domingo, 17 de agosto de 2014

NÃO PARE NA PISTA - de Daniel Augusto. Biografia de Paulo Coelho é um bom filme, mas a vida do Mago poderia ser retratada de forma mais cativante.

  Bem, vamos lá para outra polêmica. Está sempre na moda falar mal do Paulo Coelho. Até aí nenhuma novidade. Que é um dos escritores mais rentáveis do mundo - também não é novidade. O que pode ser novidade (e isto que vou falar não tem a menor base científica - não pesquisei) é que creio que o único lugar do mundo onde Paulo Coelho parece ser malhado e desprestigiado é aqui - coisa de brasileiro mesmo - passaram a falar mal do Santoro e da Alice Braga assim que fizeram sucesso - o próximo a levar porrada é o Wagner Moura. Mas estou pouco me lixando para a opinião dos outros - acho que as obras dele são boas de ler e tem mensagens muito legais. Ou seja, se Paulo Coelho vende em 66 línguas é porque o cara sabe escrever e se comunicar com as pessoas - e não estou falando que é um bom escritor ou que é original - leiam bem: SABE FALAR COM AS PESSOAS - eu queria ter esse dom mesmo que 3/4 do Brasil passasse a falar mal de mim (bem, minhas "críticas" nem sempre são bem recebidas...). Mas chega de lero-lero: O filme é bom, bom sim, mas somente bom. Os atores desempenham bem. O ator que faz Raul dá um show - perfeito! O filme é bem realizado, tecnicamente. Mas achei mais um amontoado de cenas da vida do Mago do que uma trajetória coerente que priorizasse o arco dramático. Ou seja, a estrutura do roteiro não me emocionou, parece que nada de espetacular acontece na vida dele - com exceção do lançamento do Alquimista. Mas, porque fiz um introdução tão grande?    Para dizer que o melhor do filme são as citações das obras de Coelho que, de fato, mesmo que soem como auto-ajuda são importantes conselhos para quem quer ter sucesso - ou seja, reclame menos, trabalhe mais ("Deus não faz nada sozinho"), vá atrás dos seus sonhos, tenha fé na vitória e não alimente pensamentos negativos que o único a se machucar é você. Enfim - gosto de tudo que li de Coelho (em especial O Alquimista e A  linda letra de Gitã) e o que tirei do filme foi o mesmo de suas obras - não importando a forma ou se ele diz fantasia ou ciência, as palavras norteadoras do sucesso estão em qualquer obra - é só se despir do preconceito e buscar o significado. Quem acredita em Deus (como eu) pode perceber que as mensagens Dele estão ali. Trabalhe e acredite e você conquista seus sonhos! Nota: 7,0





sábado, 5 de julho de 2014

ROLLERBALL - de Norman Jewison reflete a realidade atual após a lesão sofrida por Neymar. A vida imita a arte!


O Filme de hoje - e não poderia ser diferente - é ROLLERBALL - de Norman Jewison (1975). Um filmaço que qustiona os excessos nos esportes - num futuro próximo as corporações criam um tipo de esporte baseado na violência onde a brutalidade é o principal atrativo - Um jogador ao se destacar começa a ser perseguido e para eliminá-lo são cirados jogos sem penalidades e punições. (ficção?????) Grande filme dos anos 70 que previa a prioridade por lucro das corporações e a sede de violência do público. Fantasia? Ontem vimos que não! Nas cenas abaixo - o resultado da brutalidade do jogo - um atleta lesado de forma irrecuperável - mais uma vez a vida imita a arte!!!! Filmaço - nota 10,0 - e nota ZERO para nossa brutal realidade!



sexta-feira, 14 de março de 2014

VOZES INOCENTES: Drama pesado expõe ditadura em relato verídico de uma infância ausente.

Pesado, chocante, brutal, violentíssimo, poético, belíssimo, melancólico, artístico, denunciador....será que todos estes adjetivos podem coexistir em uma mesma obra? A resposta é SIM! "Vozes Inocentes". Fortíssimo e deprimente relato pelos olhos de uma criança de uma fase do período de guerra civil em Salvador. 
O filme é primorosamente realizado - o diretor mexicano Luis Mandoki dirige com maestria e com belíssimas imagens este drama do menino Chava que tem que viver com a mãe e os irmãos numa vila que fica no meio da guerra entre os rebeldes e o exército - este sequestra crianças para torná-los militares e criva o lugarejo de tiros todos os dias. 
Em plena aula, missa, almoço, janta...as balas perdidas não perdoam mulheres, crianças, inocentes...é uma situação de desespero total - e em meio a esta loucura o pequeno protagonista ainda arruma tempo para brincar com seu ônibus imaginário, namorar uma amiguinha e escutar música no rádio para escapar da violenta realidade. 

