domingo, 15 de dezembro de 2013

O livro "Conversas com Kubrick" dá a sensação de estarmos degustando um espresso na companhia do Mestre em uma exposição.

Também acho importantíssimo comentar por aqui o lançamento do livro "conversas cm Kubrick" de Michel Ciment que esta sendo lançado pela editora Cosac Naify. Já comprei e estou devorando esta obra e  tanto os primeiros capítulos como a entrevista sobre "Laranja Mecânica" são geniais. Quase não acredito que estou lendo as palavras do próprio Mestre!

Me criei com escassez total do pensamento de Kubrick sempre sabendo das ideias do Mestre por citações em entrevistas e raríssimas vezes o texto literal das ideias de Kubrick era publicado (salvo as imagens d
o Discurso sobre Icaro nos extras do DVD "De Olhos Bem Fechados" edição dupla). É um verdadeiro prazer intelectual "ler os pensamentos" do meu mentor em termos de Cinema e dá a impressão de estar tomando um espresso com Kubrick numa exposição de quadros de Dali, Miró ou Picasso - uma verdadeira sessão de cultura, erudição e inteligência! Espero que o livro não termine tão rápido ou vou ter que ler de novo em seguida! Kubrick Forever! E a mesma editora publicou: "Conversas com Scorsese" e "Conversas com Woody Allen" - podem não ser cineastas ao nível de genialidade de Kubrick, mas, pelo menos até a metade do ano acho que meu "Café Espresso Cultural" está garantido! Podiam publicar conversas com Coppola, Cronenberg, Lynch e Tarkovski, né (se bem que este último já tem um vasto material publicado no Brasil). Adorei! Recomendadíssimo!

Stanley Kubrick - DVD disponibiliza no mercado as primeiras obras do genial cineasta que estava nascendo.

Acabei de assistir ao DVD que foi lançado este ano com as primeiras obras do Mestre Stanley Kubrick - o DVD traz "The Seafarers", "Fliyng Padre" e "Day of the Fight" - 3 ótimos documentários (temos que levar em conta a época em que foram produzidos - início dos anos 50). Particularmente gostei mais de "Flying Padre" - é o mais "cinematográfico" deles. É a belíssima história de uma espécie de "padre por tele-entrega" que voa de avião onde precisar para levar sua ajuda sem esperar qualquer mérito ou reconhecimento. Já nos primeiros filmes de Kubrick é possível observar seus travelings sutis, a iluminação com toques de expressionismo e o uso de plogée e contra-plongée. (queria saber como ele capturou a tomada em eixo vertical - que mais tarde ele utilizou em "Laranja Mecânica" e "O Iluminado" durante a luta real de Walter Cartier em "Day of te Fight"....belíssima tomada e dificílima de capturar em uma luta real! Kubrick já demonstrava  competência, talento nos enquadramentos e criatividade. Nestas pequenas obras já é possível ver o embrião do gênio que estava nascendo! Ótimo DVD -porém mais recomendado a quem deseja pesquisar o Mestre Stanley Kubrick (estudantes de Cinema e fãs) - o público em geral talvez ache monótonas e antiquadas as obras, mas Kubrick é sempre recomendado para ser assistido! Sem nota - pois estas obras não devem ser avaliadas e sim estudadas)! Registro Histórico da maior importância - espero que a UNISUL adquira um exemplar para o acervo da biblioteca!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Carrie - a diretora Kimberly Peirce perde a oportunidade de fazer releitura de clássico e faz "mais do mesmo".

Aqui vai meu comentário sobre a refilmagem de "Carrie" dirigido pela Kimberly Peirce. Primeiro a história (sem spoilers). Li Carrie de Stephen King por volta de 1979 - a história é pesada, cruel, forte, sobre uma garota solitária num mundo hostil, bullying, etc... (calma gente - é a Carrie - não é qualquer um de nós). Neste cenário várias coisas belas acontecem à desamparada Carrie (acho que não contei nada né? Tudo isto acontece em qualquer comédia romântica americana.  Ocorre que King escreveu um livro espetacular - narrado por meio de entrevistas, notícias  de jornais e depoimentos e, nesta narrativa, o leitor "monta" na sua cabeça a história do que se passou. Grande técnica literária de King.


