domingo, 16 de dezembro de 2012

Rocky II - a Revanche: o triunfo do herói simples, honesto e disciplinado


Uma máquina do tempo acaba de me transportar ao passado!
Encontrei com preço convidativo a série Rocky Balboa e, não resisti, adquirindo um exemplar do Box com a série completa.


Iniciei assistindo aquele que foi meu primeiro contato: "Rocky II - A Revanche". Filme que pude ver nos cinemas (assisti quatro vezes na época). Este filme tem um significado especial para mim. Quando o primeiro Rocky foi exibido eu não tinha idade para adentrar às salas de cinema – pois a censura do filme era 16 anos, logo, meu primeiro contato com a série foi o segundo filme!
Revê-lo 33 anos após foi, mais uma vez, emocionante. É uma sensação única assistir à saga deste gladiador moderno com quem um imenso publico se identifica.

E porque Rocky é tão querido do público?

Porque se tornou este herói tão cativante?

Quem é este “Garanhão italiano” que faz todos torcerem por ele?
É simples: Rocky é o homem comum, gente boa, trabalhador, honesto, homem de família, bom amigo e religioso. Apaixonado por sua esposa e seu filho e é um grande ser humano. Educado, prestativo, cordial, amado por todos e cativantemente simplório, para não dizer, "mente curta". Um efeito disto é sua baixa classe social em parte decorrente de sua humildade. Não sendo arrogante nem prepotente,  Rocky cativa a todos. Mas ele tem moral, ética e todos os valores que tanto buscamos nos dias de hoje (e na época do filme, é claro – o que destaca a atemporalidade da obra).

Esta simplicidade e ingenuidade aliadas ao árduo e disciplinado trabalho fazem de Rocky o vencedor que cada um de nós procura. Não aquele vencedor super-herói, mas, sim o vencedor herói – aquele que acorda todos os dias e luta para trazer o pão para casa. Luta com dificuldades para vencer sua mediocridade e simplicidade e que com muito trabalho e esforço vence! Ou seja, ele vive em cada um de nós. Cada qual com suas dificuldades e deficiências.
Os personagens são todos estereotipados: Adrian é a esposa certinha, querida, delicada, doce e amorosa. Ela vale o esforço do “macho” para protegê-la. Ela é o “anjo” do filme. Paulie, o cunhado amigo, mas de moral duvidosa; e Mickey : o velho treinador que trata o pupilo como filho, buscando assim, exorcizar nele a carreira que abandonou.

Rocky II (e todos os outros da série) segue à risca a cartilha do primeiro filme – sublinhando os valores do personagem principal e opondo-o a um inimigo mais forte – o que torna a vitória mais difícil e, portanto, mais saborosa.
Diferente de Rocky, seu criador Sylvester Stallone é um gênio (na sua área)! Grande ator (para que o papel exige) e ótimo diretor. É um verdadeiro Cristo (até carrega uma cruz em determinada cena – o que induz nossa compaixão com seu sacrifício). É ótimo para torcer a boca e expressar dor e sofrimento. Stalonne é especialista em manipulação e maniqueísmo. Confesso que nunca torci tanto num jogo de futebol como torci para que Rocky “baixasse a lenha” em Apollo Creed. Colocando os elementos na hora e na intensidade certa Stalonne emociona qualquer um – seja no despertar da esposa Adrian no hospital, seja na belíssima expressão de Adrian ao acompanhar a luta pela TV e o “eu te amo final”. É uma obra-prima de “venda de emoções”. E compramos porque queremos nos emocionar mesmo na defesa dos valores acima mencionados!

Fora as espetaculares lutas, que são editadas primorosamente, as duas grandes cenas do filme são o retorno ao treinamento com a primeira tomada de Rocky se exercitando ao amanhecer (esta sequência-montagem criou escola) e, em seguida, a linda cena em que Rocky corre acompanhado por centenas de crianças. Cena de uma beleza cinematográfica ímpar (ok, extremamente piegas, mas, qual ser humano é tão bruto e com o coração de aço que não irá sucumbir às lágrimas quando Rocky chega a o topo da escada no apogeu dos acordes da linda trilha sonora de Bill Conti?).
Para finalizar: e Apollo? (guardei ele para o final).

Ele é o vilão? Nunca! O personagem é um excelente profissional que mais funciona como o nível de conquista que todos temos que atingir do que como vilão. Apollo é o marco de superação que temos que atingir. É um ótimo administrador de sua vida e um grande atleta. Não há vilania nele. Sem ele não teríamos parâmetros para quantificar a vitória do personagem principal, e por tabela, a nossa vitória enquanto “Rockys”.
Apollo é o “mal necessário”; é o vestibular que tempos que enfrentar; o concurso no final do ano; a prova da OAB; o trabalho de conclusão de curso. Que, só podem ser vencidos com trabalho, disciplina, dedicação, humildade, otimismo e fé. Nenhum obstáculo é tão grande que seja insuperável. Sem Apollo Creed não há vitória. E só o derrotando subimos um grau acima de nossos limites.

Lamento (um pouco) que a série, a partir do terceiro filme tenha abandonado a universalidade do herói suburbano para concentrar-se em propaganda da Nação Americana, mas a incitação ao trabalho, à disciplina e a vontade de vencer continuam presentes sem abalar os valores do personagem. Nesse aspecto a série Rocky funciona como excelente exemplar de auto-ajuda revitalizando o otimismo pra vencer na vida.
Mais um dos exemplares do excelente cinema americano dos anos 70, Rocky II até hoje mantém o seu conteúdo acima da forma. Merece ser revisto de tempos em tempos para que deixemos de reclamar da vida e possamos renovar as energias em recomeçar o árduo trabalho diário com fé e esperança. E também é ótimo entretenimento para um domingo à tarde. O que dizer mais? Nota 10,0. Agora vamos assistir os outros da série! Vença sempre Rocky – estamos com você!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

007 - Skyfall - O maior Herói adulto do cinema não é mais o mesmo!


