sábado, 31 de dezembro de 2011

Grandes amigos que curtem minhas ideias e comnetários, desejo a todos um FELIZ 2012!
O blog ficou algumas semanas sem atualizações devido à correria do fim de ano, mas, em breve voltarei com mais reflexões sobre cinema, música e as artes em geral. Beijos e Abraços para todos e que fiquem com a proteção do Grande Criador do Universo e das Entidades Que Nos Protegem. Que 2012 seja um excelente ano para todos...
A imagem abaixo foi emprestada do blog: http://oblogdasgarotasinteligentes.blogspot.com/2011/12/ultimo-post-de-2011.html
pois, ao pesquisar na Internet achei a imagem mais linda que achei. um beijão para as administradoras do referido blog - Obrigado Garotas!




segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Discos que mudaram minha vida - Parte IV

Estamos aqui, mais uma vez com os discos que fizeram minha história, continuo com a árdua e prazerosa tarefa a seguir:
31.      Guns n’ Roses – Apetitte for Destruction:

Do Guns não tem como escolher outro disco. Quebrou estruturas mesmo, mudou toda uma geração. Junto com o disco do Nirvana são clássicos dos 90. Appetitte for Destruction mostrou como se faz rock com pulsação, sangue, suor, álcool e raça (e umas "coisinhas" mais). Todos foram influenciados pelo Guns depois disso. O Rock voltou a ter solos de guitarra com musicalidade.

32.      Red Hot Chili Peppers – Mother’s Milk:

O Red Hot demorou para estourar no Brasil (e no mundo). e tanbém desconstruiu o hard rock mesclando-o com o funk. Os pirados saltitantes liderados pelo Flea já conquistaram seu lugar na História. Porém, antes do disco que os projetou, o pesado "Blood Sugar Sex Magic", eles tinham lançado sua obra-prima. Desfiador! Novo! Criativo! Diferente! Não tem como deixar de atruibuir 5 estrelas ao espetacular "Mother's Milk".

33.      Bauhaus – Mask:

O Brasil estava separado do mundo pelo boqueio das importações. Ninguém tinha noção da revolução musical que acontecendo na Inglaterra. Asisti na época a um filme chamado "Fome de Viver" com David Bowie e Catherine Deneuve e dirigido por Tony Scott (nada menos do que irmão de Ridley Scott). A abertura mostrava uma banda muito inovadora. Eu nunca tinha visto nada parecido. Decadas se passaram e o Bauhaus continua uma das bandas mais criativas que conheço. Mask é a porrada mais forte da banda!

34.      The Clash – London Calling:

Voltando um pouco no tempo... a música sofreu uma revolução no meio dos anos 70. Atualmente estou re-pesquisando esta banda que foi importantíssima influenciando toda uma geração. Atualmente até a primeira dama Carla Bruni se confessou fã dos caras. Ou seja, o Clash conquista qualquer um que goste de música criativa, independentemente de preferência por gênero. London Calling misturou ska, reggae, pop, funk, punk e este coquetel de estilos é a grande obra-prima deles.

35.      Midnight Oil – Diesel and Dust:

Bem mais tarde saiu no Brasil um disco de uma banda australiana que já era antiga - e por isso está listada aqui antes de outras que também são importantes. Aqui o Midnight Oil estourou com um disco tardio, mas igualmente relevante... Diesel and Dust tem belas melodias e o vocal esquizofrênico do Peter Garret, sempre carismático, no comando da banda...

36.      Simple Minds – Once Upon a Time:

Simple Minds foi outra banda que tinha uma carreira respeitável antes de estourar no Brasil. Como acontece às vezes, a moda alcançou esta genial banda escocesa. Por um acaso, chegaram aqui na hora certa. Seu melhor disco é o álbum "Once Upon a Time". Em seguida fariam o superhit "Don't You Forget About Me" (que não entrou no álbum). É praticamente impossível melhorar esse disco. Somente se "Don't you.." estivesse nele.

37.      U2 – The Unforgettable Fire:

Meados de 1985.O Rock in Rio I tinha abalado totalmente as estruturas do Brasil. As fronteiras foram abertas...porém o planeta também abria seus braços para uma nova concepção política - amparar os países do 3º mundo e influir nas ditaduras africanas. A paz e o amor deveriam vencer novamente. Com um protesto ao massacre dos cristãos pelos protestantes na Irlanda (Sunday Bloody Sunday) uma banda se insurge e, em pleno Live Aid, apresenta ao mundo um novo estilo de música e comportamento. Os próximos 10 anos seriam banhados pelo estilo neo-psicodélico e até hoje o U2 mantém hasteada a bandeira de uma das maiores bandas do mundo. Naquela época estava sendo lançado “The Unforgettable Fire” – disco que me marcou pela beleza das melodias, especialmente a faixa-título, “Bad” e “Pride (In the Name of Love)". Impossível para quem viveu esta época não se emocionar quando Bono a dedica a Martin Luther King....perfeito! Sem falar na belíssima capa.