Brian DePalma usou a história e dirigiu um filme cujo roteiro foi concebido com imensa beleza. DePalma cria cenas de grande poesia visual (como o vestiário feminino e a dança de Carrie com seu par) e faz um filme absolutamente impecável (considero um dos grandes filmes de Terror de todos os tempos).  Kimberly Peirce (diretora do brutal "Meninos Não Choram - e, único motivo que me levou a assistir esta refilmagem, pois me recusei a ver a refilmagem anterior - afinal, clássico não se refilma!) ao invés de criar um novo filme, uma nova gramática, uma nova estrutura narrativa, se limita a refazer, com competência, quase o mesmo roteiro, logo, fiquei o filme inteiro querendo rever Carrie de DePalma.


 É competente o trabalho de Peirce, há cenas belíssimas, de brotar lágimas nos olhos de compaixão pela frágil e delicada Carrie, um doce de pessoa. Chloë Moretz e Julianne Moore são excelentes e as cenas são ótimas, mas, são mais do mesmo! E Chloë não é Carrie (por mais que esforce) nem Moore é Margaret. Por outro lado Sissy Spaceck É Carrie e Piper Laurie É Margaret White - as duas são impressionantes no filme original, DePalma é um Monstro Sagrado na direção e o primeiro Carrie é uma obra-prima.


Por que falei isso tudo? Para chegar à conclusão de que - eu esperava que Peirce, uma mulher na direção (o que em vários momentos confere ao filme a concepção feminina, delicada de filmar), uma diretora extremamente competente e uma cineasta-autora fosse recriar Carrie com outra gramática visual, com outra estrutura narrativa e que iria  focar mais nos conflitos humanos de uma personagem feminina adolescente (como em Meninos não Choram), porém, a diretora se limita a refilmar o já filmado atualizando a concepção de DePalma (sem a mesma eficiência) e retirando pontos de tensão fundamentais do filme original - como o plano sequencia da corda que segue até o objeto nos bastidores do palco (não contei nada - só entende quem já viu o Carrie original - e não tem no novo).

Para a nova geração é legal ver Carrie pela belíssima história que é e porque, mesmo com a menor credibilidade das atrizes, não podemos esquecer que se trata das excelentes Chloë Grace Moretz e Julianne Moore, mas, este é um filme, e o Carrie de DePalma é uma obra-prima! Vale o ingresso, e só! Nota 7,0!



Azul é a cor mais quente - Amor com intensidade e entrega em raras vezes vistas no cinema.

Ontem saí impressionado do Cinema - fui assistir ao maravilhoso "Azul é a Cor Mais Quente". Simplesmente genial - filme com 3 horas de duração, ritmo lento mas que em nenhum momento cansa. Aos que indagarem - não é um manifesto Gay e sim um filme sobre o Amor. Pouco importa o sexo das protagonistas e até mesmo a belíssima (e comentadíssima) cena de sexo  no filme. A beleza está na entrega das atrizes que demonstram um Amor com profundidade raríssimas vezes visto no Cinema. A cumplicidade e intensidade do relacionamento é sublinhada na tela pela filmagem em extremo close e que invade a alma das protagonistas criando um elo emocional com a plateia. Com interpretações de perder a respiração as atrizes são impecáveis e aí está uma grande chance que Hollywood tem de premiar uma atriz de verdade - a impressionante Adèle Exarchopoulos - ela fala com os olhos, com a alma, com o coração - é um filme para ser visto sem legendas (depois, claro de dominar a história - lá pela terceira ou quarta vez)! Junto com Rachel Weizs (por: Amor Porfundo) e Cate Blanchet (Por: Blue Jasmine) aqui está a minha outra favorita a melhor atriz do ano! Um Arraso mesmo! Pela dimensão da fotografia e pelos closes (é importatíssimo prestar muita atenção aos olhos da Adèle - todo o subtexto da personagem está lá) é um filme para ser visto no cinema, muitas vezes. Mas prepare seu coração - raras vezes a paixão foi demonstrada com tantas cores no Cinema, ou melhor, com uma: Azul - a mais quente! Nota 10,0!




sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Elysium: Cinema inteligente é ótimo entretenimento e desliga o senso crítico na hora certa.