Algumas breves considerações sobre 007 - Skyfall (agora já deu tempo de assistir né?): sempre fui fã MESMO de 007. Mas porque? Ora, é simples: um agente secreto que é extremamente competente, cheio da grana, bonitão, muito bom de briga, inteligentíssimo, charmoso, educado, elegante, chique e, o mais importante, sempre se dá bem com as mulheres mais lindas (o que inclui, geralmente, a do vilão), ser tudo isso é o sonho de todo homem - homem adulto frisa-se, e não crianças e adolescentes que sonham em ser Batman, Homem-aranha ou Hulk. Pois bem, James Bond sempre foi meu Heroi (com H maiúsculo, mesmo). Lamentavelmente essas qualidades pouco a pouco foram sendo "cortadas" da série desde a entrada de Daniel Craig. Não tenho nada contra Craig - é provavelmente o melhor ator (na questão dramática) que esteve na pele de Bond, mas, sua postura é rude, não é elegante, e feio (perdão mulheres) e falta "finesse" ao tipo (Daniel - sorry - vc é nota 10 mas não como Bond). Creio que as bilheterias de Brutamondes como Jason Statham e Bruce Willis e o realismo de Jason Bourne inibiram 007 a continuar sendo o mesmo e Barabara Broccoli autorizou a imitação.   Todos dizem que Daniel Craig é Bond - mas quem diz não conhece Bond no cinema! 
Dito isso vamos ao filme Skyfall: vou ser bem matemático - vamos lá: dividindo em 3 partes - a introdução é espetacular e a abertura é uma obra-prima - assim que terminou pensei que pela primeira vez 007 seria indicado para o Oscar. O filme segue maravilhosamente bem - teoria e ação se misturam com perfeição uma luta frete a um painel de luzes é maravilhosa. Pensei -aí está o melhor filme de James Bond. Porém quando o vilão de Javier Bardem aparece a coisa degringola. Um misto de Coringa e Clodovil coloca o vilão numa posição ridícula. Não estou falando mal de Bardem que é um excelente ator e entrega uma caracterização excelente – mas não para um filme de 007. O filme até que consegue manter o fôlego mesmo com a afetação de Bardem, mas quando chega uma fuga do vilão pelo metrô tive certeza que estava diante do novo filme do Homem-Aranha (que também gosto, mas, para 007 é infantil demais).
Até aí a coisa anda, porém, é na terceira parte do filme que “desanda a maionese” mesmo! (atenção SPOILLERS - se vc não viu, não leia). Cercados em uma cabana sem armas Bond, M e o padrasto de 007 irão estar em situação plagiada de “Sob o domínio do Medo” de Sam Packinpah – e o pior – com artimanhas McGyver (ora, M fazendo “bombinhas” com lâmpadas é ridículo) neste ponto o filme deixa de ser 007 e passa a qualquer faroeste caipira. Ah, e 007 já não pega mais mulheres (só uma - o que é pouco para um 007!
Bem – matemática é matemática – qual a nota? 1ª parte – 10,0! 2ª parte – 6,0. 3ª parte - 4,0. 007 Skyfall ganha: 6,6. Que pena – tanto tempo esperando e agora acho que “enterraram” Bond de vez. É o sinal dos tempos – 2012 foi o ano que tudo acabou – pelo menos para James Bond – aquele do cinema!    

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Katy Perry – Part of Me (3D). Trabalho, crises e lágrimas nos bastidores da “Terra dos Doces”.


Já conheço o trabalho da Katy Perry há alguns anos – meu primeiro contato foi com o polêmico clip pseudo-lésbico de “I kissed a girl” e, de imediato percebi três coisas: ela é impressionantemente linda e carismática, a música é muito bem concebida e o timbre da voz da moça é delicioso – puxado para o rouco e com a delicadeza e suavidade necessárias para o estilo.
Sempre que nos deparamos com alguém que teve um sucesso meteórico temos a tendência de afirmar que: “é produto da mídia”, “é empulhação”, “ela não canta nada, não compõe, só chega no palco e canta” , “há uma banda profissional contratada para a parte musical e se ela não é boa ninguém percebe”. Ok, existem casos (como Britney Spears) em que realmente falta voz, mas não é o caso da Perry, que esbanja talento ao desfilar no seu palco “Terra dos Doces”.
Depois que assisti aos vídeos de “Land of Confusion” e “Invisible Touch” do Genesis (sem comparação com a Katy, claro) aprendi que temos que buscar a construção melódica e harmônica que há por trás de uma música, pois, muitas vezes a embalagem Pop oculta grandes melodias e cadências harmônicas. 
No caso de uma Estrela de Grande Porte e queridinha dos adolescentes, nos esquecemos que  para chegar ao topo todo artista sofre, trabalha, compete, luta para impor sua identidade pessoal e musical e se decepciona inúmeras vezes e, aqueles que não “aguentam o tranco” não chegam ao final da escalada. As grandes estrelas são de carne e osso como nós, sofrem, se estressam, entram em crises e passam por muitas situações bem difíceis, mas, o que chega até nós enquanto público é apenas a embalagem final.
Mas vamos ao filme:
As mais lindas cenas do show são com iluminação mais
"dark" - Katy lembra a Mulher-Gato. 
Primeiro a forma:
Kate é realmente uma bela mulher! Tem um vozeirão mesmo! As cenas de palco são belíssimas (sim, são bem melhores que as do Rock in Rio e o show é bem mais gigantesco do que o que aterrissou na “Cidade Maravilha”). Os trechos ao vivo quando assistidos em 3D e com Dolby Surround são impressionantes. É empolgante ver o show da moça no telão. O palco, nos momentos mais “dark” em que os tons escuros dominam (coisa que não teve aqui no RIR), fica magnífico. 
Depois o conteúdo:
Anos de trabalho para chegar a ser notada pelas gravdoras
Katy é uma mulher de fibra! Sofreu o diabo para aparecer no show business. Não foi fabricada. O filme revela em detalhes quantas vezes ela foi rejeitada pelas gravadoras e as inúmeras vezes em que, mesmo com o aval do grande Glen Ballard (produtor e co-autor das melhores músicas da Alanis) não se curvaram ao talento da moça buscando rotulá-la como tantas outras.  Katy Compõe mesmo! Só estourou no momento em que não se deixou manipular. É feia quando acorda (acreditem, ela é humana e pode ser feia como qualquer um de nós ao sair da cama)! E sofre mesmo quando Russell Brand dá um fora na moça. Katy chora de emoção (honestamente mesmo!) quando os fãs prestam homenagem em uníssono no Brasil e quando recebe os fãs no camarim é muito simpática.
Katy e....quem será?
Aliás, a homenagem que ela presta à Alanis é excelente – realmente a Musa de Ottawa influenciou muitas gerações e continua influenciando.
É até surpreendente que uma criança chegue ao camarim e diga que sua música preferida da Perry é a lindíssima "Pearl".   
Momentos sem maquiagem mostram o lado
humano da cantora
Fica uma lição de vida: trabalhe sério pelo que você quer. O sucesso não vem de graça e acontece gradativamente (e não do dia para a noite). O que vem de forma instantânea é a exposição da pessoa e do seu trabalho ao público. Mas tudo que chegou nesse nível passou por anos de preparação e é assim com tudo na vida (profissão, amor, maturidade...).
A bela irmã Angela Hudson
Então, “Part of Me” expõe duas frentes: a Kate gigantesca, excelente cantora e compositora. E a Perry fragilizada, delicada e melancólica. 
Pontos positivos: ora, todo o filme, que não deixa a peteca cair, o impressionante palco e o desenho de iluminação, ambos espetaculares.  O 3D é ótimo! 
Katy prepara um sorriso após ter ido às lágrimas
Ponto negativo: muitas partes do filme são em 2D (não entendi porque não tentarem pelo menos converter...) 

