sábado, 28 de julho de 2012

Batman, O Cavaleiro Das Trevas Ressurge: Christopher Nolan prova que os filmes de heróis amadurecem...e o público também!


Em "Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge", mais uma vez Christopher Nolan confirma seu talento, competência e inteligência com outra obra-prima policial protagonizada pelo Justiceiro Mascarado.

O filme é impecável do início ao fim. Desde a abertura até o acender das luzes não consegui desgrudar os olhos da tela. É clímax atrás de clímax. A ação é surpreendente, a estória impressionante, os efeitos especiais, gigantescos, e o roteiro não deixa tempo para o público respirar. Mesmo com 2h 45 de projeção, ao terminar dá pena de saber que vamos levar muito tempo para ver outro espetáculo dessa estatura.

As cenas de ação na meia-hora final deixam as de “Os Vingadores” no chinelo (ou mais abaixo).

Antes de comentar o novo Batman vou ressaltar que simplesmente me recuso a descrever qualquer cena, detalhe, diálogo, ou até mesmo figurino e desenho de produção. O terceiro Batman tem que ser visto no cinema e nos primeiros dias de seu lançamento. Quem revelar qualquer detalhe do filme, das cenas ou sua trama estará cometendo um “crime” contra os espectadores.

Este comentário terá, necessariamente, que ser feito em duas partes: na primeira, que estou publicando agora não revelo os detalhes do filme. Depois que "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" sair de cartaz nos cinemas publicarei a segunda parte – claro, alertando sobre os spoilers – comentando as cenas de maior impacto e sua respectiva qualidade técnica e conceptiva. Revelar algum detalhe deveria submeter o infrator a ser punido com “porradas” dos maiores vilões de todos os tempos. Gente do calibre de: Darth Vader, Thulsa Doom, Jaws (007), Oddjob (007), Agente Smith, Saruman etc... (estou preparando um texto especial com os maiores vilões de todos os tempos).


Mas vamos ao filme: Batman – "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é uma obra-prima em todos os sentidos: O melhor filme de heróis já feito (rivalizando com o segundo Batman da trilogia), excelente como policial, filme de ação e roteiro adaptado. Maravilhoso na construção dos personagens. Com diálogos de grande inteligência, cenas parar o coração e uma edição de cenas que me fez lembrar meu estado de “adrenalina mental” que fiquei quando saí de “Assassinos por Natureza” de Oliver Stone.

Christopher Nolan, junto com David Goyer, concebeu, mais uma vez, uma estória inteligentíssima e, com a colaboração de seu irmão Jonathan Nolan, roteirizou de forma magistral este terceiro capítulo desta série Batman.


O que posso dizer é que existem filmes de heróis. E existe o Batman de Nolan, infinitamente superior a todos os outros os filmes do gênero. A diferença é tamanha que esta trilogia deveria ser classificada em separado, sem ser misturada com Hulk, Elektra, Quarteto Fantástico, Os Vingadores e outras “sessões da tarde” do gênero.

Nolan é um dos diretores mais inteligentes da atualidade. Quando realiza seus filmes autorais, estes são originalíssimos, altamente técnicos e com verdadeiras “teses”, ou seja, para gente inteligente, como é o caso de “A Origem” e “O Grande Truque” duas fantásticas obras para um público exigente. Pessoas que têm cérebro dentro da caixa encefálica ao invés de vento! O cara é um fenômeno – e não se chama Ronaldo!



Batman foi reinventado várias vezes. Originalmente criado por Bob Kane em 1939 (não sei muito sobre a História dos quadrinhos) e, posteriormente, sofreu várias modificações. Comecei a acompanhar o Cavaleiro das Trevas nos anos 70 quando a TV passava a série com Adam West e Burt Ward. O Justiceiro Mascarado ressurgiu mais uma vez nos quadrinhos, mais realista, violento e agressivo repaginado por Frank Miller nos anos 80. Após, retornou aos cinemas na versão do diretor Tim Burton que transformou o herói num personagem sombrio, mas alegórico. O Coringa de Burton, então, é uma caricatura dele mesmo! Assim que Burton abandonou o projeto a série cinematográfica virou um circo para crianças o que levou a Warner a suspendê-la. Mais tarde Nolan resgatou o personagem com a referida inteligência transformando Batman em entretenimento para adultos, e para os inteligentes.

