouvido”.
Bem, a Nocet, o que falar da Nocet?
"Warriors of
the rock"...acho que é o melhor título para eles. Tantos anos de estrada,
3 cds. É muita batalha... E muitas modificações na formação. Agora Molina e
Fabrício contam com Sino na guitarra - o que faz a banda adentrar em um novo terreno.
A título de composição a Nocet continua pela mesma trilha - músicas elaboradas,
melodias quebradas, modulações para tons afastados, seguido a escola dos
progressivos pesados, mas, com bateria moderna...na linha Pantera e Metallica.
O som continua coeso.
Nocet - composições com modulações para tons afastados |
Marcos continua um "show man de primeira". Interpreta até mesmo artisticamente as apresentações das músicas. O som do baixo é grave e definido. O show não fica
monótono. Pelo contrário, os contrastes entre os temas despertam interesse a
ponto da plateia parar de “agitar” para ouvir quando se trata das composições
da banda.
Sino trabalha muito as texturas da guitarra. Se na Motel a guitarra
tinha uma distorção mais pesada no sustain, na Nocet a guitarra é distorcida
para outra “galáxia”. Soa bem clara, limpa, cristalina (e atenção não há nenhum
tipo de comparação entre os dois músicos nesta afirmativa, pois se trata de
estilos bem diversos).
E prá fechar o comentário sobre este mesmo tema, releitura foi exatamente o que a Nocet fez ao tocar em grande estilo a gigantescamente bela “Bad Romance” da genial Lady Gaga.
Eu, fã da Gaga, adorei – o DW do Fabrício soa perfeito no fim dos refrãos. O baixo empresta à composição o peso que a Gaga poderia ter feito para deixar o som mais “hard”. Sem batera eletrônica a estrutura da música da Lady se revela como ela é: uma bela e grande canção pop – e a Nocet só deixou mais evidente esta característica.
Prá finalizar lavei minha alma, revi os camaradas, ouvi som como há muito não ouvia e me diverti muito. A galera precisa se reunir mais vezes - e um concerto de rock honesto, visceral e pesado é a melhor coisa pra confraternizar e relembrar os velhos tempos, que, ainda bem, estão longe de terminar. Abraços para ambas as bandas que, porque sou muito suspeito, não vou dar nota, mas conceituar como honesto, pesado, forte e dinâmico – como o bom rock deve ser!
Nenhum comentário:
Postar um comentário