Me perdoem as más línguas - muita gente está falando mal, dizendo que é fraco, que não é isso tudo, mas, acabei de assistir Elysium e sinceramente? É MUITO LEGAL!!! O chato de você assistir a um filme depois de ouvir várias opiniões é isso - se você já vai achando que é muito bom - se decepciona; se a galera não gosta - você se prepara para não gostar, mas, com aquela vontade de gostar só para afirmar sua opinião própria (metido a intelectual...). Bem...no meu caso passei 3/4 do filme tentando concordar que não era legal, mas.....cara, se até 1h e 30 do filme você está curtindo, ora, f***-se, o filme é bom sim! Ok vamos ao comentário: Elysium tem de tudo um pouco: Trama política, 1984 - George Orwell, heroísmo, Exterminador do futuro, Aliens- o resgate (quem assistir vai lembrar a tecnologia), ficção pós-apocaliptica, distopias, luta de classes, romance, Matrix, cenas de ação absurdas, 2 excelentes vilões (ou melhor 3) e, muita, mas muita ação. Ok, não é a história mais inteligente, nem a mais inovadora do mundo e, quando a trama já está bem complexa, o diretor e roteirista (Neill Blomkamp - que dirigiu o excelente "Distrito 9") desliga o senso crítico e parte direto para o cinemão antes que a gurizada sedenta de "porrada" canse de pensar e saia do cinema. E a grande curiosidade - como estão os brasileiros? Alice Braga está muito bem (o padrão hollywoodiano, claro! Cada vez mais "blockbuster") e linda!; e Wagner Moura - humm confesso que não encontrei muito dele no filme - está bem estereotipado - é dificil encontrar o ator em cena mas nos closes se vê que Moura está presente - melhor que 80% dos coadjuvantes atuais de Hollywood! No mais uma pitada de Homem de Ferro e está pronto um dos filmes de ficção mais legais do ano! Diversão garantida! Pois é Neill Blomkamp e o Oscar? "Ah tá tendo bilheteria...deixa o Oscar para o próximo filme - mais reflexivo e viajante..." nota 8,5 - ponto pros brazucas - agora é esperar o Robocop do Padilha!

domingo, 7 de julho de 2013

O Chamado - terror classe "A" tem foco central na excelente Naomi Watts que protagoniza a mãe em angustiante desespero.

O CHAMADO


Quase 10 anos após assistir pela primeira vez ao impressionante “O Chamado” tirei as horas finais deste domingo para rever esta obra-prima do cinema de horror que me chamou a atenção desde a primeira impressão.


Depois de tanto tempo amadureci muito minha análise dos filmes e, agora, pude assistir com mais profundidade este grande filme, que, talvez tenha sido um dos últimos grandes marcos do terror “classe A” de todos os tempos.



Dirigido de forma impecável por Gore Verbinski, a concepção de “O Chamado” é íntegra, concisa (em temos de história e símbolos), tem grande noção de ritmo e desenvolvimento de roteiro e é um primor de fotografia – basta ver a belíssima cena em que Rachel (Naomi Watts) entra no quarto da pousada para assistir à maligna fita VHS. Verbinski quebra a concepção fotográfica melancólica e fria que até então sublinhara a película e introduz um incisivo tom vermelho vindo de uma árvore destacando a presença do mal que se instaura no quarto e, em seguida, na alma de Rachel – como se pode perceber na perfeita troca de expressão da atriz após a personagem assistir à fita.


