domingo, 16 de dezembro de 2012

Rocky II - a Revanche: o triunfo do herói simples, honesto e disciplinado


Uma máquina do tempo acaba de me transportar ao passado!
Encontrei com preço convidativo a série Rocky Balboa e, não resisti, adquirindo um exemplar do Box com a série completa.


Iniciei assistindo aquele que foi meu primeiro contato: "Rocky II - A Revanche". Filme que pude ver nos cinemas (assisti quatro vezes na época). Este filme tem um significado especial para mim. Quando o primeiro Rocky foi exibido eu não tinha idade para adentrar às salas de cinema – pois a censura do filme era 16 anos, logo, meu primeiro contato com a série foi o segundo filme!
Revê-lo 33 anos após foi, mais uma vez, emocionante. É uma sensação única assistir à saga deste gladiador moderno com quem um imenso publico se identifica.

E porque Rocky é tão querido do público?

Porque se tornou este herói tão cativante?

Quem é este “Garanhão italiano” que faz todos torcerem por ele?
É simples: Rocky é o homem comum, gente boa, trabalhador, honesto, homem de família, bom amigo e religioso. Apaixonado por sua esposa e seu filho e é um grande ser humano. Educado, prestativo, cordial, amado por todos e cativantemente simplório, para não dizer, "mente curta". Um efeito disto é sua baixa classe social em parte decorrente de sua humildade. Não sendo arrogante nem prepotente,  Rocky cativa a todos. Mas ele tem moral, ética e todos os valores que tanto buscamos nos dias de hoje (e na época do filme, é claro – o que destaca a atemporalidade da obra).

Esta simplicidade e ingenuidade aliadas ao árduo e disciplinado trabalho fazem de Rocky o vencedor que cada um de nós procura. Não aquele vencedor super-herói, mas, sim o vencedor herói – aquele que acorda todos os dias e luta para trazer o pão para casa. Luta com dificuldades para vencer sua mediocridade e simplicidade e que com muito trabalho e esforço vence! Ou seja, ele vive em cada um de nós. Cada qual com suas dificuldades e deficiências.
Os personagens são todos estereotipados: Adrian é a esposa certinha, querida, delicada, doce e amorosa. Ela vale o esforço do “macho” para protegê-la. Ela é o “anjo” do filme. Paulie, o cunhado amigo, mas de moral duvidosa; e Mickey : o velho treinador que trata o pupilo como filho, buscando assim, exorcizar nele a carreira que abandonou.

Rocky II (e todos os outros da série) segue à risca a cartilha do primeiro filme – sublinhando os valores do personagem principal e opondo-o a um inimigo mais forte – o que torna a vitória mais difícil e, portanto, mais saborosa.
Diferente de Rocky, seu criador Sylvester Stallone é um gênio (na sua área)! Grande ator (para que o papel exige) e ótimo diretor. É um verdadeiro Cristo (até carrega uma cruz em determinada cena – o que induz nossa compaixão com seu sacrifício). É ótimo para torcer a boca e expressar dor e sofrimento. Stalonne é especialista em manipulação e maniqueísmo. Confesso que nunca torci tanto num jogo de futebol como torci para que Rocky “baixasse a lenha” em Apollo Creed. Colocando os elementos na hora e na intensidade certa Stalonne emociona qualquer um – seja no despertar da esposa Adrian no hospital, seja na belíssima expressão de Adrian ao acompanhar a luta pela TV e o “eu te amo final”. É uma obra-prima de “venda de emoções”. E compramos porque queremos nos emocionar mesmo na defesa dos valores acima mencionados!

Fora as espetaculares lutas, que são editadas primorosamente, as duas grandes cenas do filme são o retorno ao treinamento com a primeira tomada de Rocky se exercitando ao amanhecer (esta sequência-montagem criou escola) e, em seguida, a linda cena em que Rocky corre acompanhado por centenas de crianças. Cena de uma beleza cinematográfica ímpar (ok, extremamente piegas, mas, qual ser humano é tão bruto e com o coração de aço que não irá sucumbir às lágrimas quando Rocky chega a o topo da escada no apogeu dos acordes da linda trilha sonora de Bill Conti?).
Para finalizar: e Apollo? (guardei ele para o final).

Ele é o vilão? Nunca! O personagem é um excelente profissional que mais funciona como o nível de conquista que todos temos que atingir do que como vilão. Apollo é o marco de superação que temos que atingir. É um ótimo administrador de sua vida e um grande atleta. Não há vilania nele. Sem ele não teríamos parâmetros para quantificar a vitória do personagem principal, e por tabela, a nossa vitória enquanto “Rockys”.
Apollo é o “mal necessário”; é o vestibular que tempos que enfrentar; o concurso no final do ano; a prova da OAB; o trabalho de conclusão de curso. Que, só podem ser vencidos com trabalho, disciplina, dedicação, humildade, otimismo e fé. Nenhum obstáculo é tão grande que seja insuperável. Sem Apollo Creed não há vitória. E só o derrotando subimos um grau acima de nossos limites.

Lamento (um pouco) que a série, a partir do terceiro filme tenha abandonado a universalidade do herói suburbano para concentrar-se em propaganda da Nação Americana, mas a incitação ao trabalho, à disciplina e a vontade de vencer continuam presentes sem abalar os valores do personagem. Nesse aspecto a série Rocky funciona como excelente exemplar de auto-ajuda revitalizando o otimismo pra vencer na vida.
Mais um dos exemplares do excelente cinema americano dos anos 70, Rocky II até hoje mantém o seu conteúdo acima da forma. Merece ser revisto de tempos em tempos para que deixemos de reclamar da vida e possamos renovar as energias em recomeçar o árduo trabalho diário com fé e esperança. E também é ótimo entretenimento para um domingo à tarde. O que dizer mais? Nota 10,0. Agora vamos assistir os outros da série! Vença sempre Rocky – estamos com você!