De rolar lágrimas nos olhos a todo momento (em especial na última meia-hora que me deixou arrasado) e com imagens lindíssimas e carregadas de significado "Vozes Inocentes" é um espetáculo quase documental. 


Depois de observar este exemplo de extrema barbárie humana e extasiado com a eficiente direção de Mandoki fui me informar sobre este mestre da narrativa e vi que ele tem muitos títulos com os quais me deparei nas locadoras constamentemente e nunca assisti - ou seja - é um exímio profissional com grande currículo! 

Bem, agora vou partir para ver outras obras deste espetacular cineasta - se forem como "Vozes Inocentes" tenho muita coisa pela frente - é comprar várias caixas de lenços de papel e secar as lágrimas vendo quão estpupida é a humanidade mesmo com os herois que surgem para contestar o sistema. Nota 10,0!  



WRONG: O obscuro diretor Quentin Dupieux perturba as ideias em filmaço com fotografia maravilhosa!

 Assisti "Wrong" esta semana. Quando chego numa locadora ou cinema ou zapeio pela Tv e vejo algo que não entendo, minha primeira reação é de interesse. Quando vi uma figura surrealista como na capa de "Wrong" já gostei logo de cara. Tenho amor à primeira vista por surrealismo e coisas bizarras - adoro os danos que causam na minha mente, fico apaixonado quando não entendo. Loquei "Wrong" sem piscar e me preparei para assistir. 

Adorei - depois soube que o ótimo diretor Quentin Dupieux fez outra coisa que me chamou a atenção - Rubber - a história de um Pneu assassino - pelo trailler creio que é uma crítica ao racismo (Steve McQueen depois de "12 anos de escravidão" deveria pegar aulas com Dupieux sobre como dirigir um filme de forma criativa - sem chover no molhado). 

Bem, "Wrong" é uma história bizarra de um homem que perde seu cachorro e sua jornada é tratada com diálogos muito estranhos, surrealismo, sarcasmo, crítica social e um personagem central muito, mas muito perturbado, porém perto dos outros personagens o protagonista é um primor de normalidade - seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho, jardineiro, um guru de auto-ajuda e até uma atendende de tele-marketing de uma pizaria são todos muitíssimo mais loucos. Os fatos do roteiro são imprevisíveis e estranhos e tudo isto é fotografado com primor! 
 
 Recomendo a quem é completamente louco e/ou quer - como eu  - perturbar suas ideias, afinal, permitir que um alucinado como Dupieux entre na sua cabeça é abrir a porta para a insanidade e fazer isto pode ser tudo...menos errado! Nota 9,0!





domingo, 9 de março de 2014

CARRUAGENS DE FOGO: Hugh Hudson dirige com precisão e elegância uma História de determinação, fé e princípios.


Uma das coisas mais importantes para quem busca o conhecimento é a flexibilidade. Explico: é a capacidade de rever seus conceitos e não se deixar levar por preconceitos. Porque começo este comentário desta forma? Simples, assisti "Carruagens de Fogo" na época de seu lançamento e detestei! Porém, lá no fundo eu sempre soube que com 14 anos eu não tinha "maturidade" para assistir tal filme (outro filme que pretendo ver em breve é "Conduzindo Miss Daisy"). Bem, o tempo passou, aprendi muito sobre Cinema e acabo de Rever "Carruagens de Fogo" e minha opinião mudou - e muito! 

O filme é de uma elegância fora do comum e trata das competições olímpicas de maratona como reflexo das diferenças e preconceitos sociais nas Universidades do Reino Unido. É uma história que tem a determinação dos atletas, de seus princípios e da fá que os move às conquistas. O excelente diretor Hugh Hudson (que mais tarde faria "Greystoke - a lenda de Tarzan" - outro filme que pretendo rever) tinha nas mãos material para carregar no sentimentalismo e produzir um "Rocky, um Lutador" britânico - caso não fosse o homem culto e profundo conhecedor da alma humana que é. Hudson diz ter tido ajuda do genial diretor Lindsey Anderson - que faz um dos diretores da universidade no filme. E com certeza aprendeu muito, pois, o que se vê na tela é um elenco espetacular liderado pelos dois jovens Ben Cross e Ian Charleson. 