Ponto para Katy que acreditou no seu trabalho e chegou lá. O resultado está no palco!  Nota: 8,5 parabéns Perry, valeu o trabalho!

sábado, 28 de julho de 2012

Batman, O Cavaleiro Das Trevas Ressurge: Christopher Nolan prova que os filmes de heróis amadurecem...e o público também!


Em "Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge", mais uma vez Christopher Nolan confirma seu talento, competência e inteligência com outra obra-prima policial protagonizada pelo Justiceiro Mascarado.

O filme é impecável do início ao fim. Desde a abertura até o acender das luzes não consegui desgrudar os olhos da tela. É clímax atrás de clímax. A ação é surpreendente, a estória impressionante, os efeitos especiais, gigantescos, e o roteiro não deixa tempo para o público respirar. Mesmo com 2h 45 de projeção, ao terminar dá pena de saber que vamos levar muito tempo para ver outro espetáculo dessa estatura.

As cenas de ação na meia-hora final deixam as de “Os Vingadores” no chinelo (ou mais abaixo).

Antes de comentar o novo Batman vou ressaltar que simplesmente me recuso a descrever qualquer cena, detalhe, diálogo, ou até mesmo figurino e desenho de produção. O terceiro Batman tem que ser visto no cinema e nos primeiros dias de seu lançamento. Quem revelar qualquer detalhe do filme, das cenas ou sua trama estará cometendo um “crime” contra os espectadores.

Este comentário terá, necessariamente, que ser feito em duas partes: na primeira, que estou publicando agora não revelo os detalhes do filme. Depois que "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" sair de cartaz nos cinemas publicarei a segunda parte – claro, alertando sobre os spoilers – comentando as cenas de maior impacto e sua respectiva qualidade técnica e conceptiva. Revelar algum detalhe deveria submeter o infrator a ser punido com “porradas” dos maiores vilões de todos os tempos. Gente do calibre de: Darth Vader, Thulsa Doom, Jaws (007), Oddjob (007), Agente Smith, Saruman etc... (estou preparando um texto especial com os maiores vilões de todos os tempos).


Mas vamos ao filme: Batman – "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é uma obra-prima em todos os sentidos: O melhor filme de heróis já feito (rivalizando com o segundo Batman da trilogia), excelente como policial, filme de ação e roteiro adaptado. Maravilhoso na construção dos personagens. Com diálogos de grande inteligência, cenas parar o coração e uma edição de cenas que me fez lembrar meu estado de “adrenalina mental” que fiquei quando saí de “Assassinos por Natureza” de Oliver Stone.

Christopher Nolan, junto com David Goyer, concebeu, mais uma vez, uma estória inteligentíssima e, com a colaboração de seu irmão Jonathan Nolan, roteirizou de forma magistral este terceiro capítulo desta série Batman.


O que posso dizer é que existem filmes de heróis. E existe o Batman de Nolan, infinitamente superior a todos os outros os filmes do gênero. A diferença é tamanha que esta trilogia deveria ser classificada em separado, sem ser misturada com Hulk, Elektra, Quarteto Fantástico, Os Vingadores e outras “sessões da tarde” do gênero.

Nolan é um dos diretores mais inteligentes da atualidade. Quando realiza seus filmes autorais, estes são originalíssimos, altamente técnicos e com verdadeiras “teses”, ou seja, para gente inteligente, como é o caso de “A Origem” e “O Grande Truque” duas fantásticas obras para um público exigente. Pessoas que têm cérebro dentro da caixa encefálica ao invés de vento! O cara é um fenômeno – e não se chama Ronaldo!



Batman foi reinventado várias vezes. Originalmente criado por Bob Kane em 1939 (não sei muito sobre a História dos quadrinhos) e, posteriormente, sofreu várias modificações. Comecei a acompanhar o Cavaleiro das Trevas nos anos 70 quando a TV passava a série com Adam West e Burt Ward. O Justiceiro Mascarado ressurgiu mais uma vez nos quadrinhos, mais realista, violento e agressivo repaginado por Frank Miller nos anos 80. Após, retornou aos cinemas na versão do diretor Tim Burton que transformou o herói num personagem sombrio, mas alegórico. O Coringa de Burton, então, é uma caricatura dele mesmo! Assim que Burton abandonou o projeto a série cinematográfica virou um circo para crianças o que levou a Warner a suspendê-la. Mais tarde Nolan resgatou o personagem com a referida inteligência transformando Batman em entretenimento para adultos, e para os inteligentes.

