No dia 28 de janeiro de 2012 houve o Summer Soul Festival aqui
em Florianópolis. As atrações da noite eram: Rox, Florence + the Machine e
Bruno Mars. Fui para assistir Florence + the Machine, banda que me apaixonou
quase à primeira vista. Cheguei no Summer bem cedo para conseguir uma vaga
próxima das entradas o que me daria um certo conforto por ficar no carro ao
invés de estar de pé até a abertura dos portões.
O que me levou ao show foi o seguinte: Há menos de uma semana
do show eu nunca tinha parado para dedicar minha atenção para uma banda chamada
Florence + the Machine. Confesso, preconceituoso, li de relance uma reportagem em uma
revista de grande circulação (não especializada em música) e não me interessei porque geralmente este
tipo de publicação só se refere a bandas “moderninhas” sem um pingo de
criatividade – coisas do nível de “The Strokes” e outras que se importam mais
com a moda e com os cabelos do que com a música. Imaginei que Florence + the Machine
era uma coisa chatíssima e interminavelmente arrastada como a narcótica “Cat Power”.
Também achei que o show seria na casa mais conhecida do centro
daqui – que, para qualquer ser humano de menos de 1,94m, fica bem difícil assistir.
Logo, não me interessei pelo show - apenas lamentei que eu teria curiosidade de
ver Florence ao vivo para pelo menos conhecer o estilo.
Um belo dia me deparei com o cartaz do Summer Soul Festival e
quando soube que iria ser no Stage Park – o melhor lugar para se assistir a um show
grande em Floripa - logo me interessei. Disse para mim mesmo: “vale a pena ir e
o ingresso de pista não deve estar caro”!
No domingo anterior ao fim de semana do show resolvi então
conhecer a banda – relaxei, respirei e entrei no youtube. Digitei o nome da
banda e abri o primeiro clip. Veio "Rabbit Heart".
Pronto! Nunca mais minha vida será a mesma (é sério – foi mais
ou menos como fiquei quando ouvi o Concrete Blonde) – um clip de altíssimo bom
gosto, figurinos estilo neo-clássicos, um jardim belíssimo e no centro a Florence
Welch esotérica como uma fada, um Anjo, um ser místico, mitológico. Algo que, a
meu ver, definia o conceito de beleza . O vídeo plantou uma semente que rapidamente
floresceu (sim, com o trocadilho!) no meu coração.
Florence é a vocalista mais bela da atualidade. NADA, mas
NADA mesmo, nos dias atuais, se compara à beleza dela enquanto ser completo: é
linda, tem uma voz maravilhosa, tem uma presença marcante, compõe de forma profunda
e tem uma expressão corporal capaz de destruir o coração de qualquer monarca. Afrodite,
Igrayne e Helena de Tróia na mesma pessoa. É a Deusa música em forma humana, um
espírito que lindamente baila movendo as energias ao seu redor. Está acima do
que vemos diariamente como “beleza”. Não é a beleza estética ditada pela
publicidade, e sim uma alma feminina materializada. Um instrumento
orgânico de produção de arte. E, claro, nada disto valeria tanto se a música
não fosse, da mesma forma, lindíssima! Em seguida assisti aos clips de “What
the Water Gave Me” e “No Lights, No Lights” para os quais não existe a possibilidade de
atribuir nota inferior a 10,0.
Mudaram meus planos: Que pista que nada! Preparei-me para comprar
o ingresso no melhor lugar – camarote VIP, afinal, está sendo oferecida uma
oportunidade de estar por alguns momentos no Paraíso e eu iria me sentar no
chão? Nem pensar!
Não só Florence é linda – Isabella “Machine” Summers também é
belíssima – guardadas as devidas proporções, afinal, Florence é uma estrela. A música é a fusão perfeita do POP com New Age, ritmos tribais, harpas,
teclados, e, claro, a lindíssima voz da Musa Florence que deixou Sarah
Brightman, Enya e Loreena Mckennitt na categoria de estagiárias. O som da banda tem peso, corpo,
coesão, ritmo e é doce, lírico e reflexivo. A
música de Florence e sua Máquina
não encontra rival no panorama musical atual.
