domingo, 15 de dezembro de 2013

O livro "Conversas com Kubrick" dá a sensação de estarmos degustando um espresso na companhia do Mestre em uma exposição.

Também acho importantíssimo comentar por aqui o lançamento do livro "conversas cm Kubrick" de Michel Ciment que esta sendo lançado pela editora Cosac Naify. Já comprei e estou devorando esta obra e  tanto os primeiros capítulos como a entrevista sobre "Laranja Mecânica" são geniais. Quase não acredito que estou lendo as palavras do próprio Mestre!

Me criei com escassez total do pensamento de Kubrick sempre sabendo das ideias do Mestre por citações em entrevistas e raríssimas vezes o texto literal das ideias de Kubrick era publicado (salvo as imagens d
o Discurso sobre Icaro nos extras do DVD "De Olhos Bem Fechados" edição dupla). É um verdadeiro prazer intelectual "ler os pensamentos" do meu mentor em termos de Cinema e dá a impressão de estar tomando um espresso com Kubrick numa exposição de quadros de Dali, Miró ou Picasso - uma verdadeira sessão de cultura, erudição e inteligência! Espero que o livro não termine tão rápido ou vou ter que ler de novo em seguida! Kubrick Forever! E a mesma editora publicou: "Conversas com Scorsese" e "Conversas com Woody Allen" - podem não ser cineastas ao nível de genialidade de Kubrick, mas, pelo menos até a metade do ano acho que meu "Café Espresso Cultural" está garantido! Podiam publicar conversas com Coppola, Cronenberg, Lynch e Tarkovski, né (se bem que este último já tem um vasto material publicado no Brasil). Adorei! Recomendadíssimo!

Stanley Kubrick - DVD disponibiliza no mercado as primeiras obras do genial cineasta que estava nascendo.

Acabei de assistir ao DVD que foi lançado este ano com as primeiras obras do Mestre Stanley Kubrick - o DVD traz "The Seafarers", "Fliyng Padre" e "Day of the Fight" - 3 ótimos documentários (temos que levar em conta a época em que foram produzidos - início dos anos 50). Particularmente gostei mais de "Flying Padre" - é o mais "cinematográfico" deles. É a belíssima história de uma espécie de "padre por tele-entrega" que voa de avião onde precisar para levar sua ajuda sem esperar qualquer mérito ou reconhecimento. Já nos primeiros filmes de Kubrick é possível observar seus travelings sutis, a iluminação com toques de expressionismo e o uso de plogée e contra-plongée. (queria saber como ele capturou a tomada em eixo vertical - que mais tarde ele utilizou em "Laranja Mecânica" e "O Iluminado" durante a luta real de Walter Cartier em "Day of te Fight"....belíssima tomada e dificílima de capturar em uma luta real! Kubrick já demonstrava  competência, talento nos enquadramentos e criatividade. Nestas pequenas obras já é possível ver o embrião do gênio que estava nascendo! Ótimo DVD -porém mais recomendado a quem deseja pesquisar o Mestre Stanley Kubrick (estudantes de Cinema e fãs) - o público em geral talvez ache monótonas e antiquadas as obras, mas Kubrick é sempre recomendado para ser assistido! Sem nota - pois estas obras não devem ser avaliadas e sim estudadas)! Registro Histórico da maior importância - espero que a UNISUL adquira um exemplar para o acervo da biblioteca!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Carrie - a diretora Kimberly Peirce perde a oportunidade de fazer releitura de clássico e faz "mais do mesmo".

Aqui vai meu comentário sobre a refilmagem de "Carrie" dirigido pela Kimberly Peirce. Primeiro a história (sem spoilers). Li Carrie de Stephen King por volta de 1979 - a história é pesada, cruel, forte, sobre uma garota solitária num mundo hostil, bullying, etc... (calma gente - é a Carrie - não é qualquer um de nós). Neste cenário várias coisas belas acontecem à desamparada Carrie (acho que não contei nada né? Tudo isto acontece em qualquer comédia romântica americana.  Ocorre que King escreveu um livro espetacular - narrado por meio de entrevistas, notícias  de jornais e depoimentos e, nesta narrativa, o leitor "monta" na sua cabeça a história do que se passou. Grande técnica literária de King.