38. INXS – Listen Like Thieves:


INXS sempre foi uma banda que curti muito. Estilo próprio, pop bem tocado, baixo e bateria com alto entrosamento, proposta original e, principalmente, um grande vocalista. Michael Hutchence não só tem uma grande voz, mas uma presença de palco que não deixa niguém parado. O melhor disco na minha opinião é o anterior ao "Kick". "Listen Like Thieves" é original, Pop, Adulto e o mais importante: maduro. O INXS estava pronto para atingir o mundo!

39. Duran Duran – Arena:




Ok entendo que hoje, após a retomada do Heavy - com Metallica e Pantera, o new wave perdeu a força, mas, prá quem curtiu aquela época, era impossível não se emocionar ao ouvir o álbum ao vivo do Duran Duran - Arena. Ótimo disco que antecedeu ao lançamento do VHS no Brasil - na época em que não era possível comprar as fitas, só alugá-las. Duran Duran, junto com o visionário diretor de clips Russel Mulcahy (que dirigiu o filme "Highlander") criou toda uma concepção artísitca que extrapolava a simples música. Os videoclips estvam virando uma forma de arte.

40 R.E.M. – Fables of the Reconstruction of the Fables...:





Ao retornar das minhas férias em Floripa - cheguei em Sanra Maria e, pela primeira vez em minha vida, não fui para nossa casa antiga, pois, a havíamos vendido. Cheguei e fui prá noite. No outro dia quando acordei - meu irmão estava ouvindo um disco de manhã. Os intervalos dissonantes, estranhos, conflitantes, mas ao mesmo tempo libertos das formas musicais conhecidas, encheram minha cabeça com uma nova concepção sonora. Compus, anos mais tarde uma música inspirada em "Feeling Gravity's Pull" do R.E.M (do álbum "Fables of the Reconstruction" - ou "Reconstruction of the Fables"). Desde esse dia a banda entrou na miinha lista de favoritas..

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Discos que mudaram minha vida - parte III

Então tá galera, vamos lá com mais 10 discos que mudaram minha vida: 


21.      Kansas – Leftoverture:



O Rock Progressivo produzido nos Estados Unidos alcança sua máxima expressão no Kansas. Com estilo próprio que mistura grandes navegações, profetas e apaches, o sexteto encontra seu ápice no álbum "Leftoverture". "Carry on Wayward Son" foi recentemente homenageada no seriado "South Park" como sendo o nível máximo de perfeição técnica no "guitar hero", ou seja, as músicas do Kansas são extremamente bem exceutadas. O álbum tem composições de primeira linha e, assim como o Triumph, o Kansas contava com dois vocalistas principais Robby Steinhardt e Steve Walsh, o que confere à banda um colorido especial nos vocais.

22.      Iron Maiden – The Number of the Beast:



Em meados dos anos 80 a “New Wave”, estilo que estava se popularizando à época, se choca com um rochedo. Um novo estilo iria dividir o mercado com os Playboys Modernos. As influências da “Hammer films”, o misticismo do Black Sabbath, as capas do Derek Riggs e a influência de bandas como Judas Priest, UFO e Thin Lizzy eclodiram com o álbum do Iron Maiden "The Number of the Beast". Pronto! Nunca mais a juventude seria a mesma. A partir daí usar uma camiseta da sua banda significaria: “tenho escolha, estilo e pertenço à minha tribo”. O Heavy Metal tinha tomado de assalto o mundo.

23.      Van Halen: Van Halen.



No final dos anos 70 um moleque resolveu aplicar toda sua criatividade e inventividade na guitarra. Elevou então o instrumento à categoria da perfeição! A guitarra, até então amada e seduzida por Jimi Hendrix e aliciada delicadamente por Clapton e Beck, foi torcida, distorcida, destruída e remontada por este Dr. Frankenstein holandês. Toda uma geração foi influenciada pelo Doctor Van Halen e até hoje o solo “Eruption” é matéria-prima básica para qualquer guitarrista que queira se firmar como virtuose.

24.        Journey – Escape:

Algumas bandas fizeram um estilo conhecido como “Arena-Pop” nos anos 70. Um grande exemplo é o “Journey”. O álbum "Escape" lançou o sucesso “Don't stop Believin'”. Amplamente usada em filmes atualmente pela sua perfeita estrutura, esta música é quase um hino da década de 80. A linda voz de Steve Perry e as guitarras cortantes, melódicas e glamourosas de Neal Schon contornam o hit que adquire força e coesão gigantesca. Discaço!

