Acabo de assistir a dois shows no bar Taliesyn e estou
com a alma exausta no bom sentido, ou melhor, no ótimo sentido! Como é bom ver
rock de alta qualidade. As bandas foram: Doce Dália – que eu ainda não conhecia
– e os meus camaradas da Motel Overdose. O ótimo bar Taliesyn mais uma vez se
mostrou um espaço muito bom para os artistas que querem mostrar um trabalho
alternativo.
A primeira banda foi a Doce Dália. Fiquei impressionado
com a massa sonora que a banda é capaz de enviar. Formada por 2 moças (guitarra
e batera) e um baixista, o punch da banda é algo fora de série! A guitarra
quase crua da Carol (com apenas um overdrive/boost da NIG) empurra um som com
alta qualidade (claro, bom ressaltar que ela utilizou o amplificador do
guitarrista da Motel – um Fender valvulado). Mas destaco que a definição sonora
até poderia ser resultante do equipamento, mas de nada adiantaria se não fosse
a qualidade da musicista. Carol toca com muita nitidez e foco. Solos com grande
ataque e projeção sonora, o que, na minha opinião, soa mais alto do que grande
parte dos virtuoses que muitas vezes parecem tocar com “medo” da guitarra. A
palhetada da guitarrista é forte, precisa e simples – e por isso tão
eficiente.
A Dália em estudio |
A baterista Sara tem uma
pegada que deixa muito barbado no chinelo. Desde que ouvi o Hole constatei que
o rock pesado poderia, sem dúvida, contar com uma cozinha feminina, afinal, não
é a testosterona que faz o peso – e sim o pulso mesmo. Sara toca com vontade e
pode ser ouvida à distância. Tenho pena da bateria porque o instrumento é
castigado por uma pegada fora de série. E o baixista Leandro completa a cozinha
com enorme competência. Também canta – junto com Carol – e os graves de seu
instrumento fecham perfeitamente com a proposta da banda. É o suporte
necessário para que as duas possam alçar seu vôo, e, diferentemente das bandas
onde só as estrelas brilham, Leandro junto com as moças participa do grupo em
pé de igualdade.
Sara, Leandro e Carol - Power trio. |
Coragem a Doce Dália teve ao interpretar a lindíssima “Ziggy
Stardust” do gênio David Bowie. Melodia complicada, arranjos complexos e a
pegada é necessária para que o som saia limpo. O repertório é completado por
várias outras músicas com igual peso como “Cherry Bomb” das Runaways. Adorei o
show – espero vê-los mais vezes.
A "Doce" (porém "venenosa") ao vivo. |
A Motel Overdose então, já conhecida (e comentada por mim
tanto no Facebook como por aqui mesmo – é só ver o comentário anteiror) faz um
rock muito bem tocado, como já falei antes. É difícil definir de forma
diferente um repertório já analisado por mim sem me repetir, mas, algumas
coisas posso acrescentar: desta vez o timbre da guitarra estava mais aveludado – os graves
mais presentes. O delay e o wha sempre são usados com senso de oportunidade, ou
seja, na hora certa. Os Double-stops com wha dão a pegada roqueira ao tom. Em
suma, como já comentei, o vocabulário do guitarrista “Batata” é muito vasto.
"Batata" - "fritando"! |
O
baixista MLeonardo com grande fluência e pulsação faz o som do instrumento soar muito
redondo. Vale o show. As notas saem claras e musicais. Márcio o batera estava
com o “demo” no corpo. Sentou o pau na bateria (aliás, o instrumento “sofreu”
nessa noite. Gritou como um motor em alta aceleração. Com certeza não eram músicos
de jazz que estavam ali...)! Fez valer a noite. O “Bixo” pegou (com “x” mesmo)!
No final os caras detonaram os instrumentos no velho estilo The Who fazendo da
performance uma catarse violenta. Muito bom mesmo! A energia brotava do palco.
A Motel ao vivo... |
...e em estúdio. |
Não fiquei em casa vendo o SWU, mas, agora vou ver a
gravação em dvd. Não me importo nem um pouco. Ali, na cara, duas bandas com
sangue para dar fez a noite valer muito mais, até mesmo pelos harmônicos
naturais que passam pelo corpo de quem assiste no local do que a performance
distante assistida pela TV (mesmo que no SWU as "estrelas" sejam gigantescas). Ao
vivo é ao vivo! Na cara! Nota máxima – para as duas bandas!
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