Impecavelmente emocionante (sem ser piegas) e com fotografia, direção de arte e figurinos de impressionar o filme é belíssimo e mesmo com ritmo lento mantém a tensão até o fim! As cenas de corrida são maravilhosas - a velocidade de frames - quase todas em câmara lenta - são algumas das mais memoráveis em termos de registro de esportes no Cinema, e o uso do som - silêncios antecipando as corridas e som de torcida logo após o disparo do tiro, demonstrando a tensão e concentração dos atletas - conferem a esta obra-prima um status superior. Cinema de adultos! Coisa de gente grande. 

Enfim, mesmo sem qualquer apelação sentimentalista - apenas destacando a paixão pelas corridas, pela disputa nos atletas e sua luta pela vida numa sociedade conservadora e elitista, na qual os valores éticos são testados atá a medula - me peguei emocionadíssimo no final. Claro que o responsável por muito disto é o compositor de um dos temas musicais mais conhecidos e maravilhosos da História do Cinema - o gênio Vangelis, cuja maestria é essencial para nos transportar ao clima da época e fazer ressurgir a paixão no coração e a vontade de vencer! "Carruagens de Fogo" é genial e, conforme citado na introdução, lembra de homens com asas nos pés e com certeza leva o espectador a ter asas no coração e até mesmo na alma! Maravilhoso! Nota 10,0!


sábado, 8 de março de 2014

Kick-Ass 2: Tudo que se espera de um filme de heróis com algo a mais - Chlöe Grace Moretz!

KICK-ASS 2: Gente Kick-Ass 2 é tudo que se espera de um filme de heróis! 
Quando Kick-Ass foi lançado o conceito era impecável - pessoas comuns tentavam fazer sua vida ser melhor e ter um sentido. Porém quando se observa a mediocridade que a humanidade está hoje é totalmente compreensível que o fundamento para ser heroi ou vilão esteja na popularidade no colégio ou no número de curtidas do perfil no facebook. Fato: as pessoas estão cada vez mais superfciais - e isto se aplica a bandidos e mocinhos. E é exatamente nesta realidade que surgem heróis de verdade - os impressionantes Big-Daddy e Hit-girl - dupla admirada pelo incompetende e desajeitadão, mas com muita vontade de vencer, Kick-Ass. 
Mas afinal - isso é um comentário do primeiro ou do segundo filme? De ambos! É impossivel se identificar com os personagens que habitam este universo - uma espécie de vácuo entre o mundo real e o mundo da fantasia - sem no mínimo conhecê-los . Pois bem, Kick-Ass 2 é mais do mesmo. Lógico que não tem a mesma originalidade, nem a mesma visceralidade, mas é uma diversão perfeita para um sábado à noite que vc precisou ficar em casa respousando - exatamente o meu caso! 
O filme é genial! As cenas de ação são de babar (justiça seja feita - Cinema comercial como o Americano não existe)! A seqûência da van perto do fim é impressionante! Cinemão! Excelente! E no meio disto valores sociais são questionados (com pouca profundidade é verdade, mas quem se importa?) como a debilidade e idiotice das patricinhas, a possibilidade de comprar qualquer ser humano ("Meu superpoder é o dinheiro" - hilário!!!) e a fragilidade da polícia numa sociedade feita de supervilões-astros. 
No meio disso tudo há Aaron Taylor-Johnson (muito bom - ator que ainda fará algo de peso), Jim Carrey (quase irreconhecível) e uma das melhores coisas que Hollywood tem hoje: Chlöe Grace Moretz - não tenho como usar outra definição do que a que crítica Isabela Boscov utilizou: "Um Arraso". Chlöe é perfeita! Carismática ao extremo e atriz que dá credibilidade à Hit-Girl fazendo uma das heroinas mais críveis da história. Realmente impressionante. 
E o filme em geral? Muito bom, para cutir com o senso crítico desligado e comendo um cheeseburger com guaraná, ou pipoca e coca-cola, ou qualquer outa combinação que se quiser, afinal, como afirma o filme, o que interessa é, de fato, descobrirmos quem somos! Muito Bom! Nota 8,5!





sábado, 1 de março de 2014

"Os Esquecidos" e "Camelos Também Choram" em dois filmes diametralmente opostos a sociedade é questionada na forma como trata os animais e os semlhantes.