25.      Foreigner – Head Games:


Ouvi muito este disco do Foreigner. Eles de fato se tornaram conhecidos pela música "I Wanna Know What Love is" atualmente relançada na voz da veterana Mariah Carey. Porém, o disco que me fez conhecer o Foreigner foi “Head Games”. Outro representante do Arena-Pop de alta qualidade, a banda, cujo vocalista Lou Gramm mostra uma voz de tirar o chapéu, aqui já apresentava o estilo que mais tarde seria lapidado e aperfeiçoado. Head Games ainda mantém a essência primitiva do sexteto. Fundamental ouvir a música-título num sábado à tarde chegando na praia.

26.      Asia – Asia:



A propaganda de cigarros Hollywood da época já anunciava o novo estilo. O Pop iria se unir com o rock progressivo no grupo Asia. A magnífica “Only Time Will Tell” com seus teclados épicos virou a cabeça da galera. Minha favorita é "Heat of the Moment”. O vozeirão de John Wetton casou perfeitamente com as guitarras do mestre Steve Howe, os teclados de Geoff Downes e com a bateria de Carl Palmer. Disco para ouvir a vida inteira. Quem disse que não se deve viver no passado?

27.      Cheap Trick – Dream Police:


Ok, o Cheap Trick não é muito conhecido por aqui. Mas no início dos anos 80 as lojas receberam um lote de ponta de estoque em promoção da gravadora Epic e incluía “Dream Police”. Pelo preço este foi um dos discos que comprei sem conhecer a banda. Pra dizer a verdade não gostei muito nas primeiras audições, mas, hoje ouço com carinho lembrando aquela época em que não tinha quase nada nas lojas e tínhamos que garimpar a fundo para achar algum material que fizesse os falantes das caixas de som pular...

28.      Metallica – Master of Puppets:


Muitas bandas de metal surgiram depois do Iron Maiden, mas, houve uma galera que radicalizou e, com influências da brutalidade do Motorhead, criaram gêneros como Thrash Metal, Death Metal e outros. Paralelamente ao pop que iria explodir após o Live Aid, o Metallica era uma das expressões que mostravam o que estava por vir nos anos 90. Master of Puppets era a grande obra que consolidava o estilo do supergrupo.

29.      Queensrÿche – Rage for Order:

Queensrÿche é uma das minhas bandas favoritas. Acompanhei desde o lançamento do 1º LP (The Warning) no Brasil. Eles estiveram no Rock in Rio II com o lançamento do épico "Empire" - porém, anos antes eu já havia escolhido o 2º disco dos caras como o "melhor disco de heavy metal em termos de criatividade em arranjos". Rage for Order” é nota 10! Tudo é perfeito. Dificilmente encontramos arranjos tão elaborados assim em um disco de Heavy Metal. Destaque para “Gonna Get Close To You” absolutamente inovadora.

30.      Europe – Uut of This World:


Quando todos pensavam que o "Heavy Metal cabeleira" tinha sido extinto, surge uma banda da Suécia, retornando ao estilo com extrema competência. Os guitarristas do Europe fizeram muita gente voltar a estudar as escalas hipervelozes de Steve Vai e Paul Gilbert. O metal tinha um representante temporão – “The Final Contdown” pode ser o disco emblemático deles, mas, um dos solos de guitarra mais lindos e perfeitos que já ouvi em minha vida (e “tento” tocar até hoje) é da música “Supersticious” do álbum "Out of This World". O resto do álbum? No mesmo estilo e mantendo o alto nível. Nunca a virtuose foi tão bem utilizada - nota 10!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Casa das Máquinas: o rock tradicional paulista "estremece" o John Bull em Florianópolis.


Casa das máquinas – 11 11 2011 – John Bull



A sexta feira 11 de 11 de 11 teve intensa atividade musical simultânea em Porto Alegre, Santa Maria e Florianópolis, 3 cidades muito importantes para mim. O Pearl Jam se apresentou em Porto Alegre. Pylla Magrão e Nazareth tocaram em Santa Maria. Eu concluí as demos do meu CD e pra continuar a noite me estendi ao John Bull para assistir a uma banda que queria ver desde minha adolescência. Trata-se do quinteto “Casa das Máquinas”. Eu sequer imaginava que iria ver os caras, quanto mais imaginar que eles estavam em turnê. Ao saber da notícia agendei minha noite e, logo após abrir a casa lá estava eu, pronto para retornar aos anos 70 e saborear a essência musical daquela época.