Brian DePalma usou a história e dirigiu um filme cujo roteiro foi concebido com imensa beleza. DePalma cria cenas de grande poesia visual (como o vestiário feminino e a dança de Carrie com seu par) e faz um filme absolutamente impecável (considero um dos grandes filmes de Terror de todos os tempos).  Kimberly Peirce (diretora do brutal "Meninos Não Choram - e, único motivo que me levou a assistir esta refilmagem, pois me recusei a ver a refilmagem anterior - afinal, clássico não se refilma!) ao invés de criar um novo filme, uma nova gramática, uma nova estrutura narrativa, se limita a refazer, com competência, quase o mesmo roteiro, logo, fiquei o filme inteiro querendo rever Carrie de DePalma.


 É competente o trabalho de Peirce, há cenas belíssimas, de brotar lágimas nos olhos de compaixão pela frágil e delicada Carrie, um doce de pessoa. Chloë Moretz e Julianne Moore são excelentes e as cenas são ótimas, mas, são mais do mesmo! E Chloë não é Carrie (por mais que esforce) nem Moore é Margaret. Por outro lado Sissy Spaceck É Carrie e Piper Laurie É Margaret White - as duas são impressionantes no filme original, DePalma é um Monstro Sagrado na direção e o primeiro Carrie é uma obra-prima.


Por que falei isso tudo? Para chegar à conclusão de que - eu esperava que Peirce, uma mulher na direção (o que em vários momentos confere ao filme a concepção feminina, delicada de filmar), uma diretora extremamente competente e uma cineasta-autora fosse recriar Carrie com outra gramática visual, com outra estrutura narrativa e que iria  focar mais nos conflitos humanos de uma personagem feminina adolescente (como em Meninos não Choram), porém, a diretora se limita a refilmar o já filmado atualizando a concepção de DePalma (sem a mesma eficiência) e retirando pontos de tensão fundamentais do filme original - como o plano sequencia da corda que segue até o objeto nos bastidores do palco (não contei nada - só entende quem já viu o Carrie original - e não tem no novo).

Para a nova geração é legal ver Carrie pela belíssima história que é e porque, mesmo com a menor credibilidade das atrizes, não podemos esquecer que se trata das excelentes Chloë Grace Moretz e Julianne Moore, mas, este é um filme, e o Carrie de DePalma é uma obra-prima! Vale o ingresso, e só! Nota 7,0!



Azul é a cor mais quente - Amor com intensidade e entrega em raras vezes vistas no cinema.

Ontem saí impressionado do Cinema - fui assistir ao maravilhoso "Azul é a Cor Mais Quente". Simplesmente genial - filme com 3 horas de duração, ritmo lento mas que em nenhum momento cansa. Aos que indagarem - não é um manifesto Gay e sim um filme sobre o Amor. Pouco importa o sexo das protagonistas e até mesmo a belíssima (e comentadíssima) cena de sexo  no filme. A beleza está na entrega das atrizes que demonstram um Amor com profundidade raríssimas vezes visto no Cinema. A cumplicidade e intensidade do relacionamento é sublinhada na tela pela filmagem em extremo close e que invade a alma das protagonistas criando um elo emocional com a plateia. Com interpretações de perder a respiração as atrizes são impecáveis e aí está uma grande chance que Hollywood tem de premiar uma atriz de verdade - a impressionante Adèle Exarchopoulos - ela fala com os olhos, com a alma, com o coração - é um filme para ser visto sem legendas (depois, claro de dominar a história - lá pela terceira ou quarta vez)! Junto com Rachel Weizs (por: Amor Porfundo) e Cate Blanchet (Por: Blue Jasmine) aqui está a minha outra favorita a melhor atriz do ano! Um Arraso mesmo! Pela dimensão da fotografia e pelos closes (é importatíssimo prestar muita atenção aos olhos da Adèle - todo o subtexto da personagem está lá) é um filme para ser visto no cinema, muitas vezes. Mas prepare seu coração - raras vezes a paixão foi demonstrada com tantas cores no Cinema, ou melhor, com uma: Azul - a mais quente! Nota 10,0!