OS ESQUECIDOS - de Luiz Bunuel; CAMELOS TAMBÉM CHORAM - de Bayambasuren Davaa e Luigi Farloni;

Gente - acredito ne Destino sim! Pelo menos creio que (como o Mar, o Universo de vez em quando faz ondas coincidirem e/ou convergirem). Por que estou dizendo isso? Acho que é a primeira vez por aqui que comento dois filmes no mesmo espaço, mas, parece que as forças do Destino me fizeram assistir a essas duas obras-primas no mesmo dia e seguidas uma da outra. E as escolhi aleatoriamente na biblioteca da UNISUL.

Os dois filmes têm núcleo similar - abordam a sociedade - mas de dois pontos de vista diametralmente opostos. Vamos aos filmes. Os Esquecidos é o retrato de uma sociedade desestruturada, famílias separadas, crianças abandonadas, assassinatos a troco de nada, maus-tratos a velhos e a deficientes. A maldade impera neste libelo do mestre Buñuel. A sociedade mexicana retratada está na miséria, pobreza e a única esperança de brotar o bem se encontra sufocada pelo meio em que vive. Até os animais são vítimas da frustração dos humanos que chegam ao extremo de pais terem ódio dos filhos. 

Filme muito forte e pesado - de trazer mal-estar profundo em quem se comove de ver crueldade (que é o meu caso). A crítica do mestre espanhol é afiada e o filme apesar de seu conteúdo é espetacular. 

Espetacular também é Camelos Também Choram - porém aqui a abordagem é outra - e exatamente pelo oposto em que se encontram os filmes parecem antagônicos. Neste excelente documentário a comunidade (a história se passa na Mongólia) mostrada é perfeitamente equilibrada, as crianças são bem tratadas (mesmo em alguns momentos que sejam amarradas pela cintura, mas o filme deixa claro que os pais o fazem por preocupação e não punição).  A aldeia demonstra religiosidade, e, acima de tudo respeito e amor pelas animais que os cercam. 

Nesta sociedade ideal uma mãe camelo tende a abandonar o filhote o que causa uma revolução em todos que tudo fazem para que esta desarmonia social deja corrigida. E as técnicas são de uma beleza comovente. Falar mais é revelar o que o filme tem de mais belo. Totalmente oposto ao universo caótico de Buñuel o filme é um hino de Amor (não há sequer uma cena em que uma criança nem animal sofra punição ou maus tratos) aos semelhantes e à todas as criaturas vivas no planeta. Lindo mesmo - a cena em que a mãe põe a criança para dormir enquanto canta é de deixar qualquer um com grande quantidade de Amor no coração. Os afagos que os personagens fazem nos animais...tudo é lindo neste filme. 

Estabelecendo um paralelo entre os filmes chego à conclusao de que a "cura" da nossa sociedade atual é ter amor pelas crianças, ensinar para as novas gerações  o respeito e o amor aos animais e abdicar um pouco do luxo, voltando a nos considerarmos uma grande família. Deixar na mão do Estado esta função não deu certo. O segredo está em casa, na terra, na água, nas plantas, nos animais e, principalmente no trato com o semelhante. Ambos os filmes ganham nota 10,0! Filmes como estes são uma das razões pelas quais amo tanto a Arte de fazer Cinema! Esta é nossa função social como criadores! E que a humanidade evolua. Espero que o Destino queira assim!




domingo, 23 de fevereiro de 2014

ROBOCOP: José Padilha ensina Hollywood como fazer um filme de ação com personagens reais e conteúdo!