O Casa das Máquinas está renovado. Nunca vi a banda anteriormente e temos pouco material circulando na internet, logo, não sabia quem eram os músicos.

O show começou detonando rock bem pesado ao estilo anos 70, bem da essência da banda. O guitarrista, Leonardo Testoni, da nova geração demonstrou uma coerência muito grande ao unir solos com alto teor de virtuose e “feeling” do rock setentista. Grande pegada do Músico.

O vocalista João Luiz, muito carismático, manteve a tradição rockeira do rock de São Paulo e segurou as pontas por 1h e 30 de rock pesado.

O baixista Fábio César tocou todas as músicas com muita desenvoltura e tirou um som forte e musical de seu instrumento. Deixou o público satisfeito com a maturidade com que apresenta os clássicos do Casa.


Mas o destaque fica sem dúvida para os dois integrantes originais o tecladista Mario Testoni e o baterista Mario Tomaz ambos com aquela pegada de quem já toca rock há muitas décadas. Quem cresceu ouvindo Sabbath, Led, Uriah Heep e, claro, principalmente Deep Purple - que o tecladista fez questão de homenagear com vários temas em seu solo – percebeu que a banda trouxe os velhos (e bons) tempos ao palco.

Em mais ou menos 1h e 30 de show o Casa brindou os fãs com o repertório essencial do grupo, destaque para as belíssimas “Lar de maravilhas”, “Vou morar no ar” e “Casa de rock” –  esta última um verdadeiro hino do rock paulista que há muitos anos queria ver ser executada ao vivo. Emoção pura! Ao final do show todos saíram com vontade de ver o concerto mais uma vez.

Saí do John Bull com a sensação de que o sonho dos 70 se mantém vivo. Lembrei da época em que o material relativo ás bandas era escasso, os LPs, fora de catálogo, o Casa então, era vendido a peso de ouro, Bandas como “o Terço”, “Mutantes”, “O Som Nosso de Cada dia”, “Peso”, “Joelho de Porco” eram quase impossíveis de se achar. Não existia nada disponível no mercado e a Internet não estava aí para nos socorrer. Não podíamos ouvir dezenas e dezenas de grupos por dia. Por isso curtíamos o som degustando cada nota, cada batida, cada letra. E se hoje, de vez em quando paro com os vídeos, com a internet, desligo a luz do quarto e me concentro somente em ouvir (sem ser bombardeado pelas imagens dos vídeo-clipes) concentrado 2 ou 3 horas de música foi por que minha geração foi educada como bandas como o Casa que mantinha o alto nível de composição, mesmo enquanto as novelas massacravam discoteca toda hora.

Longa vida ao rock’n roll – e que a Casa do Rock esteja sempre aberta para quem realmente sabe apreciar a boa música, pois, estes, realmente merecem entrar na casa e ir morar no ar.

Nota 8,0.

       

“Aos Treze” – de Catherine Hardwicke. A busca pelo prazer no período da fragilidade.

A adolescência... a idade em que todos buscam as experiências mais intensas. A Razão está apenas criando raízes na personalidade. Em contrapartida o adolescente se entrega à busca pelo prazer.

Nesse período há necessidade, para o jovem, de administrar as frustrações e carências, muitas vezes manifestada na procura por pertencer e ser aceito pelo grupo social no qual se insere. E, exatamente nesta procura reside a mola propulsora do longa “Aos Treze”, uma mordaz crítica social exposta pela diretora Catherine Hardwicke e notavelmente protagonizada pela dupla de jovens atrizes  Rachel Evan Wood e Nikki Reed.

A diretora tem poucos longas no seu currículo, mas dois merecem destaque: a origem da saga dos vampiros adolescentes “Crepúsculo”, e o criativo e esteticamente belo: “A Garota da Capa Vermelha”. Hardwicke tem demonstrado tendência para abordar a psique adolescente, os problemas e inquietações dos jovens nesta idade, porém, em nenhuma das obras acima citadas o aprofundamento psicológico e social é tão forte como, no citado “Aos Treze”.

No próprio trabalho do pôster do filme já é exposto uma pequena parcela do que o espectador vai ver. Wood e Reed estão com as línguas à mostra numa evidente dupla interpretação entre o piercing (a rebeldia e transgressão) e uma pílula (a busca inconsequente pelo prazer por meio das drogas).

A adolescência e a busca de aceitação pelo grupo.


Em síntese, “Aos Treze” é um período da vida de Tracy (Wood), adolescente mimada pela mãe (Hunter) em consequência do abandono da família pelo pai e do afastamento total deste. Ao buscar suprir a família com afeto a mãe infantiliza a filha vestindo-a com roupas e acessórios ingênuos o que faz com que Tracy seja constante alvo de chacotas no colégio.