Como falei, não posso contar nada sobre filme, então, apenas comentei que a estória é muito bem bolada e o roteiro é um primor de construção. Falar mais seria entregar o filme. Logo, vamos aos personagens:

Bruce Wayne continua reservado e enigmático, guardando seus segredos e contendo as emoções, coisa que Christian Bale faz com perfeição. Seu Batman é triste, melancólico e com uma dualidade interna sobre sua conduta.


Gary Oldman com a competência de sempre, quando surge marca a cena, característica do também veterano Morgan Freeman, também genial. Michael Caine dispensa comentários, mas, desta vez seu personagem carrega densidade dramática maior. Caine protagoniza duas cenas que podem lhe render uma indicação ao Oscar de coadjuvante (como quase todo o elenco. Aliás, não sei como não há uma categoria da Academia para o “conjunto do elenco”. Neste filme todas atuam com perfeição).


Os novos nomes no elenco são perfeitos. Destaco a grande força e caráter do personagem de Joseph Gordon-Levitt. As fêmeas Anne Hathaway e a “diva” Marion Cotillard são duas feras em cena.
  

Aliás, Hathaway mostra porque é uma excelente atriz já tendo sido indicada para o Oscar (cabe lembrar que Marion Cotillard, por sua vez ganhou a estatueta por “Piaf”)! A Mulher-Gato de Hathaway é perfeita, linda, charmosa, com uma voz de derreter, fria e perigosíssima. O filme inteiro lamentei que Elektra (minha heroína preferida) nunca foi uma personagem escrita para o cinema com esse teor e vivida por uma atriz do nível de Hathaway. Isto iria transformar minha heroína favorita na personalidade que ela merece ao invés do degradante papel de Jennifer Garner! Na pele de Mulher-Gato Hathway fala, e muito, com seus olhos por trás de sua máscara. Perfeita!



Mas a estrela do filme é o impressionante vilão Bane. Se alguém expressa tudo apenas mostrando os olhos e falando com uma voz de gelar o sangue é o vilão vivido por Tom Hardy! O ator já mostrou grande carisma em “A Origem” e, não foi de graça que Nolan o chamou para trabalhar de novo! É inacreditável que ele seja mais baixo que Christian Bale. Não parece mesmo graças aos enquadramentos e montagem! Bane é gigantesco, ameaçador, assustador mesmo. Mata sem dó! Ao contrário, executar suas vítimas é como se um “Deus do Mal” esmagasse os humanos com pena, desprezo e indiferença como quem mata um mosquito ao se sentir picado. Desde já Bane entrou na lista dos maiores vilões de todos os tempos. Lembra os bons tempos de: Thulsa Doom, Darth Vader, Agente Smith e muitos outros. Bane é como um “misto” de Philip Anselmo, Kerry King e Humungus (alguém lembra Mad Max 2?). O Ator Hardy também foi visto em “O Espião Que Sabia Demais”. Aqui ele não só "sabe" como também "atua demais". A presença de Bane é tão forte que torcemos para ele entrar em cena. Mesmo atrás da máscara o ator entrega um vilão com vida, inteligência e personalidade. Tão bom quanto o Coringa, Bane é impecável! Se o vilão de Heath Ledger era “Marilyn Manson” o de Tom Hardy é o “Dimmu Borgir” inteiro!


Não irei me admirar se o filme for indicado aos Oscar de filme, ator coadjuvante (Hardy e Cane), diretor (óbvio), roteiro adaptado, efeitos especiais, desenho de produção, fotografia, trilha sonora, som e efeitos sonoros. Este terceiro Batman merece tais prêmios. Será a primeira vez na História do cinema que um filme “de herói” merece ganhar o Oscar – mesmo!

É, pessoal, os heróis cresceram. Agora eles estão mais adultos. E sob a batuta do maestro Nolan, sair da puberdade não é só mostrar sangue e violência, e sim confiar que o público entenderá uma estória complexa. Nolan acredita que seu público amadureceu também. 

O que será que o diretor vai fazer agora que assumiu a feitura do próximo Super-homem? Uma coisa é certa: podemos estar certos de que nossa mente sairá do cinema maior do que entrou, afinal, não é qualquer dia que ouvimos uma estória contada por quem realmente sabe. Não há uma nota maior, então, é 10,0! Sem hesitar! 

sábado, 21 de julho de 2012

Shame: uma obra-prima que mostra mais do corpo do que da psique dos personagens.

Outro filme que esta semana me perturbou muito foi o impecável "Shame". 

Impressionante relato de uma personalidade perturbada e obcecada pelo sexo o filme é "seco", "asséptico" e isento de julgamentos. 

Dirigido pelo inglês  Steve McQueen (que nada tem a ver com o ator) o filme capricha na interpretação dos atores. São de parar o coração as interpretações do genial Michael Fassbender e da perfeita Carey Mulligan. Há cenas impecáveis pelo ritmo nas quais o espectador não consegue tirar os olhos da tela. 

Destaco a primeira sedução no trem (o jogo de olhares é magistral), o jantar do personagem de Fassbender com a colega e a impecável cena dele com Mulligan em um sofá fotografada pelas costas dos personagens. Impressionante! Os dois deveriam ter sido indicados para o Oscar e, merecidamente, ganho! 

Respostas é o que o filme não oferece. O público fica sem saber a motivação do personagem, e, por isso falei acima "relato" e, não, "estudo" - nada que se passa pela cabeça dos personagens é revelado e, este enigma é o que torna o filme tão perturbador. 

A crítica reclamou do excesso de nus frontais de Fassbender, mas, as mulheres devem gostar. Por outro lado, pelo menos para nós, homens, há um relance de nu forntal da Carey Mulligan, ainda que em frente ao espelho. 

Entretanto, mesmo desnudando o corpo dos personagens o que se passa pelas suas cabeças permanece oculto. E isso perturba muito mais que a genitália exposta dos atores. Um filmaço! nota 9,0!    

Trainspotting: uma geração muito "contra' e pouca "cultura"!


Interessante porque não foi programado e, sim, coincidência, que essa semana assisti a um filme no mesmo tema de "Na Estarda" - aquele que é considerado o "Laranja Mecânica" dos anos 90 - o maravilhoso "Trainspotting". 