Lembro que fui um dos primeiros que contestou bastante essa refilmagem - falei direto que não ia gostar - e que o Robocop original era insuperável. Eu jamais aceitaria um Robocop "digital" com efeitos em computação! O único ponto positivo - José Padilha - que considero um Grande diretor! Mesmo!
Bem, fui ver a nova versão e...............gente Robocop é excelente!!! (o comentário será reduzido para evitar spoilers) Começa parecido com o primeiro, mas conforme o filme rola a história se revela bem mais profunda! A política é mais trabalhada na história e, se no primeiro a corrupção já é um elemento da realidade logo de cara, aqui ela se agrava em decorrência da decisões políticas dos personagens no roteiro (que aliás é muito bem escrito - e menos preso à forma tradicional do que o primeiro!).
Na nova versão os personagens são bem mais reais, os atores são excelentes (tá...é difícil superar a bandidagem do primeiro – são ótimos) mas as personagens são bem mais tridimensionais e pasmem: até Michael Keaton entrega uma atuação ótima (só em alguns momentos ele “Jimcarreya” - novo verbo)! Gary Oldman está perfeito e o novo Murphy - Joel Kinneman está muito bem!
O que mais me chamou a atenção é o foco do roteiro na pesquisa científica do novo Robocop - os estudos da equipe são bem profundos e a psique do robô é trabalhada mais a fundo!
Padilha dá um banho no Cinema americano! Foi para lá jogar o jogo deles, nas regras deles, no campinho deles e com a bola deles - e mostrou como fazer Cinema - com conteúdo - coisa esquecida desde o final dos anos 70! Se o necessário para melhorar uma máquina é colocar um ser humano lá dentro - então tá - o nosso Brasileiro entrou na máquina assumiu o controle! A estrutura os estúdios têm - a direção do Padilha só melhorou! 
O Robocop de 87 pode ser insuperável. Faz parte da época. Mas o novo é mais real, e mais humano. Diferentemente das "idiotices" que tenho visto - como "O Ataque" de Roland Emmerich, Duros de Matar e essas porcarias como Red - Aposentados e perigosos e Mercenários, a direção de Padilha se destaca pela inteligência.  Padilha é como Aristóteles numa colônia de cupins. Se o  brasileiro bateu de igual para igual com os de lá - mesmo o Robocop original tendo sido uma obra-prima de filmes de ação - pra mim é vitória nossa! 2 X 1 pra nós! Adorei. O novo Robocop só não ganha 10,0 porque ainda tem ideologia imperialista envolvida - mesmo que Padilha a mostre de forma tão debochada! Nota 9,0! Genial!     


 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Trapaça: Amy Adams brilha junto com elenco primoroso em excelente filme estilo anos 70!

TRAPAÇA: Merece todos os Oscar a que está indicado - e não será injusto se levar cada um deles. Taquicardia, excitação, euforia, tensão, espanto e outros  estados espirituais! Não, não são os carismáticos, multidimensionais e verossímeis personagens do genial "Trapaça" - apesar dos estados acima se aplicarem totalmente ao espetacular elenco do filme. Eles se referem a este que vos escreve! Foi desta forma que saí do filme: tenso, eufórico e etc...! Se o "Lobo de Wall Street" era Scorsese até o osso, "Trapaça" vai até a alma referenciando filmes e diretores da década de 70, mas, repaginados e com a extrema competência na direção de David O. Russel. As imagens são excelentes. A montagem é primorosa e o roteiro gira tanto que dá vontade de ter um controle remoto no cinema para dar uma pausa para respirar de vez em quando.

Tudo é impecável, mas, o grande valor do filme mesmo é o elenco! Todos geniais. Christian Bale dá um banho como um golpista sério, profissional, cauteloso, mas por dentro um grande ser humano - capaz de honrar compromissos familiares e de se apaixonar profundamente. Bradley Cooper é perfeito como o agente egocêntrico e completamente desesperado infantil e inconsequente.  Jennifer Lawrence ...ora É Jennifer Lawrence! Perfeita como sempre, sua personagem tem diálogos de chorar de rir - acredita nas besteiras que diz... E tem uma participação não creditada que não posso revelar quem é - mas é perfeita! 