A fotografia e iluminação são maravilhosas – em todas as cenas Naomi aparece sem qualquer traço de imperfeição. A qualidade técnica do filme é de cair o queixo mesmo – tomadas aéreas em prefeita sincronia, montagem precisa (destaque para a cena do cavalo no navio) e a trilha sonora de Hans Zimmer é linda!
Também merecem destaque as perfeitas imagens da fita que os personagens assistem – perturbadoras, surrealistas, macabras, enigmáticas e hipnóticas, dão a impressão de que nós mesmos, plateia, já estamos tomados da maldição de Samara. Assustadoras mesmo!



Mas nada disso seria suficiente para transformar um ótimo filme na obra-prima que é “O Chamado” sem a qualidade do elenco – que, tem como figura central a personagem de Naomi Watts. Considero Watts (desde que vi este filme) como uma das melhores atrizes da atualidade (duas vezes indicada ao Oscar por “O Impossível” e “21 Gramas” – excelente), ela é a grande força do filme. Seus olhos falam, seu rosto suplica, sofre, chora e grita em desespero ao perceber a ameaça sobre seu filho. É visceral, verdadeira, chocante e muito intensa a interpretação desta maravilhosa atriz que interioriza a angústia da mãe com perfeição.
Enfim, “O Chamado” figura como um dos grandes filmes de Terror de toda a História – ao lado de “O Exorcista”, “A Profecia”, O Iluminado”, “O Bebê de Rosemary”, “Carrie, a Estranha”, “O Sexto Sentido” , e por aí vai!
Neste filme é terminantemente proibido deixar o celular ligado – não tanto por atrapalhar a sessão, mas porque antes de terminar a primeira hora de filme ele pode tocar com o seguinte recado “.....7 days!”. Aí estamos ferrados! Obra-prima! Nota 10,0!




sexta-feira, 10 de maio de 2013

Evil Dead – A Morte do Demônio: refilmagem de clássico supera quase tudo que tem sido feito em termos de terror na última década!


Já sei que meu comentário vai causar polêmica tanto quanto qualquer refilmagem de um clássico, mas, tenho que afirmar: o novo Evil Dead – A Morte do Demônio é espetacular!!! Mesmo! Brutal, forte, violentíssimo e um dos mais perfeitos filmes de Terror (com “T” “zão” mesmo – e está valendo o trocadilho) de, sei lá, pelo menos uma década...
A direção do Uruguaio Fede Alvarez é impecável. O clima é perfeito. O Ritmo sempre em tensão crescente e os enquadramentos fazem referências ao Evil Dead – A Morte do Demônio original. Usa certas tomadas ao estilo Kubrick, mas, com mais radicalismo – estonteando a plateia.

