Em "Batman – O
Cavaleiro das Trevas Ressurge", mais uma vez Christopher Nolan confirma seu talento,
competência e inteligência com outra obra-prima policial protagonizada pelo
Justiceiro Mascarado.
O filme é impecável
do início ao fim. Desde a abertura até o acender das luzes não consegui
desgrudar os olhos da tela. É clímax atrás de clímax. A ação é surpreendente, a
estória impressionante, os efeitos especiais, gigantescos, e o roteiro não
deixa tempo para o público respirar. Mesmo com 2h 45 de projeção, ao terminar dá
pena de saber que vamos levar muito tempo para ver outro espetáculo dessa
estatura.
As cenas de ação na
meia-hora final deixam as de “Os Vingadores” no chinelo (ou mais abaixo).
Antes de comentar o novo
Batman vou ressaltar que simplesmente me recuso a descrever qualquer cena,
detalhe, diálogo, ou até mesmo figurino e desenho de produção. O terceiro Batman
tem que ser visto no cinema e nos primeiros dias de seu lançamento. Quem revelar
qualquer detalhe do filme, das cenas ou sua trama estará cometendo um “crime”
contra os espectadores.
Este comentário terá,
necessariamente, que ser feito em duas partes: na primeira, que estou
publicando agora não revelo os detalhes do filme. Depois que "Batman - O Cavaleiro das
Trevas Ressurge" sair de cartaz nos cinemas publicarei a segunda parte – claro,
alertando sobre os spoilers – comentando as cenas de maior impacto e sua
respectiva qualidade técnica e conceptiva. Revelar algum detalhe deveria submeter o
infrator a ser punido com “porradas” dos maiores vilões de todos os tempos.
Gente do calibre de: Darth Vader, Thulsa Doom, Jaws (007), Oddjob (007),
Agente Smith, Saruman etc... (estou preparando um texto especial com os maiores
vilões de todos os tempos).
Mas vamos ao filme:
Batman – "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é uma obra-prima em todos os sentidos:
O melhor filme de heróis já feito (rivalizando com o segundo Batman da
trilogia), excelente como policial, filme de ação e roteiro adaptado. Maravilhoso
na construção dos personagens. Com diálogos de grande inteligência, cenas parar
o coração e uma edição de cenas que me fez lembrar meu estado de “adrenalina
mental” que fiquei quando saí de “Assassinos por Natureza” de Oliver Stone.
Christopher Nolan, junto
com David Goyer, concebeu, mais uma vez, uma estória inteligentíssima e, com a
colaboração de seu irmão Jonathan Nolan, roteirizou de forma magistral este
terceiro capítulo desta série Batman.
O que posso dizer é
que existem filmes de heróis. E existe o Batman de Nolan, infinitamente superior
a todos os outros os filmes do gênero. A diferença é tamanha que esta trilogia
deveria ser classificada em separado, sem ser misturada com Hulk, Elektra,
Quarteto Fantástico, Os Vingadores e outras “sessões da tarde” do gênero.
Nolan é um dos
diretores mais inteligentes da atualidade. Quando realiza seus filmes autorais,
estes são originalíssimos, altamente técnicos e com verdadeiras “teses”, ou
seja, para gente inteligente, como é o caso de “A Origem” e “O Grande Truque”
duas fantásticas obras para um público exigente. Pessoas que têm cérebro
dentro da caixa encefálica ao invés de vento! O cara é um fenômeno – e não se
chama Ronaldo!
Batman foi
reinventado várias vezes. Originalmente criado por Bob Kane em 1939 (não sei
muito sobre a História dos quadrinhos) e, posteriormente, sofreu várias
modificações. Comecei a acompanhar o Cavaleiro das Trevas nos anos 70 quando a
TV passava a série com Adam West e Burt Ward. O Justiceiro Mascarado ressurgiu
mais uma vez nos quadrinhos, mais realista, violento e agressivo repaginado por
Frank Miller nos anos 80. Após, retornou aos cinemas na versão do diretor Tim
Burton que transformou o herói num personagem sombrio, mas alegórico. O
Coringa de Burton, então, é uma caricatura dele mesmo! Assim que Burton abandonou o projeto a série
cinematográfica virou um circo para crianças o que levou a Warner a suspendê-la.
Mais tarde Nolan resgatou o personagem com a referida inteligência
transformando Batman em entretenimento para adultos, e para os inteligentes.