Porém, Justiça seja feita! A Grande Estrela do filme (com letras maiúsculas mesmo) é a impecável Amy Adams. Uma das grandes Atrizes da atualidade (provavelmente a melhor). Ela pode, deve, merece e VAI ganhar o Oscar. A força nos olhos da atriz é brutal. Quando acusa é muito intensa. Quando chora seus olhos murcham. Quando se apaixona, brilha. Mas em TODAS as cenas (Todas mesmo) em que ela está no quadro há ALMA dentro dela. Há vida lá dentro. Creio que não vejo um entrega tão intensa desde que Naomi Watts fez "21 Gramas". Ela é a luz do filme. Uma cena no toliette com Jennifer Lawrence coloca duas das maiores atrizes da atualidade a contracenar e é absolutamente histórica! Perdi o fôlego várias vezes com a intensidade de Adams e não bastando isto ela ainda esta linda! Perfeita, o que a faz mais bela ainda porque se trata de uma mulher REAL, sem photoshop. apaixonante, sedutora sem ser vulgar, enfim, ela é "A" Atriz do ano - merece a estatueta e acreditem - tem que ser vista na tela grande. 

Aliás, a fotografia do filme é tão perfeitamente "anos 70" que o lugar deste filme é no cinema! Depois de processarem digitalmente em Blu-Ray vai perder a autenticidade. Ufa! Falei bastante mas pretendo não ter entregado nenhum spolier. Corram para o cinema. Um espetáculo desses tem que ser visto sem interromper, pois, piscou perdeu muita coisa da história. Depois de "Boogie Nights" e "Pulp Fiction", mais um exemplar de como é bom se fazer, hoje em dia, cinema de antigamente, que, mesmo com excesso de maquiagem, caras, bocas e roupas não é possível ofuscar o que um ator de verdade tem - intensidade! Nota 10.000,0 (ops, perdão.... me empolguei) retificando: Nota 10,0 (claro) e vamos comemorar cada Oscar que "Trapaça" faturar! Filme assim não se vê todo dia!   

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Highlander - Ótimo filme de aventura dos anos 80 é um excelente workshop de técnica cinematográfica

HIGHLANDER - O GUERREIRO IMORTAL: Assim que terminei de assistir "Nosso Amor de Ontem" fiz um pequeno lanchinho e iniciei uma nova sessão - assistir HIGHLANDER - O GUERREIRO IMORTAL. Pérola dos anos 80 com Chistopher Lambert, músicas do Queen, e direção do genial diretor australiano Russell Mulcahy (responsável por clips de Duran Duran, Kim Carnes e do próprio Queen - entre outros). 

Em plenos anos 80 (por volta de 1985) uma revolução aconteceu na minha vida (e de todos que curtiam Cinema e TV) O vídeo-Cassete entrou definitivamente nas casas. Logo as locadoras estavam cheias de filmes (na época - muitos piratas) e a revista Set começou a ser editada. Consequentemente comecei a entender mais de cinema e não só ser um espectador que tentava descobrir os segredos da sétima arte! 

Porque estou falando isto? Ora, meu diretor favorito (claro - fora Kubrick, Coppola e Scorsese) na época da minha "descoberta da técnica" foi Mulcahy - Assisti várias vezes o hoje raríssimo "Razorback - Garras do Terror" e depois "Highlander" e fiquei alucinado com as imagens que o cara produzia: iluminação com lâmpadas par (estilo show de rock), travellings aéreos, água caindo, fog, contraluz...e uma montagem espetacular. Recomendo a quem quer se iniciar na estética do Cinema a estudar Highlander e, se puder, Razorback - dois workshops de técnica muito didáticos, afinal, todas a virtuose é justificável (as faíscas saem porque houve de fato um curto-circuito, a água cai porque uma caixa dágua foi atingida...) nada está apenas visualmente no local, são consequências lógicas do ambiente. 

Bem, mais algumas palavras sobre o filme: os atores são sofríveis - fora Sean Connery e o genial vilão Clancy Brow (magnífico), Lambert está horroroso e Roxanne Hart e os policiais são terríveis - totalmente sessão-da-tarde. As cenas medievais são exageradas e sinfônicas demais. Erros brutais de estética (ora, num duelo em plena França da época romântica a música é um cravo barroco com contraponto estilo renascentista!?!). 

Mas tudo bem - desligamos o senso crítico e aproveitamos esta maravilha em termos de aventura com ritmo impecável e efeitos especiais de primeira (lembrem - anos 80 - a cena que Campanella fez num jogo em "O Segredo de Seus Olhos" com computação gráfica Mulcahy já tinha feito aqui na abertura do filme sem efeitos digitais...). E a cena mais linda do filme é o romance central de McLeod e Heather ao som da linda "Who Wants to Live Forever" do Queen - de rolar lágrimas! Lágrimas de bárbaro - de macho - bem ao estilo Conan (e muito honestas). 