O filme é muito, mas muito mais sério que o original. A história bem mais desenvolvida – enquadrada num roteiro que é muito enxuto e conciso (só com uma “gordurinha”’ logo no início – que comento ao final – junto com os spoliers) e, desta vez, os personagens têm verossimilhança mesmo – não são superficiais como no original (e os atores são bons mesmo!). Cada um deles assume posturas muito firmes diante das situações que vão se sucedendo e a coisa piora, piora e piora mesmo – com vontade.
Não costumo fechar os olhos em filme nenhum e pouquíssimos filmes me dão arrepios de dor ou náuseas (como Irreversível), mas, neste Evil Dead – A Morte do Demônio achei que não ia aguentar. Os personagens cortam carne com requinte e se mutilam profundamente. Alvarez filma pausadamente para causar a maior repulsa e tontura na plateia, e, para isso mescla grandes cenas, tanto do primeiro quanto to segundo Evil Dead – quem conhece a série vai saber do que estou falando. Aliás, coisa que hoje em dia falta muito em filmes de terror é deixar a plateia ver calmamente o horror acontecer. O filme é para ser visto no Cinema – para causar o maior efeito possível, claro, se você aguentar...
Tenho que destacar – sem contar, claro – a perfeita cena em que o mal toma o corpo da primeira personagem. Referenciando uma cena pesadíssima do Evil Dead original Alvarez constrói uma cena de alto impacto e trabalho de maquiagem perfeito causando, assim, profundo incômodo no espectador pelo ritmo que impõe.
Evil Dead – A Morte do Demônio é o que o Massacre da Serra Elétrica deveria ter sido e não conseguiu, talvez, por medo que a produção teve de “pisar no acelerador”. Bem, na refilmagem deste Evil Dead a produção esteve nas mãos do próprio Sam Raimi – que concebeu o original, e de Bruce Campbell - que foi o personagem Ash na série e, eles permitiram tudo. Tudo mesmo, até aberrações sexuais e escatológicas.
Sim, mas com tudo isto estou dizendo que o novo Evil Dead – A Morte do Demônio é melhor que o primeiro? Nunca! O primeiro é um primor de inovação. As câmaras subjetivas eram mais presentes e certas cenas do primeiro – como, por exemplo, não há a inteligentíssima batida pulsante do banco flutuante na casa quando eles chegam, nem certos choques da câmara com janelas e muitas outras coisas nas quais Evil Dead– A Morte do Demônio foi muito inovador.
  1. O Evil Dead original é clássico e compará-lo a qualquer refilmagem é impossível. Mas, pela potência assustadora, pelo radicalismo e pela inteligência, esta refilmagem merece ir para o Hall dos grandes filmes de terror. Afinal, filho de peixe, peixinho é... e neste caso é o mostro da lagoa negra). Mais uma vez uma obra-prima – para assistir com um lenço, mas neste caso não para chorar, mas para recolher a saliva diante de tanto medo.
Apavorante do início ao fim já considero a refilmagem de Evil Dead – A Morte do Demônio um dos grandes filmes do ano. E não se trata de terror adolescente, mas, sim obra de arte em termos de Terror, coisa para adultos, e com nervos fortes.
Ao final saí com a sensação de que a equipe tentou refazer um marco na filmografia do Terror. E, caramba, eles conseguiram! E a gente que sofra por uma hora e meia, pois, mais de que isso, nessa intensidade, não dá para aguentar. Nota 9,5.


(Por que não dei  10,0? Vou explicar abaixo – mas tem spolilers – quem não viu o filme ainda não leia)
ATENÇÃO - A PARTIR DAQUI - SPOILERS - SE VOCÊ NÃO VIU O FILME NÃO LEIA...

O que o novo Evil Dead – A Morte do Demônio tem de ruim? basicamente duas coisas:
Os diálogos e as interpretações que rolam assim que os personagens se encontram são muito estereotipados – um detalhe que atesta o padrão Hollywood – isto enfraquece o ritmo em um momento crucial, ou seja, logo após a abertura. Dá um pequeno sabor de “Pânico” – ainda bem que não dura muito e o Terror começa logo!
Em segundo lugar – não entendi a proposta de trocar de protagonista no final. Retorna uma pessoa que não deveria estar nem fisicamente bem (para dizer a verdade deveria esta morta ou cheia de cicatrizes, e, caso fosse recuperada todos também deveriam voltar no mesmo estado – isto demonstra uma incoerência no roteiro), e nem deveria ser alvo de ataques do mal, pois, foi instrumento do mesmo mal o filme inteiro o que fica um pouco sem sentido. É como o demônio cuspir no prato em que comeu.
Fora isso o filme é perfeito e vai me tirar o sono durante vários dias – a não ser depois que eu me acostumar com os excessivos terror e violência da obra – e para isso tenho que assisti-lo pelo menos mais 10 vezes...OBA!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

MAMA, apesar de tenso e de ter imagens belíssimas em sonhos, é mais do mesmo. Mas valeu a intenção.