Passei a semana inteira só ouvindo a banda para conhecer e
saborear como um vinho raro o momento em que estaria no show.
Obs: as fotos abaixo - em péssima qualidade foram tiradas por mim (sorry) - estão aqui só para registrar o momento - lamentavelmente não sairam boas...
Vamos ao show: a abertura foi a cargo do vozeirão da ROX – mistura
de Amy Winehouse com Tina Turner e Sandra de Sá. As gravadoras estão desesperadas
mesmo para preencher o vazio da Amy, pois, não se conformam ter perdido a “galinha
dos ovos de ouro” (com o devido respeito Amy...). Senhores produtores: o
que chama atenção é algo novo! Por mais que seja bem influenciado pelo antigo.
Agora querer vender por quilo algo que recém estourou só queima o estilo. E chega
de ficar achando que só eram boas as divas de antigamente (concordo com o
discurso do Woody Allen em “Meia-Noite em Paris).
Rox fez a abertura da noite com muito soul e pop. |
Ok, foi um bom show da ROX – gostei muito da linda baixista (muito
elegante) e do guitarrista e sua Fender tele com timbre claro e limpo com efeito de vibrato.
Muito bom o som mesmo. Mas.....feito na Terra. Nada de divino e nada de
inovador.
Ao terminar o show da ROX – tudo mudou – A equipe trouxe uma harpa
no palco. A partir daí era possível perceber que o nível e o clima havia
mudado. Um simples palco se tornava um santuário e algo de místico envolvia o
local.
O clima no palco mudou com a entrada dos instrumentos da Florence + the Machine |
Então após um tempo a harpa começou a soar e a banda entrou
no palco liderada por Isabella “the Machine” linda! Elegante! Com teclados
muito característicos e únicos.
Então o espetáculo começou. Os primeiros acordes de “Only it
for a Night”. Eram as trombetas que anunciavam o Anjo chegando.
E lá veio ela.
Delicada, educada, refinada, humilde, profunda, mística,
esotérica...não há vocabulário capaz de descrever a pureza de Florence. Foi tão
aplaudida ao surgir no palco que não conseguia conter a emoção de ver tantas
pessoas enlouquecidas gritando seu nome. Ela ficou totalmente emocionada e sentia muita felicidade por ser tão querida pelo
público.
Gestos doces, elegância e refinamento são as caracteristicas de Florence Welch. |
Ao terminar a primeira música os primeiros acordes de “What
the water gave me” mostrou que o show não ia ser muito leve. Já era possível
perceber porque afirmei acima que Florence é superior às suas colegas New Age.
Ao meu lado tinha um trio
empolgado, pulando e incomodando as pessoas com seu descontrole desproporcional
à filosofa do show. Sequer prestavam atenção à perfeita execução da Minha Musa.
Mas, como “a música acalma os animais”
(hehe), o alto nível da arte apresentada pela Florence foi aos poucos hipnotizando
a galera e se instaurou um clima de respeito por uma cerimônia tão profunda e
delicada – mesmo que tribal e pesada em muitos momentos.
Alias, é de destacar os contrastes dinâmicos da banda – o que
cria um tapete perfeito para que ela use e abuse do seu perfeito vocal –
afinadíssimo, intimista em certos momentos e potente e agudo como o canto de
uma sereia em outros. A Rainha é gigantesca em seu talento. Não há como negar
– só quem tira a espada da pedra nasceu para o trono. É alma e não vontade. E
ela foi abençoada com a Majestade – ninguém mais ocupa esse lugar.
Imagens no telão que simulam vitrais - bom gosto visual. |
Florence é levíssima em palco, flutua como se seu pés não
tocassem o chão, toca a cabeça de cada músico passando uma aura de benção. É querida,
amável e doce com todos os músicos e com a plateia. Sua humildade é tão
marcante que chegou a pegar um papel que lhe foi atirado no qual estava escrito
“I love you Florence” e o dobrou com imenso carinho beijando-o em seguida.