Para buscar a aceitação no grupo das adultas, Tracy faz qualquer negócio. Em decorrência de um furto conquista a amizade de Evie Zamora (Reed), que, também inconsequente, irá conduzir a jornada de ambas rumo aos prazeres da vida adulta. Ocorre que, como geralmente acontece, as adolescentes inexperientes e despreparadas terminam sendo usadas e abusadas pelo grupo de rapazes que buscam conquistar.

Porém, Hardwicke vai mais a fundo. Ao focar o mundo pelos olhos de Tracy, expõe a fragilidade e autodestruição que acomete todos os personagens que a circundam. Pouco a pouco o espectador percebe que as “jovens” nada mais são do que a porta de entrada para um abismo que conduz a uma sociedade marcada pelas drogas, fugas, carência e insatisfação com a péssima situação social dos personagens.

A cumplicidade entre a dupla central.


O filme então cresce para a belíssima cena final onde a comunicação entre mãe e filha ocorre numa catarse comovente. Apesar da ótima interpretação de Wood, Holly Hunter mostra , com imbatível superioridade por que é uma das grandes atrizes de sua geração. Seus gestos são puros, doces, fortes, e carregados de expressividade. 

“Aos Treze” embora inicie com um filme de jovens, aos poucos se assemelha com obras como Christiane F. Porém, é no seu terceiro ato que é disparada uma metralhadora de críticas conta todos, impotentes e imersos em uma conjuntura social cujo resultado é o comportamento inconsequente dos adolescentes.

E, ao final, percebe-se que “Aos Treze” não é só a idade das duas protagonistas centrais, mas a metáfora da “idade psíquica” de todos os personagens. Desamparados e incompetentes ao lidar com os revezes da vida todos apresentam despreparo e ingenuidade.
“Aos Treze” é uma obra contundente e as reflexões que desperta no espectador são duradouras. Nota 8,5.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Doce Dália e Motel Overdose – Bar Taliesyn (Florianópolis) – 14.11.2011

Comentário publicado anteriormente no Facebook e revisado.


Acabo de assistir a dois shows no bar Taliesyn e estou com a alma exausta no bom sentido, ou melhor, no ótimo sentido! Como é bom ver rock de alta qualidade. As bandas foram: Doce Dália – que eu ainda não conhecia – e os meus camaradas da Motel Overdose. O ótimo bar Taliesyn mais uma vez se mostrou um espaço muito bom para os artistas que querem mostrar um trabalho alternativo.

A primeira banda foi a Doce Dália. Fiquei impressionado com a massa sonora que a banda é capaz de enviar. Formada por 2 moças (guitarra e batera) e um baixista, o punch da banda é algo fora de série! A guitarra quase crua da Carol (com apenas um overdrive/boost da NIG) empurra um som com alta qualidade (claro, bom ressaltar que ela utilizou o amplificador do guitarrista da Motel – um Fender valvulado). Mas destaco que a definição sonora até poderia ser resultante do equipamento, mas de nada adiantaria se não fosse a qualidade da musicista. Carol toca com muita nitidez e foco. Solos com grande ataque e projeção sonora, o que, na minha opinião, soa mais alto do que grande parte dos virtuoses que muitas vezes parecem tocar com “medo” da guitarra. A palhetada da guitarrista é forte, precisa e simples – e por isso tão eficiente. 
A Dália em estudio

A baterista Sara tem uma pegada que deixa muito barbado no chinelo. Desde que ouvi o Hole constatei que o rock pesado poderia, sem dúvida, contar com uma cozinha feminina, afinal, não é a testosterona que faz o peso – e sim o pulso mesmo. Sara toca com vontade e pode ser ouvida à distância. Tenho pena da bateria porque o instrumento é castigado por uma pegada fora de série. E o baixista Leandro completa a cozinha com enorme competência. Também canta – junto com Carol – e os graves de seu instrumento fecham perfeitamente com a proposta da banda. É o suporte necessário para que as duas possam alçar seu vôo, e, diferentemente das bandas onde só as estrelas brilham, Leandro junto com as moças participa do grupo em pé de igualdade.
Sara, Leandro e Carol - Power trio.

Coragem a Doce Dália teve ao interpretar a lindíssima “Ziggy Stardust” do gênio David Bowie. Melodia complicada, arranjos complexos e a pegada é necessária para que o som saia limpo. O repertório é completado por várias outras músicas com igual peso como “Cherry Bomb” das Runaways. Adorei o show – espero vê-los mais vezes.
A "Doce" (porém "venenosa") ao vivo.