Uma perfeição de acordo com a época. Saudades dos anos 80 - de Flashdance a Hellraiser - iluminação de show de rock e montagem de videoclips - estética abandonada hoje em função do neo-neo-realismo. Mas com charme irresistível! Para ver e rever de tempos em tempos - e quem viveu que se emocione, pois, as coisas tem que acabar - afinal quem quer viver para sempre? Mas uma espiadinha no passado é sempre bem-vinda! Nota 8,0! (ah - e em termos de técnica de roteiro é excelente)





Nosso Amor de Ontem - Belíssimo drama de amor reflete o Macarthismo com direção impecável de Sydney Pollak e intrepretações ótimas de Redford e Streisand




NOSSO AMOR DE ONTEM: Pronto galera! Mais uma lacuna na minha cultura cinematográfica foi preenchida. Até hoje eu não havia assistido "Nosso Amor de Ontem" de Sydney Pollak e com Robert Redford e Barbara Streisand. O que dizer de um filme da época que mais gosto do Cinema americano (anos 70)? Todo aquele clima, paixões, movimentos estudantis, consciência política (e a história se passa em pleno Macarthismo), a estética da época...simplesmente apaixonante. 

Como não se deixar levar pela linda paixão do casal que mesmo sendo extremos opostos busca aproximação por meio do amor. A química entre Refdord e Streisand (ambos no auge de suas interpretações) funciona muito. O elenco de apoio é maravilhoso (James Woods está genial). E a direção de Pollak não só é tecnicamente perfeita como em termos de ritmo e da condução das cenas é de tirar o chapéu! 

As vidas do universitário-oficial da Marinha (Redford) e da militante anti-fascismo (Streisand) se cruzam se chocam entre a leveza e ao mesmo tempo razão dele que se opõem à fúria e infelixibilidade de princípios dela. Esse fogo, essa tormenta, esse furação que comanda os dois perturba a vida de todos até o final (que não vou contar mesmo! tem que assistir). Filme de Amor sério, com "A" maiúsculo e de grande significação social, "Nosso Amor de Ontem" é um primor em termos de cinema dos anos 70 - década que foi marcado por obras-primas como "Um Estranho No Ninho", "Todos os Homens do Presidente", "Um dia de cão" e muitas outras pérolas do cinema americano! 

Com imenso prazer me transportei de novo para minha década favorita e me deliciei com as belíssimas cenas do filme - em especial quando a personagem de Streisand (indicada ao Oscar) dorme com seu amado bêbado e chora percebendo que ele não sabe em que cama está - e a genial cena da discussão após uma agressao sofrida por Redford num protesto. Maravilhoso - e ainda conta com a lindíssima música-título (conhecidíssima) vencedora do Oscar.  Belíssimo! Cinema da melhor qualidade! Nota 9,0! (perde um pouquinho o ritmo no meio)


sábado, 1 de fevereiro de 2014

Álbum de Família: Elenco excelente em história que remove as cores das lembranças passadas.

ÁLBUM DE FAMÍLIA: Ok, "Álbum de Família" está concorrendo a alguns Oscar (Atriz - Meryl Streep e Atriz Coadjuvante - Julia Roberts). Ok, fui assistir. Ok, não estava com a menor vontade de ver um filme que (eu achava que) trata de "probleminhas familiares" com um elenco escolhido a dedo e que possivelmente iam encenar um "filmezinho aguinha com açúcar" sobre "probleminhas comuns" (estilo revistinhas "Bianca" e afins - ou seja Pulp fiction românticas)! Novelão enfim! 

E sabe o que houve? Fiquei apavorado com a densidade do filme! Não é nada do que eu esperava - problemas sérios, gravíssimos, pesados e personagens mais do que tridimensionais - complexos e carregados de verossimilhança. Ao iniciar a projeção eu estava um verdadeiro "Aborrescente" - com aquela famosa "cara de tédio". Mas, aí, entra em cena a Sra. Meryl Streep - e a coisa mudou. 

Percebi que o filme ia pesar (sem spolilers né gente?), mas, mesmo assim, imaginei que ia seguir o padrão Hollywood - melodrama carregado de compaixão. Mais uma vez me enganei - a depressão se instala a cada cena. Fortíssimo retrato de uma família com sérios problemas. 