Acabo de assistir ao filme MAMA - produzido pelo genial Guillermo del Toro e dirigido pelo estreante Andres Muschietti. Primeiramente vamos esclarecer algumas coisas: não me considero um crítico e sim um "comentarista"; e, todo filme que é avaliado por mim não está sendo comparado com outro e, sim, em sua proposta, recebe a nota que equivale à "correspondência" entre o material publicitário e o conteúdo da obra. Dito isto, vamos ao  comentário: MAMA é bem legal! Extremamente tenso em alguns momentos, os personagens têm uma certa profundidade e há esforço do diretor e do elenco em criar verossimilhança (uma baixista de banda, um designer...em suma, pessoa que têm suas vidas normais). A história é interessante, as crianças dão conta do recado. E tem algumas passagens geniais (o abraço imobilizador da personagem de Jessica Chastain (Annabel); O reconhecimento do tio pela sobrinha ao colocar os óculos) e outras PERFEITAS (as imagens de sonhos e aquela em que Annabel "recebe" a história do espírito - em um sonho também, e, lembra as imagens da fita em "O Chamado" - é a melhor cena do filme diasparado! Mas porque não é um grande filme? Pelo simples motivo de que.....é igual a tudo!!! Pronto, falei!!! De novo góticos, sustinhos, criancinhas, desenhos "macabros" de crianças, fotografia descolorida....até o design da MAMA é legal, mas, o final (que não vou contar, óbvio) é meio "Ah! Que apoteótico!!!"...faltando um toque mais sério e profundo (como a obra poderia ter). Bem...é acima da média e vale a pena ver... mas, infelizmente, em momentos cruciais...é mais do mesmo! Valeu a intenção, mas, o cinema de terror está precisando se reinventar. Quem sabe a refilmagem do Clássico Evil Dead vai mais longe? Nota 7,0! 

domingo, 7 de abril de 2013

"À Beira do Caminho" genial drama realista de Breno Silveira consolida o estilo brasileiro e conta com a interpretação orgânica de Vinícius Nascimento.

Acabo de assistir ao filme "À Beira do Caminho". Cada vez que assisto a um filme deste nível me certifico mais que o Cinema Brasileiro tem alta qualidade e que já é possível se falar em um "estilo brasileiro de cinema". Impecável, o filme lembra em certos pontos o genial "Central do Brasil". Comovente e realista, o filme conta a parceria entre um menor que pega carona e o respectivo motorista do caminhão. E, nesta viagem, a vida, o passado e os traumas vão sendo revelados até o amadurecimento dos personagens. Em determinados momentos temos a clara noção de que os papéis se invertem agindo a criança de forma mais adulta que o homem. Destaques: a impecável direção de Breno Silveira (que fez "2 Filhos de Francisco" - outra grande obra), a trilha sonora maravilhosa (eu nunca tinha percebido como é linda a voz da Vanessa da Mata - uma das grandes intérpretes do Brasil na atualidade), e, claro, para o elenco encabeçado pelo excelente João Miguel e pelo impressionante Vinícius Nascimento (a cena dele esmurrando e chutando um portão é de uma organicidade brutal). Cinema de verdade - fico feliz de saber que ainda existe gente que trata a imagem fílmica como arte - e mais feliz ainda por ser no Brasil! Nota 10,0!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Substituto - do excelente Tony Kaye nos faz refletir sobre os rumos da sociedade atual com atuações extremamente densas




Acabo de assistir, impressionado, ao filme "O Substituto" dirigido pelo genial Tony Kaye (responsável pela obra-prima "A Outra História Americana"). Mais uma vez Kaye realiza um excelente filme marcado de críticas sociais, pessimismo e com uma visão afiada da decadência dos seres humanos no mundo atual. Profundo, amargo, e pesado a obra não vai deixar ninguém (que tenha um mínimo de consciência) indiferente. Marcado por uma câmera que foca em closes o filme desnuda as mágoas dos personagens com uma densidade de emocionar! As interpretaçãoes de todo o elenco são espetaculares - humanas, belíssimas e comoventes. É pena que são poucos os autores que ainda investem em Cinema de forma artística, pois, é um extraordinário veículo que nos faz repensar nossos valores e nos indagarmos onde está indo nossa sociedade. Nota 10,0!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Argo - drama tenso e contido no sentimento reafirma o alto nível de Ben Affleck na direção!