A Motel Overdose então, já conhecida (e comentada por mim tanto no Facebook como por aqui mesmo – é só ver o comentário anteiror) faz um rock muito bem tocado, como já falei antes. É difícil definir de forma diferente um repertório já analisado por mim sem me repetir, mas, algumas coisas posso acrescentar: desta vez o timbre da guitarra estava mais aveludado – os graves mais presentes. O delay e o wha sempre são usados com senso de oportunidade, ou seja, na hora certa. Os Double-stops com wha dão a pegada roqueira ao tom. Em suma, como já comentei, o vocabulário do guitarrista “Batata” é muito vasto.

"Batata" - "fritando"!


O baixista MLeonardo com grande fluência e pulsação faz o som do instrumento soar muito redondo. Vale o show. As notas saem claras e musicais. Márcio o batera estava com o “demo” no corpo. Sentou o pau na bateria (aliás, o instrumento “sofreu” nessa noite. Gritou como um motor em alta aceleração. Com certeza não eram músicos de jazz que estavam ali...)! Fez valer a noite. O “Bixo” pegou (com “x” mesmo)! No final os caras detonaram os instrumentos no velho estilo The Who fazendo da performance uma catarse violenta. Muito bom mesmo! A energia brotava do palco.
A Motel ao vivo...

...e em estúdio.

Não fiquei em casa vendo o SWU, mas, agora vou ver a gravação em dvd. Não me importo nem um pouco. Ali, na cara, duas bandas com sangue para dar fez a noite valer muito mais, até mesmo pelos harmônicos naturais que passam pelo corpo de quem assiste no local do que a performance distante assistida pela TV (mesmo que no SWU as "estrelas" sejam gigantescas). Ao vivo é ao vivo! Na cara! Nota máxima – para as duas bandas!

Motel Overdose e Nocet – Bar Taliesyn (Florianópolis) – 20.10.2011

Comentário publicado anteriormente no Facebook e revisado.

No dia 20.11.2011 retornei aos velhos tempos. Após quase 10 anos sem visitar minha cidade natal – Santa Maria (RS) uma banda de lá veio trazer o seu bom rock’n roll para cá, refiro-me à Nocet. Junto com a Nocet tocou uma banda local que tem na sua formação outro amigo meu de Santa. Falo da Motel Overdose. A noite foi gratificante e fez eu me sentir novamente conectado com o universo da música ao vivo. Com grande satisfação passo a comentar o show que presenciei no dia 20.10.2011. Então, vamos ao comentário:

Entrar no Taliesyn já é um show à parte...em princípio não tem qualquer informação de que o bar está aberto (pelo menos na hora em que fui). Subi uma escada e lá em cima estava um “pub” no melhor estilo Santa Maria, POA, hard rock...e, claro, lembrando o clima e tradição dos bares europeus. Me senti em casa logo de cara. Imediatamente encontrei os camaradas e aquela nostalgia voltou com toda força, parecia que os últimos 10 anos foram apenas 10 dias atrás.

Bem, os shows: já aviso que posso ser muito suspeito para falar, pois, além da amizade que tenho com os músicos já vivi muito nesse meio e sei bem as dificuldades e as condições em que tocamos, logo, não vou fazer um comentário muito crítico em relação ao som, ao local, ao volume e etc... Já estou acostumado com o clima e fico bastante empolgado mesmo! Ainda mais vendo uma turma que mantém viva a chama do velho e bom rock’n roll (e que eu próprio busco manter acesa na medida do possível).

A Motel Overdose abriu a noite - som repleto de contrastes dinâmicos

A Motel Overdose abriu a noite. Imediatamente ao soar dos primeiros acordes e riffs de guitarra já senti que vinha uma proposta alternativa, e, com bastante sangue nas veias. E não deu outra. Riffs bem construídos sob uma condução vocal em grupo bem coesa. O som é bastante preenchido e a banda demonstra maturidade de quem já toca junto há alguns anos. A proposta musical é muito legal - não consigo definir, mas senti uma aproximação com o senso dinâmico do “Red Hot Chili Peppers” como se o “Zakk Wylde” e o “Robin Trower” estivessem nas guitarras. A proposta é bem moderna e vale a pena escutar o som redondo, forte e pulsante da Motel Ovedose. No que se refere ao  trabalho de guitarras, este é muito bem feito. Um verdadeiro desfile de técnicas: ligados, hammer-ons, bendings, slide no braço com a mão direita em simultâneo com ligados de esquerda...o vocabulário guitarrístico é bem farto...prá qualquer guitarrista sair satisfeito.