O elenco é excelente - Meryl Streep (como sempre) dá um show. Chris Cooper é impressionante. A veterana e espetacular Margo Martingale é maravilhosa (tenho acompanhado esta excelente atriz desde "Paris te Amo" onde ela protagoniza a história mais linda). Adorei Juliette Lewis e até Julia Roberts (que confesso que não sou nenhum fã dela - salvo "O Casamento do Meu Melhor Amigo") está muito bem - MESMO! Julianne Nicholson me surpreendeu (é dela uma das mais belas cenas do filme - em que dirige o carro emocionadíssima - e isto não é um spolier - a complexidade é grande). Só achei fracos: Ewan McGregor, Dermot Mulroney, Benedict Cumberbatch e Abigail Breslin - pois seus personagens não têm grande evidência (posso ter me enganado neste comentário - mas vamos ver o filme mais uma vez...).

O que eu não sabia (passou despercebido) é que se tratava de uma adaptação de uma peça de teatro - mas pude perceber pela movimentação cênica de Meryl Streep que era de fato Teatro filmado (em especial uma das últimas cenas onde ela senta numa escada - percebemos a posição de teatro na sua colocação espacial). 

Maravilhosamente dirigido por John Wells (que eu desconhecia) é uma obra de arte que pode enganar pelo título, afinal, álbuns de família são geralmente formados de boas lembranças. Aqui não! Se esta foto fosse constar em um álbum, este deveria ser trancado e esquecido, pois, remoer o passado pode ser uma experiência traumática, o que tiraria as cores das lembranças, exatamente como as cores do filme - pesadas, pardas e tristes - refletindo a dor e angústia daquelas almas. Nota 10,0! 



 

domingo, 26 de janeiro de 2014

Touro Indomável. Triste realidade de mais um dos incapazes personagens da filmografia de Martin Scorsese.

TOURO INDOMÁVEL: Acabo de assistir "Touro Indomável" de Martin Scorsese agora mesmo. Há menos de 10 minutos terminaram os créditos finais. Estou com uma sensação estranha. Um misto de desgosto, pena e melancolia. Jake LaMotta - espetacularmente interpretado por Robert De Niro - na maior parte do filme é detestável, arrogante, grosseiro, um verdadeiro ser humano incapaz de resolver as coisas sem que seja na porrada. Um Touro Mesmo - e muito indomável - aliás como muitos que vemos por aí (alguns atualmente flagrados em torcidas desportivas). 

Um talento extraordinário no Boxe, mas uma criatura humana primitiva, dominado pelas suas emoções e totalmente infantil. Um obtuso. 

O filme é extremamente bem-feito pelo genial Scorsese. O Preto-e-branco ressalta a miséria do personagem (mesmo que financeiramente esteja bem). Assisti na época do lançamento no Cinema e só agora consegui rever. me lembro de uma reportagem na qual Scorsese dizia ter feito seu filme sem cores para evitar que tempo deteriorasse as cores da fotografia. Não sei até que ponto isto era verdade, mas creio que uma explicação plausível seria de que o Touro não enxerga as cores do mundo - ainda mais um indomável. 

Mas porque meu misto de desgosto, pena e melancolia? Explico: por ver nos personagens dos filmes de Scorsese uma incapacidade de lidar com o sucesso. Assim é em Taxi Driver (onde o simples motorista não consegue administrar seu "sucesso" - a conquista da mulher que amava), Em Cassino a destruição e degradação tanto do personagem de De Niro como de Sharon Stone, e, mais recentemente em O Lobo de Wall Street. 


O universo de Scorsese é repleto de gênios, incompetentes, almas talentosas e incapazes de enfrentar seus próprios demônios, escravos do prazer e da sua ira que, no seu próprio descontrole botam seu mundo a perder e de todos ao seu redor. "Touro Indomável" é espetacular - as cenas de ringue são de uma brutalidade ímpar, o elenco é impecável - mas de todos os filmes de Scorsese é o que mais me deixou "prá baixo" - a indignidade das surras na esposa, no irmão e em si próprio ao ser confinado na prisão são de cortar o coração - ainda mais quando ele afirma: "Não sou tão ruim..."  - talvez não seja mesmo - como todos os personagens da cinematografia do genial Diretor - é somente indomável - o suficiente para destruir sua vida! Nota 9,0! Deprimente!