Continuando a analisar os filmes do Oscar agora comento Argo. 
Ao iniciar a assistir Argo eu já conhecia o trabalho do Ben Affleck - posso dizer que nunca fui um grande fã do ator - mas o Diretor Affleck me surpreendeu com seu dois longas anteriores (Medo da Verdade e Atração Perigosa). Diretor de alto nível Affleck repete a mesma façanha neste seu longa mais recente. Argo é contido no sentimentalismo mas afiado na dramaticidade. É tenso e deixa o espectador inseguro a respeito da solução dos fatos. Ninguém tem certeza do que vai acontecer na tela e a própria insegurança dos resgatados se reflete na dúvida interior do personagem principal (vivido pelo próprio Affleck) que mantém uma expressão de insegurança - perfeitamente expressada pelo olhar e, constantemente contradita por ele em palavras quando afirma que conseguirá salvar os reféns. Excelente exemplar de direção (lamentavelmente não indicado nesta categoria) sem apelar para maniqueísmos e panfletagem. Não sei se seria de fato o melhor filme (afinal "Django", é um arraso, "Indomável Sonhadora" é comovente e ainda não assisti "Amor") mas o prêmio não lhe é indevido! Porém, em direção, mesmo com alta qualidade creio que Django e A Hora Mais Escura poderiam ter levado o prêmio! Mas sem dúvida Argo é imperdível. Assistam com calma - o ritmo não é veloz e se baseia nitidamente nos filmes dos anos 70 (atá a vinheta de abertura da Warner é antiga). Detalhe para a sufocante cena em que uma das personagens tira uma foto de polaroid em um mercado público! Nota 9,0! 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A Hora Mais Escura. Verdade ou não Kathryn Bigelow dirige um excelente exercício de cinema documental

Ok Galera - agora vou fazer um breve comentário de "A Hora Mais Escura". Quando Oliver Stone foi questionado sobre seu filme JFK ele respondeu: "Eles criaram uma mentira...eu criei outra". Pois bem, o que não se pode evidenciar em "A Mais Escura Hora" é se é uma mentira ou verdade, já que para nós, público, sem acesso a qualquer informação junto à fonte jamais saberemos se realmente Bin Laden morreu mesmo. Dito isso e mergulhando na "magia do cinema", ou seja, esquecendo do que se trata e da possível propaganda americana é possível assistir ao magnífico exemplar de cinema que é o novo filme da  genial Kathryn Bigelow. 


Bem, para começar o filme muitas vezes denuncia as tendências de "o fim justificar os meios" com cenas violentíssimas de torturas, o que soa mais como crítica do que como propaganda do "Tio Sam" - mesmo que justificado constantemente: "3000 mil inocentes morreram" diz a personagem. A atuação do elenco é ótima e Jessica Chastain se entrega totalmente ao papel (destaque para a cena final - que, é óbvio, não vou contar). Mas a "fera" mesmo é a excelente Diretora Bigelow. Com extrema competência a moça dirige com qualidade de deixar no chinelo Ridley Scott (Falcão Negro em Perigo) e Paul Greengrass (Vôo United 93). O filme de Bigelow é espetacularmente bem filmado (os enquadramentos são perfeitos - chegamos a ver o olho do soldado sob a luz da mira da arma, pneus em close, panorâmicas das cidades, profundidade de campo evidenciando personagens...). É altamente profissional o trabalho de direção não só na forma, mas na condução dos atores e no ritmo  da narrativa. Outro destaque é a qualidade do som - nunca explosões e tiros soaram tão fortes no cinema, de parar o coração! Lamento que Kathryn Bigelow uma das melhores diretoras da atualidade - com raríssima noção de cinema-reportagem, não tenha sido indicada para o Oscar este ano - ela não precisava ganhar, pois, como falei, não sei até que ponto o filme é verídico. Mas, em termos de competência na direção é cinema de muita mais qualidade do que Lincoln, por exemplo! Nota 9,0!