Esta obra lembra a rebeldia de "Na estrada", porém, aqui os personagens não têm qualquer traço de intelectualidade. Ao contrário, como afirma o protagonista no início - a lei aqui é fugir do convencional, mas, para o "mal", para se aproveitar, nem que seja roubando dinheiro ou uma fita de vídeo de um amigo e não devolvê-la mesmo sabendo dos terríveis resultados. 

"Transpotting" me perturbou muito quando assisti. Parece comédia, mas, não é! É um filme terrível em que os personagens têm que conviver com as duras consequências de seus atos. Um grupo de desajustados que se auto-alimentam da própria e estúpida  inconsequência, o que culmina com a impressionante cena do Bebê (que, além de me causar profundo mal-estar quando assisti me perturba até hoje). 

Realmente o filme é a "Laranja Mecânica" dos anos 90. Dirigido pelo genial Danny Boyle (oscarizado por "Quem Quer Ser Um Milionário") e semelhante em muitos aspectos e evocando várias das tomadas do filme de Kubrick (chegando a ser explícito em uma cena que se passa em um bar semelhante ao Milky-Bar Korova) o filme é praticamente todo fotografado em grande angular o que além de causar tontura no espectador, evoca o olhar subjetivo da pessoa drogada (tal qual Kubrick faz em Laranja Mecânica). A procura da droga no vaso sanitário, então, é um primor de Humor-negro. 

Impressionante, perturbador, sempre atual e enormemente artístico, "Trainspotting" é uma das maiores obras do Gênero cinema-drogas. Uma crítica contundente feita com personagens que, como, os de "Na Estrada" buscam o prazer, porém, aqui não há nada de contra-cultura. Neste caso só há o contra! De cultura os delinquentes de "Trainspotting" não têm nada! Nota 10,0!     

Na Estrada desperta emoções diversas no espectador pela inconsequência dos personagens.



Conheço muito por cima os escritores da geração Beatnik. Ainda vou fazer um estudo do movimento e publicar alguma coisa por aqui. O que conheço vem do filme "Sociedade dos Poetas Mortos". Mas sei que eles influenciaram toda uma geração na contracultura e o movimento culminou com os "Hippies". 

Bem, fui assistir "Na Estrada" hoje e me surpreendi - nem tanto com o filme, mas com minhas reações diante da tela. A princípio comecei achando o filme bem monótono e imaginei que iria ser difícil assistir 2h20 naquele ritmo. 

Entretanto, conforme vai passando a "jornada" em busca do prazer e da liberdade dos personagens, o filme se torna mais e mais interessante, pois, a cada momento os personagens, liderados pelo carismático e de espírito livre Dean Moriarty, quebram mais barreiras e destroem os valores da sociedade americana conservadora. Imagino que, na época do lançamento do livro, deva ter sido uma verdadeiro escândalo. A aventura deles destaca todo tipo de amor livre, muitas drogas, viagens em alta velocidade e muitos, mas, muitos cigarros e álcool. 

Creio que o personagem Sal (brilhatemente interpretado pelo espetacular Sam Riley) é o alter-ego do Kerouac. Ele faz o olhar do espectador, que, não entra a fundo nas aventuras de Dean, mas acompanha de perto toda a jornada desde a expressão da liberdade até as consequências dos seus atos irresponsáveis, destruindo a vida de suas mulheres. 

Perfeitamente dirigido por Salles o filme é uma beleza em termos de interpretação. Os atores estão excelentes, com personalidades profundas e densos em suas dúvidas paixões e decepções. Neste último quesito saliento Kirsten Dunst e Kristen Stewart (que cada vez mais se liberta da Bella de Crepúsculo - graças a Deus, e, aos diretores é claro). Minhas emoções ao assistir foram quase opostas (será que estou ficando conservador?). 

Fiquei emocionado com a amizade dos protagonistas, empolgado com as paixões, comovido com as decepções e terminei o filme profundamente tocado e com tristeza de ter visto os efeitos da liberdade sem freios. 

Porém, fiquei feliz porque um grupo de seres humanos, pelo menos, libertou-se contra os limites impostos pela sociedade conservadora e, alguns dias, viveu a vida intensamente. Mais uma obra da contracultura que o cinema embala para eternizar uma época em que a juventude tinha intelectualidade para buscar as cores da vida......e não ficavam apenas atrás de telas de vídeo-game. 

Nota 8,5! Detalhe: a cada ator conhecido que faz suas pontas o filme fica mais interessante. É surpreendente vê-los em cena!

domingo, 15 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha - mais espetacular que os efeitos é a qualidade do elenco! Herói humano, real!

Daí Galera - acabo de sair do "Espetacular Homem-Aranha". Aqui vai meu breve cometário: 

Não precisa o espetacular do título - o filme tem cenas espetaculares mesmo - mas que titulozinho bem brega, não? 

Se o filme é bom? Ora, claro, como uma produção cuidada dessas, milionária e como uma gigantesca equipe extremamente profissional não vai ser? 

O filme não pára o tempo todo, tem cenas antológicas (a do carro na ponte é perfeita, a com o Stan Lee na biblioteca, então, é uma obra de arte, as lutas com o Lagarto são muito legais - não são tipo "Transformers" onde a velocidade impede o espectador de ver). 


A estória flui perfeitamente, os personagens desenvolvem-se com tempo suficiente em cena e as relações humanas são desenvolvidas pelo diretor Marc Webb (da obra-prima 500 dias com ela) de forma extremamente satisfatória.

O elenco é fundamental para a estória se desenvolver com
verossimilhança. 
  