Seus gestos são mágicos. Ao reger sua orquestra ela é suave
como as flores que se curvam ao doce toque do vento. Suas mãos tecem uma teia
imaginária que nos envolve hipnoticamente. Um lindo transe, como se nada de
mal no mundo pudesse nos atingir. É um beijo na alma estar diante de Florence.
Um êxtase. A experiência do amor puro, único.
Envolta num lindíssimo manto verde azulado (creio que se chama "caftã" - não entendo de moda...) e num cenário que
simula vitrais. O show é de uma elegância ímpar.
O repertório é muito bem escolhido com destaque para “Never Let
Me Go”, “What The Water Gave Me", "Rabbit Heart (Raise It Up)", "No Lights No Lights"... Todas as
músicas são excelentes. Só uma coisa entristece: a curta duração do show (por volta
de 45 min), pois, depois de entrar no Paraíso quem quer sair?
Mesmo com carcaterísticas New Age o show foi bastante pesado |
Creio que o Criador não irá me fazer essa desfeita e tenho fé
em ver, logo, logo, a Florence voltar com seu show completo.
A pesada “No Lights, No
Lights” fechou o show. Vi já com grande saudade os lindos cabelos ruivos da Elfa
sumirem na escuridão do palco. O show terminou. Desci do paraíso e voltei à
terra.
Com um timpre belíssimo Florence usa e abusa dos contrastes dinâmicos nos vocais. |
E depois? Bruno Mars. Quem???...Ah...um “novo Michael Jackson”
que fez um show excelente! Ótimos músicos. Ele é um cara bem legal! Gente fina!
Delicado e sedutor com as mulheres (um pouco brega talvez). Os músicos são
engraçadíssimos – como se o Outkast encontrasse o Sly and The Family Stone. O
baixista é uma figura à parte. Magérrimo e com muito swing! Não parou o tempo
todo.
Mas...
Um show normal. De volta ao Planeta Terra...(snif...)
E agora....é aguardar que a gigantesca emoção de ter visto
uma Fada faça raízes em minha alma e sentir essa semente da consciência crescer.
A música enobrece a alma e transforma a brutalidade do ser em ternura. Processo
enormemente acelerado quando tocamos uma presença divina.
Escrevi apaixonado demais? Sim! Assumo completamente! No que
tange ao tipo de alma com quem quero me relacionar ela se enquadra
perfeitamente. Alimenta meu espírito e estimula minha alma a evoluir.
Para aqueles que discordam, respeito e digo que se trata
apenas da minha opinião.
O encontro da minha alma foi com um espírito que considero
puro em termos de arte. Ela é humana? Sem dívida, mas é porta-voz de uma arte musical que veio de
algum lugar do Universo. Não diziam que as musicas clássicas pareciam tocar os
céus, mas, que as composições de Mozart pareciam vir de lá? Outros gênios
também recebem esta capacidade do Universo Infinito. Sob minha interpretação
Florence recebeu!
Florence Forever! Te amo minha Musa! A gente vai se ver em
breve! Irei compor (na minha humilde mediocridade) muitas musicas para você,
meu Anjo!
Nota 10,0 – em números humanos. Inexplicável e inquantificável na escala do Universo.
P.S. Ah! Prá quem não conhece vai uma dica: Se dentre os
artistas abaixo você gosta de pelo menos 3 com certeza você
vai curtir Florence and the Machine:
1. Concrete
Blonde;
2. The
Mission;
3. Cat Power;
4. Peter
Gabriel;
5. Kate Bush;
6. Loreena
McKennitt;
7. Enya;
8. Dido;
9. Sarah
Brightman;
10. Chantal
Krevizuk;
11. Siouxie
and the Banshees;
Se você não conhece nenhum destes corra atrás do material – a
porta da consciência cósmica pode estar aberta na forma da música e vc está aí
parado – não deixe a vida passar...vá logo!
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