Vamos aos outros 2 músicos: o baixista MLeonardo é uma personalidade à parte, com um baixo que não consegui decifrar a marca (mais tarde me foi revelado que se tratava da marca Framus – foto abaixo encontrada no site http://www.crazeeworld.plus.com/general/gear_ian.htm ), mas, tanto o instrumento como o músico apresentam um som muito limpo, vintage, grave, carregado de notas cheias. É o acompanhamento (e o personalidade) de que a banda precisa).

Baixo da Marca Framus

E o baterista Márcio - velho camarada das batalhas pela boa música em Santa - cara eu não sabia que ele estava tocando tão alto. É isso aí véio! Tem que sentar a mão! Jazz é jazz, blues é blues, MPB é MPB e ROCK É ROCK MESMO! O fraseado da batera estava impecável. Gostei em particular do som dos pratos, como comentei ao final do show “há muito tempo eu não ouvia o som do instrumento direto no ouvido”.



Bem, a Nocet, o que falar da Nocet?

 "Warriors of the rock"...acho que é o melhor título para eles. Tantos anos de estrada, 3 cds. É muita batalha... E muitas modificações na formação. Agora Molina e Fabrício contam com Sino na guitarra - o que faz a banda adentrar em um novo terreno. A título de composição a Nocet continua pela mesma trilha - músicas elaboradas, melodias quebradas, modulações para tons afastados, seguido a escola dos progressivos pesados, mas, com bateria moderna...na linha Pantera e Metallica. O som continua coeso.

Nocet - composições com modulações para tons afastados

Marcos continua um "show man de primeira". Interpreta até mesmo artisticamente as apresentações das músicas. O som do baixo é grave e definido. O show não fica monótono. Pelo contrário, os contrastes entre os temas despertam interesse a ponto da plateia parar de “agitar” para ouvir quando se trata das composições da banda.



Sino trabalha muito as texturas da guitarra. Se na Motel a guitarra tinha uma distorção mais pesada no sustain, na Nocet a guitarra é distorcida para outra “galáxia”. Soa bem clara, limpa, cristalina (e atenção não há nenhum tipo de comparação entre os dois músicos nesta afirmativa, pois se trata de estilos bem diversos).

As texturas da guitarra do Sino se devem, também à sua opção por pedais. Um V-Wha da e um Digital Delay da Boss (marca que uso e recomendo desde agosto de 1985), Um Ibanez  tube screamer (distorção notória pela clareza e limpeza nos harmônicos) e um booster da Seymour Duncan, pedal que sempre tive muita curiosidade para ouvir ao vivo e que se demonstrou um dos melhores reforçadores do mercado. (Havia outro pedal que não sei qual é - qual é ele Sino? Tenho a impressão que era uma espécie de vibrato). Esses efeitos associados a uma Peavey Tele com 2 single coil emitem uma sonoridade muito limpa. Só acho (sugiro – certo Sino?) a inclusão de uma distorção mais metal pra o cover do Metallica (distortion ou metal zone).  Mas, é apenas uma sugestão porque uma das coisas mais legais em ver um cover é e quando a banda faz sua própria releitura da música.




E prá fechar o comentário sobre este mesmo tema, releitura foi exatamente o que a Nocet fez ao tocar em grande estilo a gigantescamente bela “Bad Romance” da genial Lady Gaga.
Eu, fã da Gaga, adorei – o DW do Fabrício soa perfeito no fim dos refrãos. O baixo empresta à composição o peso que a Gaga poderia ter feito para deixar o som mais “hard”. Sem batera eletrônica a estrutura da música da Lady se revela como ela é: uma bela e grande canção pop – e a Nocet só deixou mais evidente esta característica.

Prá finalizar lavei minha alma, revi os camaradas, ouvi som como há muito não ouvia e me diverti muito. A galera precisa se reunir mais vezes - e um concerto de rock honesto, visceral e pesado é a melhor coisa pra confraternizar e relembrar os velhos tempos, que, ainda bem, estão longe de terminar. Abraços para ambas as bandas que, porque sou muito suspeito, não vou dar nota, mas conceituar como honesto, pesado, forte e dinâmico – como o bom rock deve ser!    

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Discos que mudaram minha vida - parte II

Dando continuidade à reorganização da minha discoteca e, simultaneamente, fazendo uma retrospectiva dos meus 30 anos de Rock’n Roll continuo com os discos que mudaram minha maneira de ver a música...