Pontos baixos do filme: após a adaptação do Sam Raimi NÃO PRECISA CONTAR DE NOVO A ORIGEM DO CARA - todo mundo já está "careca" de saber da picada da aranha - gente, perder quase metade do filme para contar uma coisa que todo mundo já sabe e o Sam Raimi já adaptou - há POUCO tempo, é dose! Desnecessário! 
O vilão Lagarto preparando sua "metamorfose".
Pontos altos: o elenco é maravilhoso: Sally Field e Martin Sheen dão um banho! E Emma Stone é excelente, mas, justiça seja feita - o Galã (??? sei lá...pode ser...carismático o cara é mesmo) Andrew Garfield é um grande ator! Melhor ainda que a caracterização (perfeita) do Tobey Maguire. Nunca nas telas o Homem-Aranha foi tão humano, orgânico, sensível, vulnerável e exibiu dúvidas interiores e emoções tão genuínas! Se o filme vale, nem é só pelo Homem Aranha mas pela força que Garfield impõe na tela. 


Stan Lee participa de uma das cenas mais originais do filme.

No mais - diversão garantida como todo filme de heróis, com direito a muitas lágrimas e aplausos! Ainda dá tempo de ver, então, vamos ao cinema galera! Recomendo - nota 9,0!     

domingo, 24 de junho de 2012

Branca de Neve e o Caçador - um genial retorno à esência perdida dos filmes medievais! (nota: 10,0!)
Estou escrevendo este comentário no calor da emoção. E não tem outra forma de fazê-lo. Acabo de assistir ao maravilhoso "Branca de Neve e o Caçador". Estou em êxtase completo! Uma das sensações mais legais que posso experimentar é sair de um filme com a sensação de que ele cumpriu totalmente sua missão. Pois bem: "Branca de Neve..." cumpre! E muito mais do que eu esperava! Esqueça tudo que você assistiu em termos de filmes medievais depois do marco "Excalibur" - tudo o que veio depois (exceto o primeiro Conan, que, na realidade não é medieval, assim como os ótimos 300 e a trilogia "Senhor dos Anéis") não chegou perto do clima e da essência da lenda do Rei Arhtur dirigida por John Boorman. Esqueça tudo desde o razoável "Gladiador" até os péssimos "Rei Arthur" e "Cruzada". "Branca de Neve..." retoma o rumo perdido desde os anos 80 e o diretor, o estreante Rupert Sanders volta à essência antiga. Desde o trailer eu já tinha noção de que o filme seria excelente e ao inciar a projeção a beleza tomou conta da tela do início ao fim. Sem "truquinhos Ridley Scott em câmara lenta", sem "olhinhos arregaladinhos Russell Crowe", sem "vozinhas graves sou machão" (exceto algumas coisas do Chris Hemsworth - que mesmo assim desempenha muito bem seu papel). Aqui a disputa é entre as mulheres e as duas "feras" mostram as garras de verdade! Lindíssima adaptação do conto de Branca de Neve o filme é tenebroso, sombrio, realista (até onde pode), fantasioso (idem), poético e...sério. Não tem piadinhas como na ridícula adaptação da Branca de Neve feita pelo Tarsem Singh (UGH!)

O genial filme de Sanders é mais ou menos o "Senhor dos Aneís" do gênero (claro, guardadas as devidas proporções da produção) e é impecável do início ao fim.
As cenas de ação são à moda antiga - orgânicas e sem caricaturas
e câmara lenta.
Kristen Stewart tem melhorado cada vez mais como atriz.
Demonstra paixão, melancolia, fúria, desespero... 
Claro que se o comentário não fosse ficar muito longo caberia uma análise mais psicanalítica dos personagens - a disputa entre duas fêmeas pelo trono, a disputa entre  filha e madrasta, a sucumbência do homem frente à beleza da mulher, o uso da beleza pela mulher como forma de vingança. Tudo tratado em alto nível. Mas não podemos esquecer que estamos tratando de cinema e a emoção é o sentimento mais importante que brota na tela, como o cinema deve ser.  Os vilões são excelentes com destaque para o irmão da rainha. Focando as cenas em closes, inclusive nos dentes do ator, a presença deste é assustadora como um verdadeira marionete da rainha, pronta para matar. Os sete anões aqui são representados magistralmente (pela primeira vez no cinema vejo uma adaptação de Branca de Neve que não caracteriza os anões como tipos circenses). Ian McShane, Bob Hoskins, Nick Frost e outros dão vida e força aos personagens. Os cenários são lindos: sombrios e assustadores; belos e lúdicos; frios e brancos muitas vezes contrastando com um vermelho carmim deixando um efeito espetacular.

Kristen Stewart cada vez mais se destaca como atriz. Sua Branca de Neve tem paixão, melancolia, fúria, desespero, amor, saudade... com olhos muito expressivos ela compõe a personagem que é humana e o retrato da bondade e pureza sem ser exageradamente maniqueísta. O elenco de apoio é prefeito e as adaptações feitas no roteiro são inteligentíssimas, como a aldeia das mulheres que não ousam ser belas para não afrontar a rainha - uma das ideias mais belas da adaptação. 
Charlize Theron protagoniza uma excelente vilã: assustadora,
profunda e real

Enfim guardei um espaço nesta terceira parte para falar da espetacular Rainha vivida pela maravilhosa Charlize Theron. Se Charlise foi o grande "desperdício" do filme Prometheus, aqui ela entrega um papel para "indenizar" o público por mais 10 anos. Sua composição da Rainha é perfeita! Os olhos da fera são profundos, assustadores. Sua fúria é orgânica, real, marcada por um passado de dor e rejeição. Uma personagem com grande profundidade e em minha opinião o grande brilho de filme é dela. Magistral e com a elegância e crueldade necessária a Rainha assume o trono com autoridade e força como se espera de uma vilã. Dá pena da Rainha personificada pela Julia Roberts (aliás dá pena de tudo no filme ridículo do Tarsem). Além disso é uma das oportunidades de ver Charlize lindíssima talvez como nunca em sua careira! Eu já a indicaria ao Oscar do ano que vem - só não sei se de atriz ou coadjuvante tamanha a força que sua presença assume na tela.
Enfim, me apaixonei pelo filme - desde já é filmoteca básica. Quero comprar em DVD e ver de novo mas não logo, para não perder o sabor que a primeira vez me causou. Fui às lágrimas várias e várias vezes no filme. Desde a cena de abertura. Não só o visual é lindo como a sensacional trilha sonora de James Newton Howard (que vou comprar assim que encontrar). É comovente! E ao final, quando achei que deveria ter levado vários lenços para o cinema vêm a cereja do bolo - os belíssimos créditos final ao som da nova e perfeita canção da melhor banda da atualidade - Florence + the Machine. Aí o coração não aguentou. Pela primeira vez não escondi as lágrimas do público na saída de um filme. Não precisava - pelos aplausos que ouvi ao final e pelo silêncio durante toda a projeção percebi que o filme era um espetáculo tão cativante que todos compartilhávamos a mesma emoção. Nota 10,!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Florence + the Machine – Summer Soul Festival - Florianópolis 28.01.2012. (um comentário extremamente apaixonado e nem um pouco isento)