Como falei, não posso contar nada sobre filme, então, apenas comentei que a estória é muito bem bolada e o roteiro é um primor de construção. Falar mais seria entregar o filme. Logo, vamos aos personagens:

Bruce Wayne continua reservado e enigmático, guardando seus segredos e contendo as emoções, coisa que Christian Bale faz com perfeição. Seu Batman é triste, melancólico e com uma dualidade interna sobre sua conduta.


Gary Oldman com a competência de sempre, quando surge marca a cena, característica do também veterano Morgan Freeman, também genial. Michael Caine dispensa comentários, mas, desta vez seu personagem carrega densidade dramática maior. Caine protagoniza duas cenas que podem lhe render uma indicação ao Oscar de coadjuvante (como quase todo o elenco. Aliás, não sei como não há uma categoria da Academia para o “conjunto do elenco”. Neste filme todas atuam com perfeição).


Os novos nomes no elenco são perfeitos. Destaco a grande força e caráter do personagem de Joseph Gordon-Levitt. As fêmeas Anne Hathaway e a “diva” Marion Cotillard são duas feras em cena.
  

Aliás, Hathaway mostra porque é uma excelente atriz já tendo sido indicada para o Oscar (cabe lembrar que Marion Cotillard, por sua vez ganhou a estatueta por “Piaf”)! A Mulher-Gato de Hathaway é perfeita, linda, charmosa, com uma voz de derreter, fria e perigosíssima. O filme inteiro lamentei que Elektra (minha heroína preferida) nunca foi uma personagem escrita para o cinema com esse teor e vivida por uma atriz do nível de Hathaway. Isto iria transformar minha heroína favorita na personalidade que ela merece ao invés do degradante papel de Jennifer Garner! Na pele de Mulher-Gato Hathway fala, e muito, com seus olhos por trás de sua máscara. Perfeita!



Mas a estrela do filme é o impressionante vilão Bane. Se alguém expressa tudo apenas mostrando os olhos e falando com uma voz de gelar o sangue é o vilão vivido por Tom Hardy! O ator já mostrou grande carisma em “A Origem” e, não foi de graça que Nolan o chamou para trabalhar de novo! É inacreditável que ele seja mais baixo que Christian Bale. Não parece mesmo graças aos enquadramentos e montagem! Bane é gigantesco, ameaçador, assustador mesmo. Mata sem dó! Ao contrário, executar suas vítimas é como se um “Deus do Mal” esmagasse os humanos com pena, desprezo e indiferença como quem mata um mosquito ao se sentir picado. Desde já Bane entrou na lista dos maiores vilões de todos os tempos. Lembra os bons tempos de: Thulsa Doom, Darth Vader, Agente Smith e muitos outros. Bane é como um “misto” de Philip Anselmo, Kerry King e Humungus (alguém lembra Mad Max 2?). O Ator Hardy também foi visto em “O Espião Que Sabia Demais”. Aqui ele não só "sabe" como também "atua demais". A presença de Bane é tão forte que torcemos para ele entrar em cena. Mesmo atrás da máscara o ator entrega um vilão com vida, inteligência e personalidade. Tão bom quanto o Coringa, Bane é impecável! Se o vilão de Heath Ledger era “Marilyn Manson” o de Tom Hardy é o “Dimmu Borgir” inteiro!


Não irei me admirar se o filme for indicado aos Oscar de filme, ator coadjuvante (Hardy e Cane), diretor (óbvio), roteiro adaptado, efeitos especiais, desenho de produção, fotografia, trilha sonora, som e efeitos sonoros. Este terceiro Batman merece tais prêmios. Será a primeira vez na História do cinema que um filme “de herói” merece ganhar o Oscar – mesmo!

É, pessoal, os heróis cresceram. Agora eles estão mais adultos. E sob a batuta do maestro Nolan, sair da puberdade não é só mostrar sangue e violência, e sim confiar que o público entenderá uma estória complexa. Nolan acredita que seu público amadureceu também. 

O que será que o diretor vai fazer agora que assumiu a feitura do próximo Super-homem? Uma coisa é certa: podemos estar certos de que nossa mente sairá do cinema maior do que entrou, afinal, não é qualquer dia que ouvimos uma estória contada por quem realmente sabe. Não há uma nota maior, então, é 10,0! Sem hesitar! 

sábado, 21 de julho de 2012

Shame: uma obra-prima que mostra mais do corpo do que da psique dos personagens.