11.      Rush – Permament Waves:


Certo, sei que o “Moving Pictures” pode ser considerado o grande álbum do Rush, mas não foi ele que comprei quando entrei numa loja em Santa Maria e pedi "o disco mais 'pauleira' que eles tinham". Ao ver a capa achei que se tratava de um LP da Kate BUSH, mas quando ouvi o “Spirit of the Radio” percebi a abissal diferença que separava os dois estilos (Kate BUSH e RUSH). A citada “Spirit of the Radio” ainda é uma das letras mais lindas do RUSH;

12.      UFO – The wild, the willing and the innocent:




É dificil escolher apenas um disco da minha banda faavorita o UFO! Ocorre que já postei o “Obsession” como o melhor disco de heavy metal de todos os tempos e seu respectivo comentário. Então para aproveitar o espaço tenho que citar outro disco que me marcou muito. Até 1981 eu só conhecia o “Obsession” e, quando chegou pelo correio "The wild, The Willing and the Innocent" confirmei de vez que era a banda com quem eu me identificaria nas próximas décadas...”Chains Chains” entrou em meus ouvidos como uma nave alienígena e me abduziu por completo - até hoje não me trouxe de volta...

13.      Heart: Heart.




Nos meados dos anos 80 - lá por 84 - havia um programa na TVE chamado "som pop" um dos primeiros programas da TV a passar clips na época. Muita coisa foi vista nesse canal. De Manfred Mann a Iron Maiden. Uma banda que me impressionou muito foi o Heart. “All About Love” foi a música que rodou. Desde então a linda voz da Ann Wilson nunca mais me saiu da cabeça...

14.      Triumvirat: Old Loves Die Hard:


Triumvirat foi uma banda significativa. Era considerada o “equivalente alemão do ELP”. O disco que me marcou deles trazia a balada "a cold old worried lady" Belíssima musica. Até hoje é emocionante ouvir a voz do Barry Palmer nesta canção. É para este disco que vai minha homenagem ao Triumvirat

15.      Aerosmith: Live Bootleg:



O Aerosmith nos anos 70 era bem mais honesto do que hoje em dia - apesar de ser uma banda que, ao vivo, mantém seu gás. Porém, quem quiser conferir como é que nos anos 70 o hard rock era realmente feito tem que conferir o "Live Bootleg". Esta obra-prima ao vivo merece uma audição especial depois do “Led II” e antes do “Hair of the dog” do Nazareth - o contexto está armado - só cuidado para não ficar viciado nos anos 70...

16.      Eloy: Time to Turn:



O Eloy sempre foi um grande representante do Progressivo alemão. Pois bem, o disco que me mostrou este estilo foi “Time to Turn”. Até recentemente, nos dias de inverno ouço no carro uma coletânea no Eloy. Ímpossivel não se emocionar ao tocar "end of an odissey" conforme meu irmão definiu: "uma guerra de teclados..."

17.      AC/DC: Highway to Hell:


Honestidade. Integridade. Fidelidade às raízes. Nada melhor para definir o AC/DC. Minha primeira compra do catálogo deles foi “Highway to Hell”. A voz rouca de Bon Scott e a distorcida guitarra do Angus simplesmente marcaram minhas férias naquele ano de 1980. Depois de anos, quando tocaram no Rock in Rio I, o Brasil viu (e ouviu) de perto os sinos do inferno...

18.      Motorhead: Ace of Spades:



Semelhante ao AC/DC e, também em um Rock in Rio - porém este ano -, os brasileiros, pela primeira vez em larga escala (pois eles já tinham tocado várias vezes antes aqui) puderam sentir, em clima de festival, o rock puro, pesado e direto de uma das mais altas (em termos de volume) bandas do planeta. Não adianta tentar, enroucar a voz, detonar as cordas vocais, fazer cara de brabo...só Lemmy é naturalmente assim! E a ascensão destes mestres do volume se deu com "Ace of Spades" - Classico absoluto! Talvez eu tenha sido o primeiro a comprar esta disco em Santa Maria, na Livraria do Globo do calçadão da Bozano - lá por '81.

19.      Marillion: Fugazi:




O progressivo renasce nos anos 80 misturado com o pop. E o Marillion sintetiza com perfeição esta fusão. A maturidade da banda é expressada em seu segundo álbum que, sobrevive à audição de qualquer fã do Genesis que queira apontar plágios. Fugazi é original, é Marillion e é um disco nota 10.

20.      Triumph: Allied Forces:



Triumph foi um oasis no início dos anos 70. Era raro ver algo com punch de hard rock por aqui. Em “Allied Forces”  o trio canadense mostrou como o Rush soaria se fizesse um disco em parceria com o UFO.

Por enquanto é isso aí - tem muito mais para vir na seqüência e importante frisar que ainda não comecei a comentar os cantores e cantoras em carreira solo e os guitarristas. Mas as boas coisas tem que ser curtidas assim, em pequenas doses, para serem saboreadas com calma....e Jack Daniel's of course...