No dia 28 de janeiro de 2012 houve o Summer Soul Festival aqui em Florianópolis. As atrações da noite eram: Rox, Florence + the Machine e Bruno Mars. Fui para assistir Florence + the Machine, banda que me apaixonou quase à primeira vista. Cheguei no Summer bem cedo para conseguir uma vaga próxima das entradas o que me daria um certo conforto por ficar no carro ao invés de estar de pé até a abertura dos portões.

O que me levou ao show foi o seguinte: Há menos de uma semana do show eu nunca tinha parado para dedicar minha atenção para uma banda chamada Florence + the Machine. Confesso, preconceituoso, li de relance uma reportagem em uma revista de grande circulação (não especializada em música) e não me interessei porque geralmente este tipo de publicação só se refere a bandas “moderninhas” sem um pingo de criatividade – coisas do nível de “The Strokes” e outras que se importam mais com a moda e com os cabelos do que com a música. Imaginei que Florence + the Machine era uma coisa chatíssima e interminavelmente arrastada como a narcótica “Cat Power”.

Também achei que o show seria na casa mais conhecida do centro daqui – que, para qualquer ser humano de menos de 1,94m, fica bem difícil assistir. Logo, não me interessei pelo show - apenas lamentei que eu teria curiosidade de ver Florence ao vivo para pelo menos conhecer o estilo.

Um belo dia me deparei com o cartaz do Summer Soul Festival e quando soube que iria ser no Stage Park – o melhor lugar para se assistir a um show grande em Floripa - logo me interessei. Disse para mim mesmo: “vale a pena ir e o ingresso de pista não deve estar caro”!

No domingo anterior ao fim de semana do show resolvi então conhecer a banda – relaxei, respirei e entrei no youtube. Digitei o nome da banda e abri o primeiro clip. Veio "Rabbit Heart".

Pronto! Nunca mais minha vida será a mesma (é sério – foi mais ou menos como fiquei quando ouvi o Concrete Blonde) – um clip de altíssimo bom gosto, figurinos estilo neo-clássicos, um jardim belíssimo e no centro a Florence Welch esotérica como uma fada, um Anjo, um ser místico, mitológico. Algo que, a meu ver, definia o conceito de beleza . O vídeo plantou uma semente que rapidamente floresceu (sim, com o trocadilho!) no meu coração.

Florence é a vocalista mais bela da atualidade. NADA, mas NADA mesmo, nos dias atuais, se compara à beleza dela enquanto ser completo: é linda, tem uma voz maravilhosa, tem uma presença marcante, compõe de forma profunda e tem uma expressão corporal capaz de destruir o coração de qualquer monarca. Afrodite, Igrayne e Helena de Tróia na mesma pessoa. É a Deusa música em forma humana, um espírito que lindamente baila movendo as energias ao seu redor. Está acima do que vemos diariamente como “beleza”. Não é a beleza estética ditada pela publicidade, e sim uma alma feminina materializada. Um instrumento orgânico de produção de arte. E, claro, nada disto valeria tanto se a música não fosse, da mesma forma, lindíssima! Em seguida assisti aos clips de “What the Water Gave Me” e “No Lights, No Lights” para os quais não existe a possibilidade de atribuir nota inferior a 10,0.

Mudaram meus planos: Que pista que nada! Preparei-me para comprar o ingresso no melhor lugar – camarote VIP, afinal, está sendo oferecida uma oportunidade de estar por alguns momentos no Paraíso e eu iria me sentar no chão? Nem pensar!

Não só Florence é linda – Isabella “Machine” Summers também é belíssima – guardadas as devidas proporções, afinal, Florence é uma estrela. A música é a fusão perfeita do POP com New Age, ritmos tribais, harpas, teclados, e, claro, a lindíssima voz da Musa Florence que deixou Sarah Brightman, Enya e Loreena Mckennitt na categoria de estagiárias. O som da banda tem peso, corpo, coesão, ritmo e é doce, lírico e reflexivo. A  música  de Florence e sua Máquina não encontra rival no panorama musical atual.

Passei a semana inteira só ouvindo a banda para conhecer e saborear como um vinho raro o momento em que estaria no show.
Obs: as fotos abaixo - em péssima qualidade foram tiradas por mim (sorry) - estão aqui só para registrar o momento - lamentavelmente não sairam boas...

Vamos ao show: a abertura foi a cargo do vozeirão da ROX – mistura de Amy Winehouse com Tina Turner e Sandra de Sá. As gravadoras estão desesperadas mesmo para preencher o vazio da Amy, pois, não se conformam ter perdido a “galinha dos ovos de ouro” (com o devido respeito Amy...). Senhores produtores: o que chama atenção é algo novo! Por mais que seja bem influenciado pelo antigo. Agora querer vender por quilo algo que recém estourou só queima o estilo. E chega de ficar achando que só eram boas as divas de antigamente (concordo com o discurso do Woody Allen em “Meia-Noite em Paris).
Rox fez a abertura da noite com muito soul e pop.

Ok, foi um bom show da ROX – gostei muito da linda baixista (muito elegante) e do guitarrista e sua Fender tele com timbre claro e limpo com efeito de vibrato. Muito bom o som mesmo. Mas.....feito na Terra. Nada de divino e nada de inovador.

Ao terminar o show da ROX – tudo mudou – A equipe trouxe uma harpa no palco. A partir daí era possível perceber que o nível e o clima havia mudado. Um simples palco se tornava um santuário e algo de místico envolvia o local.
O clima no palco mudou com a entrada dos instrumentos da
Florence + the Machine

Então após um tempo a harpa começou a soar e a banda entrou no palco liderada por Isabella “the Machine” linda! Elegante! Com teclados muito característicos e únicos.

