quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Doce Dália e Motel Overdose – Bar Taliesyn (Florianópolis) – 14.11.2011

Comentário publicado anteriormente no Facebook e revisado.


Acabo de assistir a dois shows no bar Taliesyn e estou com a alma exausta no bom sentido, ou melhor, no ótimo sentido! Como é bom ver rock de alta qualidade. As bandas foram: Doce Dália – que eu ainda não conhecia – e os meus camaradas da Motel Overdose. O ótimo bar Taliesyn mais uma vez se mostrou um espaço muito bom para os artistas que querem mostrar um trabalho alternativo.

A primeira banda foi a Doce Dália. Fiquei impressionado com a massa sonora que a banda é capaz de enviar. Formada por 2 moças (guitarra e batera) e um baixista, o punch da banda é algo fora de série! A guitarra quase crua da Carol (com apenas um overdrive/boost da NIG) empurra um som com alta qualidade (claro, bom ressaltar que ela utilizou o amplificador do guitarrista da Motel – um Fender valvulado). Mas destaco que a definição sonora até poderia ser resultante do equipamento, mas de nada adiantaria se não fosse a qualidade da musicista. Carol toca com muita nitidez e foco. Solos com grande ataque e projeção sonora, o que, na minha opinião, soa mais alto do que grande parte dos virtuoses que muitas vezes parecem tocar com “medo” da guitarra. A palhetada da guitarrista é forte, precisa e simples – e por isso tão eficiente. 
A Dália em estudio

A baterista Sara tem uma pegada que deixa muito barbado no chinelo. Desde que ouvi o Hole constatei que o rock pesado poderia, sem dúvida, contar com uma cozinha feminina, afinal, não é a testosterona que faz o peso – e sim o pulso mesmo. Sara toca com vontade e pode ser ouvida à distância. Tenho pena da bateria porque o instrumento é castigado por uma pegada fora de série. E o baixista Leandro completa a cozinha com enorme competência. Também canta – junto com Carol – e os graves de seu instrumento fecham perfeitamente com a proposta da banda. É o suporte necessário para que as duas possam alçar seu vôo, e, diferentemente das bandas onde só as estrelas brilham, Leandro junto com as moças participa do grupo em pé de igualdade.
Sara, Leandro e Carol - Power trio.

Coragem a Doce Dália teve ao interpretar a lindíssima “Ziggy Stardust” do gênio David Bowie. Melodia complicada, arranjos complexos e a pegada é necessária para que o som saia limpo. O repertório é completado por várias outras músicas com igual peso como “Cherry Bomb” das Runaways. Adorei o show – espero vê-los mais vezes.
A "Doce" (porém "venenosa") ao vivo.


A Motel Overdose então, já conhecida (e comentada por mim tanto no Facebook como por aqui mesmo – é só ver o comentário anteiror) faz um rock muito bem tocado, como já falei antes. É difícil definir de forma diferente um repertório já analisado por mim sem me repetir, mas, algumas coisas posso acrescentar: desta vez o timbre da guitarra estava mais aveludado – os graves mais presentes. O delay e o wha sempre são usados com senso de oportunidade, ou seja, na hora certa. Os Double-stops com wha dão a pegada roqueira ao tom. Em suma, como já comentei, o vocabulário do guitarrista “Batata” é muito vasto.

"Batata" - "fritando"!


O baixista MLeonardo com grande fluência e pulsação faz o som do instrumento soar muito redondo. Vale o show. As notas saem claras e musicais. Márcio o batera estava com o “demo” no corpo. Sentou o pau na bateria (aliás, o instrumento “sofreu” nessa noite. Gritou como um motor em alta aceleração. Com certeza não eram músicos de jazz que estavam ali...)! Fez valer a noite. O “Bixo” pegou (com “x” mesmo)! No final os caras detonaram os instrumentos no velho estilo The Who fazendo da performance uma catarse violenta. Muito bom mesmo! A energia brotava do palco.
A Motel ao vivo...

...e em estúdio.

Não fiquei em casa vendo o SWU, mas, agora vou ver a gravação em dvd. Não me importo nem um pouco. Ali, na cara, duas bandas com sangue para dar fez a noite valer muito mais, até mesmo pelos harmônicos naturais que passam pelo corpo de quem assiste no local do que a performance distante assistida pela TV (mesmo que no SWU as "estrelas" sejam gigantescas). Ao vivo é ao vivo! Na cara! Nota máxima – para as duas bandas!

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