sexta-feira, 14 de março de 2014

VOZES INOCENTES: Drama pesado expõe ditadura em relato verídico de uma infância ausente.

Pesado, chocante, brutal, violentíssimo, poético, belíssimo, melancólico, artístico, denunciador....será que todos estes adjetivos podem coexistir em uma mesma obra? A resposta é SIM! "Vozes Inocentes". Fortíssimo e deprimente relato pelos olhos de uma criança de uma fase do período de guerra civil em Salvador. 
O filme é primorosamente realizado - o diretor mexicano Luis Mandoki dirige com maestria e com belíssimas imagens este drama do menino Chava que tem que viver com a mãe e os irmãos numa vila que fica no meio da guerra entre os rebeldes e o exército - este sequestra crianças para torná-los militares e criva o lugarejo de tiros todos os dias. 
Em plena aula, missa, almoço, janta...as balas perdidas não perdoam mulheres, crianças, inocentes...é uma situação de desespero total - e em meio a esta loucura o pequeno protagonista ainda arruma tempo para brincar com seu ônibus imaginário, namorar uma amiguinha e escutar música no rádio para escapar da violenta realidade. 

De rolar lágrimas nos olhos a todo momento (em especial na última meia-hora que me deixou arrasado) e com imagens lindíssimas e carregadas de significado "Vozes Inocentes" é um espetáculo quase documental. 


Depois de observar este exemplo de extrema barbárie humana e extasiado com a eficiente direção de Mandoki fui me informar sobre este mestre da narrativa e vi que ele tem muitos títulos com os quais me deparei nas locadoras constamentemente e nunca assisti - ou seja - é um exímio profissional com grande currículo! 

Bem, agora vou partir para ver outras obras deste espetacular cineasta - se forem como "Vozes Inocentes" tenho muita coisa pela frente - é comprar várias caixas de lenços de papel e secar as lágrimas vendo quão estpupida é a humanidade mesmo com os herois que surgem para contestar o sistema. Nota 10,0!  



WRONG: O obscuro diretor Quentin Dupieux perturba as ideias em filmaço com fotografia maravilhosa!

 Assisti "Wrong" esta semana. Quando chego numa locadora ou cinema ou zapeio pela Tv e vejo algo que não entendo, minha primeira reação é de interesse. Quando vi uma figura surrealista como na capa de "Wrong" já gostei logo de cara. Tenho amor à primeira vista por surrealismo e coisas bizarras - adoro os danos que causam na minha mente, fico apaixonado quando não entendo. Loquei "Wrong" sem piscar e me preparei para assistir. 

Adorei - depois soube que o ótimo diretor Quentin Dupieux fez outra coisa que me chamou a atenção - Rubber - a história de um Pneu assassino - pelo trailler creio que é uma crítica ao racismo (Steve McQueen depois de "12 anos de escravidão" deveria pegar aulas com Dupieux sobre como dirigir um filme de forma criativa - sem chover no molhado). 

Bem, "Wrong" é uma história bizarra de um homem que perde seu cachorro e sua jornada é tratada com diálogos muito estranhos, surrealismo, sarcasmo, crítica social e um personagem central muito, mas muito perturbado, porém perto dos outros personagens o protagonista é um primor de normalidade - seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho, jardineiro, um guru de auto-ajuda e até uma atendende de tele-marketing de uma pizaria são todos muitíssimo mais loucos. Os fatos do roteiro são imprevisíveis e estranhos e tudo isto é fotografado com primor! 
 
 Recomendo a quem é completamente louco e/ou quer - como eu  - perturbar suas ideias, afinal, permitir que um alucinado como Dupieux entre na sua cabeça é abrir a porta para a insanidade e fazer isto pode ser tudo...menos errado! Nota 9,0!





domingo, 9 de março de 2014

CARRUAGENS DE FOGO: Hugh Hudson dirige com precisão e elegância uma História de determinação, fé e princípios.


Uma das coisas mais importantes para quem busca o conhecimento é a flexibilidade. Explico: é a capacidade de rever seus conceitos e não se deixar levar por preconceitos. Porque começo este comentário desta forma? Simples, assisti "Carruagens de Fogo" na época de seu lançamento e detestei! Porém, lá no fundo eu sempre soube que com 14 anos eu não tinha "maturidade" para assistir tal filme (outro filme que pretendo ver em breve é "Conduzindo Miss Daisy"). Bem, o tempo passou, aprendi muito sobre Cinema e acabo de Rever "Carruagens de Fogo" e minha opinião mudou - e muito! 