Como falei, não posso
contar nada sobre filme, então, apenas comentei que a estória é muito bem
bolada e o roteiro é um primor de construção. Falar mais seria entregar o
filme. Logo, vamos aos personagens:
Bruce Wayne continua
reservado e enigmático, guardando seus segredos e contendo as emoções, coisa
que Christian Bale faz com perfeição. Seu Batman é triste, melancólico e com
uma dualidade interna sobre sua conduta.
Gary Oldman com a
competência de sempre, quando surge marca a cena, característica do também
veterano Morgan Freeman, também genial. Michael Caine dispensa comentários,
mas, desta vez seu personagem carrega densidade dramática maior. Caine
protagoniza duas cenas que podem lhe render uma indicação ao Oscar de coadjuvante
(como quase todo o elenco. Aliás, não sei como não há uma categoria da Academia
para o “conjunto do elenco”. Neste filme todas atuam com perfeição).
Os novos nomes no
elenco são perfeitos. Destaco a grande força e caráter do personagem de Joseph
Gordon-Levitt. As fêmeas Anne Hathaway e a “diva” Marion Cotillard são duas
feras em cena.
Aliás, Hathaway
mostra porque é uma excelente atriz já tendo sido indicada para o Oscar (cabe lembrar que Marion Cotillard, por sua vez ganhou a estatueta por “Piaf”)! A Mulher-Gato de Hathaway
é perfeita, linda, charmosa, com uma voz de derreter, fria e perigosíssima. O
filme inteiro lamentei que Elektra (minha heroína preferida) nunca foi uma
personagem escrita para o cinema com esse teor e vivida por uma atriz do nível
de Hathaway. Isto iria transformar minha heroína favorita na personalidade que
ela merece ao invés do degradante papel de Jennifer Garner! Na pele de Mulher-Gato
Hathway fala, e muito, com seus olhos por trás de sua máscara. Perfeita!
Mas a estrela do
filme é o impressionante vilão Bane. Se alguém expressa tudo apenas mostrando
os olhos e falando com uma voz de gelar o sangue é o vilão vivido por Tom Hardy!
O ator já mostrou grande carisma em “A Origem” e, não foi de graça que Nolan o
chamou para trabalhar de novo! É inacreditável que ele seja mais baixo que
Christian Bale. Não parece mesmo graças aos enquadramentos e montagem! Bane é
gigantesco, ameaçador, assustador mesmo. Mata sem dó! Ao contrário, executar
suas vítimas é como se um “Deus do Mal” esmagasse os humanos com pena, desprezo
e indiferença como quem mata um mosquito ao se sentir picado. Desde já Bane
entrou na lista dos maiores vilões de todos os tempos. Lembra os bons tempos de:
Thulsa Doom, Darth Vader, Agente Smith e muitos outros. Bane é como um “misto”
de Philip Anselmo, Kerry King e Humungus (alguém lembra Mad Max 2?). O Ator
Hardy também foi visto em “O Espião Que Sabia Demais”. Aqui ele não só "sabe" como também "atua demais". A presença de Bane é tão forte que torcemos para ele
entrar em cena. Mesmo atrás da máscara o ator entrega um vilão com vida,
inteligência e personalidade. Tão bom quanto o Coringa, Bane é impecável! Se o
vilão de Heath Ledger era “Marilyn Manson” o de Tom Hardy é o “Dimmu Borgir” inteiro!
Não irei me admirar
se o filme for indicado aos Oscar de filme, ator coadjuvante (Hardy e Cane), diretor
(óbvio), roteiro adaptado, efeitos especiais, desenho de produção, fotografia,
trilha sonora, som e efeitos sonoros. Este terceiro Batman merece tais prêmios.
Será a primeira vez na História do cinema que um filme “de herói” merece ganhar
o Oscar – mesmo!
É, pessoal, os heróis
cresceram. Agora eles estão mais adultos. E sob a batuta do maestro Nolan, sair
da puberdade não é só mostrar sangue e violência, e sim confiar que o público
entenderá uma estória complexa. Nolan acredita que seu público amadureceu
também.
O que será que o diretor vai fazer agora que assumiu a feitura do
próximo Super-homem? Uma coisa é certa: podemos estar certos de que nossa mente
sairá do cinema maior do que entrou, afinal, não é qualquer dia que ouvimos uma
estória contada por quem realmente sabe. Não há uma nota maior, então, é 10,0!
Sem hesitar!