Então o espetáculo começou. Os primeiros acordes de “Only it for a Night”. Eram as trombetas que anunciavam o Anjo chegando.

E lá veio ela.

Delicada, educada, refinada, humilde, profunda, mística, esotérica...não há vocabulário capaz de descrever a pureza de Florence. Foi tão aplaudida ao surgir no palco que não conseguia conter a emoção de ver tantas pessoas enlouquecidas gritando seu nome. Ela ficou totalmente emocionada e sentia muita felicidade por ser tão querida pelo público.

Gestos doces, elegância e refinamento são as caracteristicas de
Florence Welch.

Ao terminar a primeira música os primeiros acordes de “What the water gave me” mostrou que o show não ia ser muito leve. Já era possível perceber porque afirmei acima que Florence é superior às suas colegas New Age.

 Ao meu lado tinha um trio empolgado, pulando e incomodando as pessoas com seu descontrole desproporcional à filosofa do show. Sequer prestavam atenção à perfeita execução da Minha Musa.  Mas, como “a música acalma os animais” (hehe), o alto nível da arte apresentada pela Florence foi aos poucos hipnotizando a galera e se instaurou um clima de respeito por uma cerimônia tão profunda e delicada – mesmo que tribal e pesada em muitos momentos.

Alias, é de destacar os contrastes dinâmicos da banda – o que cria um tapete perfeito para que ela use e abuse do seu perfeito vocal – afinadíssimo, intimista em certos momentos e potente e agudo como o canto de uma sereia em outros. A Rainha é gigantesca em seu talento. Não há como negar – só quem tira a espada da pedra nasceu para o trono. É alma e não vontade. E ela foi abençoada com a Majestade – ninguém mais ocupa esse lugar.
Imagens no telão que simulam vitrais - bom gosto visual.

Florence é levíssima em palco, flutua como se seu pés não tocassem o chão, toca a cabeça de cada músico passando uma aura de benção. É querida, amável e doce com todos os músicos e com a plateia. Sua humildade é tão marcante que chegou a pegar um papel que lhe foi atirado no qual estava escrito “I love you Florence” e o dobrou com imenso carinho beijando-o em seguida.

Seus gestos são mágicos. Ao reger sua orquestra ela é suave como as flores que se curvam ao doce toque do vento. Suas mãos tecem uma teia imaginária que nos envolve hipnoticamente. Um lindo transe, como se nada de mal no mundo pudesse nos atingir. É um beijo na alma estar diante de Florence. Um êxtase. A experiência do amor puro, único.

Envolta num lindíssimo manto verde azulado (creio que se chama "caftã" - não entendo de moda...) e num cenário que simula vitrais. O show é de uma elegância ímpar.

O repertório é muito bem escolhido com destaque para “Never Let Me Go”, “What The Water Gave Me", "Rabbit Heart (Raise It Up)", "No Lights No Lights"... Todas as músicas são excelentes. Só uma coisa entristece: a curta duração do show (por volta de 45 min), pois, depois de entrar no Paraíso quem quer sair?
Mesmo com carcaterísticas New Age o
show foi bastante pesado

Creio que o Criador não irá me fazer essa desfeita e tenho fé em ver, logo, logo, a Florence voltar com seu show completo.

 A pesada “No Lights, No Lights” fechou o show. Vi já com grande saudade os lindos cabelos ruivos da Elfa sumirem na escuridão do palco. O show terminou. Desci do paraíso e voltei à terra.
Com um timpre belíssimo Florence usa e abusa dos contrastes
dinâmicos nos vocais.

E depois? Bruno Mars. Quem???...Ah...um “novo Michael Jackson” que fez um show excelente! Ótimos músicos. Ele é um cara bem legal! Gente fina! Delicado e sedutor com as mulheres (um pouco brega talvez). Os músicos são engraçadíssimos – como se o Outkast encontrasse o Sly and The Family Stone. O baixista é uma figura à parte. Magérrimo e com muito swing! Não parou o tempo todo.

Mas...

Um show normal. De volta ao Planeta Terra...(snif...)

E agora....é aguardar que a gigantesca emoção de ter visto uma Fada faça raízes em minha alma e sentir essa semente da consciência crescer. A música enobrece a alma e transforma a brutalidade do ser em ternura. Processo enormemente acelerado quando tocamos uma presença divina.

Escrevi apaixonado demais? Sim! Assumo completamente! No que tange ao tipo de alma com quem quero me relacionar ela se enquadra perfeitamente. Alimenta meu espírito e estimula minha alma a evoluir.

Para aqueles que discordam, respeito e digo que se trata apenas da minha opinião.

O encontro da minha alma foi com um espírito que considero puro em termos de arte. Ela é humana? Sem dívida, mas é porta-voz de uma arte musical que veio de algum lugar do Universo. Não diziam que as musicas clássicas pareciam tocar os céus, mas, que as composições de Mozart pareciam vir de lá? Outros gênios também recebem esta capacidade do Universo Infinito. Sob minha interpretação Florence recebeu!

Florence Forever! Te amo minha Musa! A gente vai se ver em breve! Irei compor (na minha humilde mediocridade) muitas musicas para você, meu Anjo!

Nota 10,0 – em números humanos. Inexplicável e inquantificável na escala do Universo.

P.S. Ah! Prá quem não conhece vai uma dica: Se dentre os artistas abaixo você gosta de pelo menos 3 com certeza você vai curtir Florence and the Machine:

1. Concrete Blonde;

2. The Mission;

3. Cat Power;

4. Peter Gabriel;

5. Kate Bush;

6. Loreena McKennitt;

7. Enya;

8. Dido;

9. Sarah Brightman;

10. Chantal Krevizuk;

11. Siouxie and the Banshees;

Se você não conhece nenhum destes corra atrás do material – a porta da consciência cósmica pode estar aberta na forma da música e vc está aí parado – não deixe a vida passar...vá logo!