Encontrei com preço convidativo a série Rocky Balboa e, não resisti, adquirindo um exemplar do Box com a série completa.
Iniciei assistindo aquele que foi
meu primeiro contato: "Rocky II - A Revanche". Filme que pude ver nos cinemas (assisti quatro vezes na época). Este filme tem um
significado especial para mim. Quando o primeiro Rocky foi exibido eu não tinha idade para adentrar às
salas de cinema – pois a censura do filme era 16 anos, logo, meu primeiro
contato com a série foi o segundo filme!
Revê-lo 33 anos após
foi, mais uma vez, emocionante. É uma sensação única assistir à saga deste gladiador moderno com quem um imenso
publico se identifica.
E porque Rocky é tão querido do público?
Porque se tornou este herói tão cativante?
Quem é este “Garanhão italiano”
que faz todos torcerem por ele?
É simples: Rocky é o homem comum,
gente boa, trabalhador, honesto, homem de família, bom amigo e religioso.
Apaixonado por sua esposa e seu filho e é um grande ser humano. Educado,
prestativo, cordial, amado por todos e cativantemente simplório, para não
dizer, "mente curta". Um efeito disto é sua baixa classe social em parte
decorrente de sua humildade. Não sendo arrogante nem prepotente, Rocky cativa a todos. Mas ele tem moral,
ética e todos os valores que tanto buscamos nos dias de hoje (e na época do
filme, é claro – o que destaca a atemporalidade da obra).
Esta simplicidade e ingenuidade
aliadas ao árduo e disciplinado trabalho fazem de Rocky o vencedor que cada um
de nós procura. Não aquele vencedor super-herói, mas, sim o vencedor herói –
aquele que acorda todos os dias e luta para trazer o pão para casa. Luta com
dificuldades para vencer sua mediocridade e simplicidade e que com muito
trabalho e esforço vence! Ou seja, ele vive em cada um de nós. Cada qual com
suas dificuldades e deficiências.
Os personagens são todos
estereotipados: Adrian é a esposa certinha, querida, delicada, doce e amorosa.
Ela vale o esforço do “macho” para protegê-la. Ela é o “anjo” do filme. Paulie,
o cunhado amigo, mas de moral duvidosa; e Mickey : o velho treinador que trata
o pupilo como filho, buscando assim, exorcizar nele a carreira que abandonou.
Rocky II (e todos os
outros da série) segue à risca a cartilha do primeiro filme – sublinhando os
valores do personagem principal e opondo-o a um inimigo mais forte – o que torna
a vitória mais difícil e, portanto, mais saborosa.
Diferente de Rocky, seu criador Sylvester
Stallone é um gênio (na sua área)! Grande ator (para que o papel exige) e ótimo diretor. É um
verdadeiro Cristo (até carrega uma cruz em determinada cena – o que induz nossa
compaixão com seu sacrifício). É ótimo para torcer a boca e expressar dor e
sofrimento. Stalonne é especialista em manipulação e maniqueísmo. Confesso que nunca
torci tanto num jogo de futebol como torci para que Rocky “baixasse a lenha” em
Apollo Creed. Colocando os elementos na hora e na intensidade certa Stalonne
emociona qualquer um – seja no despertar da esposa Adrian no hospital, seja na
belíssima expressão de Adrian ao acompanhar a luta pela TV e o “eu te amo final”.
É uma obra-prima de “venda de emoções”. E compramos porque queremos nos
emocionar mesmo na defesa dos valores acima mencionados!
Fora as espetaculares lutas, que
são editadas primorosamente, as duas grandes cenas do filme são o retorno ao treinamento
com a primeira tomada de Rocky se exercitando ao amanhecer (esta sequência-montagem criou
escola) e, em seguida, a linda cena em que Rocky corre acompanhado por centenas
de crianças. Cena de uma beleza cinematográfica ímpar (ok, extremamente piegas,
mas, qual ser humano é tão bruto e com o coração de aço que não irá sucumbir às
lágrimas quando Rocky chega a o topo da escada no apogeu dos acordes da linda
trilha sonora de Bill Conti?).
Para finalizar: e Apollo?
(guardei ele para o final).
Ele é o vilão? Nunca! O personagem
é um excelente profissional que mais funciona como o nível de conquista que todos
temos que atingir do que como vilão. Apollo é o marco de superação que temos
que atingir. É um ótimo administrador de sua vida e um grande atleta. Não há
vilania nele. Sem ele não teríamos parâmetros para quantificar a vitória do personagem
principal, e por tabela, a nossa vitória enquanto “Rockys”.
Apollo é o “mal necessário”; é o
vestibular que tempos que enfrentar; o concurso no final do ano; a prova da OAB;
o trabalho de conclusão de curso. Que, só podem ser vencidos com trabalho,
disciplina, dedicação, humildade, otimismo e fé. Nenhum obstáculo é tão grande
que seja insuperável. Sem Apollo Creed não há vitória. E só o derrotando
subimos um grau acima de nossos limites.
Lamento (um pouco) que a série, a
partir do terceiro filme tenha abandonado a universalidade do herói suburbano
para concentrar-se em propaganda da Nação Americana, mas a incitação ao
trabalho, à disciplina e a vontade de vencer continuam presentes sem abalar os
valores do personagem. Nesse aspecto a série Rocky funciona como excelente
exemplar de auto-ajuda revitalizando o otimismo pra vencer na vida.
Mais um dos exemplares do excelente
cinema americano dos anos 70, Rocky II até hoje mantém o seu conteúdo acima da
forma. Merece ser revisto de tempos em tempos para que deixemos de reclamar da
vida e possamos renovar as energias em recomeçar o árduo trabalho diário com fé
e esperança. E também é ótimo entretenimento para um domingo à tarde. O que
dizer mais? Nota 10,0. Agora vamos assistir os outros da série! Vença sempre
Rocky – estamos com você!
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