O filme é de uma elegância fora do comum e trata das competições olímpicas de maratona como reflexo das diferenças e preconceitos sociais nas Universidades do Reino Unido. É uma história que tem a determinação dos atletas, de seus princípios e da fá que os move às conquistas. O excelente diretor Hugh Hudson (que mais tarde faria "Greystoke - a lenda de Tarzan" - outro filme que pretendo rever) tinha nas mãos material para carregar no sentimentalismo e produzir um "Rocky, um Lutador" britânico - caso não fosse o homem culto e profundo conhecedor da alma humana que é. Hudson diz ter tido ajuda do genial diretor Lindsey Anderson - que faz um dos diretores da universidade no filme. E com certeza aprendeu muito, pois, o que se vê na tela é um elenco espetacular liderado pelos dois jovens Ben Cross e Ian Charleson. 

Impecavelmente emocionante (sem ser piegas) e com fotografia, direção de arte e figurinos de impressionar o filme é belíssimo e mesmo com ritmo lento mantém a tensão até o fim! As cenas de corrida são maravilhosas - a velocidade de frames - quase todas em câmara lenta - são algumas das mais memoráveis em termos de registro de esportes no Cinema, e o uso do som - silêncios antecipando as corridas e som de torcida logo após o disparo do tiro, demonstrando a tensão e concentração dos atletas - conferem a esta obra-prima um status superior. Cinema de adultos! Coisa de gente grande. 

Enfim, mesmo sem qualquer apelação sentimentalista - apenas destacando a paixão pelas corridas, pela disputa nos atletas e sua luta pela vida numa sociedade conservadora e elitista, na qual os valores éticos são testados atá a medula - me peguei emocionadíssimo no final. Claro que o responsável por muito disto é o compositor de um dos temas musicais mais conhecidos e maravilhosos da História do Cinema - o gênio Vangelis, cuja maestria é essencial para nos transportar ao clima da época e fazer ressurgir a paixão no coração e a vontade de vencer! "Carruagens de Fogo" é genial e, conforme citado na introdução, lembra de homens com asas nos pés e com certeza leva o espectador a ter asas no coração e até mesmo na alma! Maravilhoso! Nota 10,0!


sábado, 8 de março de 2014

Kick-Ass 2: Tudo que se espera de um filme de heróis com algo a mais - Chlöe Grace Moretz!

KICK-ASS 2: Gente Kick-Ass 2 é tudo que se espera de um filme de heróis! 
Quando Kick-Ass foi lançado o conceito era impecável - pessoas comuns tentavam fazer sua vida ser melhor e ter um sentido. Porém quando se observa a mediocridade que a humanidade está hoje é totalmente compreensível que o fundamento para ser heroi ou vilão esteja na popularidade no colégio ou no número de curtidas do perfil no facebook. Fato: as pessoas estão cada vez mais superfciais - e isto se aplica a bandidos e mocinhos. E é exatamente nesta realidade que surgem heróis de verdade - os impressionantes Big-Daddy e Hit-girl - dupla admirada pelo incompetende e desajeitadão, mas com muita vontade de vencer, Kick-Ass. 
Mas afinal - isso é um comentário do primeiro ou do segundo filme? De ambos! É impossivel se identificar com os personagens que habitam este universo - uma espécie de vácuo entre o mundo real e o mundo da fantasia - sem no mínimo conhecê-los . Pois bem, Kick-Ass 2 é mais do mesmo. Lógico que não tem a mesma originalidade, nem a mesma visceralidade, mas é uma diversão perfeita para um sábado à noite que vc precisou ficar em casa respousando - exatamente o meu caso! 
O filme é genial! As cenas de ação são de babar (justiça seja feita - Cinema comercial como o Americano não existe)! A seqûência da van perto do fim é impressionante! Cinemão! Excelente! E no meio disto valores sociais são questionados (com pouca profundidade é verdade, mas quem se importa?) como a debilidade e idiotice das patricinhas, a possibilidade de comprar qualquer ser humano ("Meu superpoder é o dinheiro" - hilário!!!) e a fragilidade da polícia numa sociedade feita de supervilões-astros. 
No meio disso tudo há Aaron Taylor-Johnson (muito bom - ator que ainda fará algo de peso), Jim Carrey (quase irreconhecível) e uma das melhores coisas que Hollywood tem hoje: Chlöe Grace Moretz - não tenho como usar outra definição do que a que crítica Isabela Boscov utilizou: "Um Arraso". Chlöe é perfeita! Carismática ao extremo e atriz que dá credibilidade à Hit-Girl fazendo uma das heroinas mais críveis da história. Realmente impressionante. 
E o filme em geral? Muito bom, para cutir com o senso crítico desligado e comendo um cheeseburger com guaraná, ou pipoca e coca-cola, ou qualquer outa combinação que se quiser, afinal, como afirma o filme, o que interessa é, de fato, descobrirmos quem somos! Muito Bom! Nota 8,5!





