Já sei que meu comentário vai
causar polêmica tanto quanto qualquer refilmagem de um clássico, mas, tenho que
afirmar: o novo Evil Dead – A Morte do Demônio é espetacular!!! Mesmo! Brutal,
forte, violentíssimo e um dos mais perfeitos filmes de Terror (com “T” “zão”
mesmo – e está valendo o trocadilho) de, sei lá, pelo menos uma década...
A direção do Uruguaio Fede Alvarez
é impecável. O clima é perfeito. O Ritmo sempre em tensão crescente e os
enquadramentos fazem referências ao Evil Dead – A Morte do Demônio original.
Usa certas tomadas ao estilo Kubrick, mas, com mais radicalismo – estonteando a
plateia.
O filme é muito, mas muito mais
sério que o original. A história bem mais desenvolvida – enquadrada num roteiro
que é muito enxuto e conciso (só com uma “gordurinha”’ logo no início – que comento
ao final – junto com os spoliers) e, desta vez, os personagens têm
verossimilhança mesmo – não são superficiais como no original (e os atores são
bons mesmo!). Cada um deles assume posturas muito firmes diante das situações
que vão se sucedendo e a coisa piora, piora e piora mesmo – com vontade.
Não costumo fechar os olhos em
filme nenhum e pouquíssimos filmes me dão arrepios de dor ou náuseas (como
Irreversível), mas, neste Evil Dead – A Morte do Demônio achei que não ia
aguentar. Os personagens cortam carne com requinte e se mutilam profundamente. Alvarez
filma pausadamente para causar a maior repulsa e tontura na plateia, e, para
isso mescla grandes cenas, tanto do primeiro quanto to segundo Evil Dead – quem
conhece a série vai saber do que estou falando. Aliás, coisa que hoje em dia falta
muito em filmes de terror é deixar a plateia ver calmamente o horror acontecer.
O filme é para ser visto no Cinema – para causar o maior efeito possível,
claro, se você aguentar...
Tenho que destacar – sem contar,
claro – a perfeita cena em que o mal toma o corpo da primeira personagem. Referenciando
uma cena pesadíssima do Evil Dead original Alvarez constrói uma cena de alto
impacto e trabalho de maquiagem perfeito causando, assim, profundo incômodo no
espectador pelo ritmo que impõe.
Evil Dead – A Morte do Demônio é o
que o Massacre da Serra Elétrica deveria ter sido e não conseguiu, talvez, por
medo que a produção teve de “pisar no acelerador”. Bem, na refilmagem deste Evil
Dead a produção esteve nas mãos do próprio Sam Raimi – que concebeu o original,
e de Bruce Campbell - que foi o personagem Ash na série e, eles permitiram tudo.
Tudo mesmo, até aberrações sexuais e escatológicas.
Sim, mas com tudo isto estou
dizendo que o novo Evil Dead – A Morte do Demônio é melhor que o primeiro? Nunca!
O primeiro é um primor de inovação. As câmaras subjetivas eram mais presentes e
certas cenas do primeiro – como, por exemplo, não há a inteligentíssima batida
pulsante do banco flutuante na casa quando eles chegam, nem certos choques da câmara
com janelas e muitas outras coisas nas quais Evil Dead– A Morte do Demônio foi
muito inovador.
- O Evil Dead original é clássico e compará-lo a qualquer refilmagem é impossível. Mas, pela potência assustadora, pelo radicalismo e pela inteligência, esta refilmagem merece ir para o Hall dos grandes filmes de terror. Afinal, filho de peixe, peixinho é... e neste caso é o mostro da lagoa negra). Mais uma vez uma obra-prima – para assistir com um lenço, mas neste caso não para chorar, mas para recolher a saliva diante de tanto medo.
Apavorante do início ao fim já considero
a refilmagem de Evil Dead – A Morte do Demônio um dos grandes filmes do ano. E não
se trata de terror adolescente, mas, sim obra de arte em termos de Terror,
coisa para adultos, e com nervos fortes.
Ao final saí com a sensação de
que a equipe tentou refazer um marco na filmografia do Terror. E, caramba, eles
conseguiram! E a gente que sofra por uma hora e meia, pois, mais de que isso,
nessa intensidade, não dá para aguentar. Nota 9,5.
(Por que não dei 10,0? Vou explicar abaixo – mas tem spolilers –
quem não viu o filme ainda não leia)
ATENÇÃO - A PARTIR DAQUI - SPOILERS - SE VOCÊ NÃO VIU O FILME NÃO LEIA...
O que o novo Evil Dead – A Morte
do Demônio tem de ruim? basicamente duas coisas:
Os diálogos e as interpretações que
rolam assim que os personagens se encontram são muito estereotipados – um detalhe
que atesta o padrão Hollywood – isto enfraquece o ritmo em um momento crucial,
ou seja, logo após a abertura. Dá um pequeno sabor de “Pânico” – ainda bem que
não dura muito e o Terror começa logo!
Em segundo lugar – não entendi a
proposta de trocar de protagonista no final. Retorna uma pessoa que não deveria
estar nem fisicamente bem (para dizer a verdade deveria esta morta ou cheia de
cicatrizes, e, caso fosse recuperada todos também deveriam voltar no mesmo
estado – isto demonstra uma incoerência no roteiro), e nem deveria ser alvo de
ataques do mal, pois, foi instrumento do mesmo mal o filme inteiro o que fica
um pouco sem sentido. É como o demônio cuspir no prato em que comeu.
Fora isso o filme é perfeito e
vai me tirar o sono durante vários dias – a não ser depois que eu me acostumar
com os excessivos terror e violência da obra – e para isso tenho que assisti-lo
pelo menos mais 10 vezes...OBA!