Outro filme que esta semana me perturbou muito foi o impecável "Shame". 

Impressionante relato de uma personalidade perturbada e obcecada pelo sexo o filme é "seco", "asséptico" e isento de julgamentos. 

Dirigido pelo inglês  Steve McQueen (que nada tem a ver com o ator) o filme capricha na interpretação dos atores. São de parar o coração as interpretações do genial Michael Fassbender e da perfeita Carey Mulligan. Há cenas impecáveis pelo ritmo nas quais o espectador não consegue tirar os olhos da tela. 

Destaco a primeira sedução no trem (o jogo de olhares é magistral), o jantar do personagem de Fassbender com a colega e a impecável cena dele com Mulligan em um sofá fotografada pelas costas dos personagens. Impressionante! Os dois deveriam ter sido indicados para o Oscar e, merecidamente, ganho! 

Respostas é o que o filme não oferece. O público fica sem saber a motivação do personagem, e, por isso falei acima "relato" e, não, "estudo" - nada que se passa pela cabeça dos personagens é revelado e, este enigma é o que torna o filme tão perturbador. 

A crítica reclamou do excesso de nus frontais de Fassbender, mas, as mulheres devem gostar. Por outro lado, pelo menos para nós, homens, há um relance de nu forntal da Carey Mulligan, ainda que em frente ao espelho. 

Entretanto, mesmo desnudando o corpo dos personagens o que se passa pelas suas cabeças permanece oculto. E isso perturba muito mais que a genitália exposta dos atores. Um filmaço! nota 9,0!    

Trainspotting: uma geração muito "contra' e pouca "cultura"!


Interessante porque não foi programado e, sim, coincidência, que essa semana assisti a um filme no mesmo tema de "Na Estarda" - aquele que é considerado o "Laranja Mecânica" dos anos 90 - o maravilhoso "Trainspotting". 

Esta obra lembra a rebeldia de "Na estrada", porém, aqui os personagens não têm qualquer traço de intelectualidade. Ao contrário, como afirma o protagonista no início - a lei aqui é fugir do convencional, mas, para o "mal", para se aproveitar, nem que seja roubando dinheiro ou uma fita de vídeo de um amigo e não devolvê-la mesmo sabendo dos terríveis resultados. 

"Transpotting" me perturbou muito quando assisti. Parece comédia, mas, não é! É um filme terrível em que os personagens têm que conviver com as duras consequências de seus atos. Um grupo de desajustados que se auto-alimentam da própria e estúpida  inconsequência, o que culmina com a impressionante cena do Bebê (que, além de me causar profundo mal-estar quando assisti me perturba até hoje). 

Realmente o filme é a "Laranja Mecânica" dos anos 90. Dirigido pelo genial Danny Boyle (oscarizado por "Quem Quer Ser Um Milionário") e semelhante em muitos aspectos e evocando várias das tomadas do filme de Kubrick (chegando a ser explícito em uma cena que se passa em um bar semelhante ao Milky-Bar Korova) o filme é praticamente todo fotografado em grande angular o que além de causar tontura no espectador, evoca o olhar subjetivo da pessoa drogada (tal qual Kubrick faz em Laranja Mecânica). A procura da droga no vaso sanitário, então, é um primor de Humor-negro. 

Impressionante, perturbador, sempre atual e enormemente artístico, "Trainspotting" é uma das maiores obras do Gênero cinema-drogas. Uma crítica contundente feita com personagens que, como, os de "Na Estrada" buscam o prazer, porém, aqui não há nada de contra-cultura. Neste caso só há o contra! De cultura os delinquentes de "Trainspotting" não têm nada! Nota 10,0!     

Na Estrada desperta emoções diversas no espectador pela inconsequência dos personagens.



Conheço muito por cima os escritores da geração Beatnik. Ainda vou fazer um estudo do movimento e publicar alguma coisa por aqui. O que conheço vem do filme "Sociedade dos Poetas Mortos". Mas sei que eles influenciaram toda uma geração na contracultura e o movimento culminou com os "Hippies". 

Bem, fui assistir "Na Estrada" hoje e me surpreendi - nem tanto com o filme, mas com minhas reações diante da tela. A princípio comecei achando o filme bem monótono e imaginei que iria ser difícil assistir 2h20 naquele ritmo. 