sábado, 1 de março de 2014

"Os Esquecidos" e "Camelos Também Choram" em dois filmes diametralmente opostos a sociedade é questionada na forma como trata os animais e os semlhantes.

OS ESQUECIDOS - de Luiz Bunuel; CAMELOS TAMBÉM CHORAM - de Bayambasuren Davaa e Luigi Farloni;

Gente - acredito ne Destino sim! Pelo menos creio que (como o Mar, o Universo de vez em quando faz ondas coincidirem e/ou convergirem). Por que estou dizendo isso? Acho que é a primeira vez por aqui que comento dois filmes no mesmo espaço, mas, parece que as forças do Destino me fizeram assistir a essas duas obras-primas no mesmo dia e seguidas uma da outra. E as escolhi aleatoriamente na biblioteca da UNISUL.

Os dois filmes têm núcleo similar - abordam a sociedade - mas de dois pontos de vista diametralmente opostos. Vamos aos filmes. Os Esquecidos é o retrato de uma sociedade desestruturada, famílias separadas, crianças abandonadas, assassinatos a troco de nada, maus-tratos a velhos e a deficientes. A maldade impera neste libelo do mestre Buñuel. A sociedade mexicana retratada está na miséria, pobreza e a única esperança de brotar o bem se encontra sufocada pelo meio em que vive. Até os animais são vítimas da frustração dos humanos que chegam ao extremo de pais terem ódio dos filhos. 

Filme muito forte e pesado - de trazer mal-estar profundo em quem se comove de ver crueldade (que é o meu caso). A crítica do mestre espanhol é afiada e o filme apesar de seu conteúdo é espetacular. 

Espetacular também é Camelos Também Choram - porém aqui a abordagem é outra - e exatamente pelo oposto em que se encontram os filmes parecem antagônicos. Neste excelente documentário a comunidade (a história se passa na Mongólia) mostrada é perfeitamente equilibrada, as crianças são bem tratadas (mesmo em alguns momentos que sejam amarradas pela cintura, mas o filme deixa claro que os pais o fazem por preocupação e não punição).  A aldeia demonstra religiosidade, e, acima de tudo respeito e amor pelas animais que os cercam. 

Nesta sociedade ideal uma mãe camelo tende a abandonar o filhote o que causa uma revolução em todos que tudo fazem para que esta desarmonia social deja corrigida. E as técnicas são de uma beleza comovente. Falar mais é revelar o que o filme tem de mais belo. Totalmente oposto ao universo caótico de Buñuel o filme é um hino de Amor (não há sequer uma cena em que uma criança nem animal sofra punição ou maus tratos) aos semelhantes e à todas as criaturas vivas no planeta. Lindo mesmo - a cena em que a mãe põe a criança para dormir enquanto canta é de deixar qualquer um com grande quantidade de Amor no coração. Os afagos que os personagens fazem nos animais...tudo é lindo neste filme. 

Estabelecendo um paralelo entre os filmes chego à conclusao de que a "cura" da nossa sociedade atual é ter amor pelas crianças, ensinar para as novas gerações  o respeito e o amor aos animais e abdicar um pouco do luxo, voltando a nos considerarmos uma grande família. Deixar na mão do Estado esta função não deu certo. O segredo está em casa, na terra, na água, nas plantas, nos animais e, principalmente no trato com o semelhante. Ambos os filmes ganham nota 10,0! Filmes como estes são uma das razões pelas quais amo tanto a Arte de fazer Cinema! Esta é nossa função social como criadores! E que a humanidade evolua. Espero que o Destino queira assim!