Entretanto, conforme vai passando a "jornada" em busca do prazer e da liberdade dos personagens, o filme se torna mais e mais interessante, pois, a cada momento os personagens, liderados pelo carismático e de espírito livre Dean Moriarty, quebram mais barreiras e destroem os valores da sociedade americana conservadora. Imagino que, na época do lançamento do livro, deva ter sido uma verdadeiro escândalo. A aventura deles destaca todo tipo de amor livre, muitas drogas, viagens em alta velocidade e muitos, mas, muitos cigarros e álcool. 

Creio que o personagem Sal (brilhatemente interpretado pelo espetacular Sam Riley) é o alter-ego do Kerouac. Ele faz o olhar do espectador, que, não entra a fundo nas aventuras de Dean, mas acompanha de perto toda a jornada desde a expressão da liberdade até as consequências dos seus atos irresponsáveis, destruindo a vida de suas mulheres. 

Perfeitamente dirigido por Salles o filme é uma beleza em termos de interpretação. Os atores estão excelentes, com personalidades profundas e densos em suas dúvidas paixões e decepções. Neste último quesito saliento Kirsten Dunst e Kristen Stewart (que cada vez mais se liberta da Bella de Crepúsculo - graças a Deus, e, aos diretores é claro). Minhas emoções ao assistir foram quase opostas (será que estou ficando conservador?). 

Fiquei emocionado com a amizade dos protagonistas, empolgado com as paixões, comovido com as decepções e terminei o filme profundamente tocado e com tristeza de ter visto os efeitos da liberdade sem freios. 

Porém, fiquei feliz porque um grupo de seres humanos, pelo menos, libertou-se contra os limites impostos pela sociedade conservadora e, alguns dias, viveu a vida intensamente. Mais uma obra da contracultura que o cinema embala para eternizar uma época em que a juventude tinha intelectualidade para buscar as cores da vida......e não ficavam apenas atrás de telas de vídeo-game. 

Nota 8,5! Detalhe: a cada ator conhecido que faz suas pontas o filme fica mais interessante. É surpreendente vê-los em cena!

domingo, 15 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha - mais espetacular que os efeitos é a qualidade do elenco! Herói humano, real!

Daí Galera - acabo de sair do "Espetacular Homem-Aranha". Aqui vai meu breve cometário: 

Não precisa o espetacular do título - o filme tem cenas espetaculares mesmo - mas que titulozinho bem brega, não? 

Se o filme é bom? Ora, claro, como uma produção cuidada dessas, milionária e como uma gigantesca equipe extremamente profissional não vai ser? 

O filme não pára o tempo todo, tem cenas antológicas (a do carro na ponte é perfeita, a com o Stan Lee na biblioteca, então, é uma obra de arte, as lutas com o Lagarto são muito legais - não são tipo "Transformers" onde a velocidade impede o espectador de ver). 


A estória flui perfeitamente, os personagens desenvolvem-se com tempo suficiente em cena e as relações humanas são desenvolvidas pelo diretor Marc Webb (da obra-prima 500 dias com ela) de forma extremamente satisfatória.

O elenco é fundamental para a estória se desenvolver com
verossimilhança. 
  
Pontos baixos do filme: após a adaptação do Sam Raimi NÃO PRECISA CONTAR DE NOVO A ORIGEM DO CARA - todo mundo já está "careca" de saber da picada da aranha - gente, perder quase metade do filme para contar uma coisa que todo mundo já sabe e o Sam Raimi já adaptou - há POUCO tempo, é dose! Desnecessário! 
O vilão Lagarto preparando sua "metamorfose".
Pontos altos: o elenco é maravilhoso: Sally Field e Martin Sheen dão um banho! E Emma Stone é excelente, mas, justiça seja feita - o Galã (??? sei lá...pode ser...carismático o cara é mesmo) Andrew Garfield é um grande ator! Melhor ainda que a caracterização (perfeita) do Tobey Maguire. Nunca nas telas o Homem-Aranha foi tão humano, orgânico, sensível, vulnerável e exibiu dúvidas interiores e emoções tão genuínas! Se o filme vale, nem é só pelo Homem Aranha mas pela força que Garfield impõe na tela. 


Stan Lee participa de uma das cenas mais originais do filme.

No mais - diversão garantida como todo filme de heróis, com direito a muitas lágrimas e aplausos! Ainda dá tempo de ver, então, vamos ao cinema galera! Recomendo - nota 9,0!