domingo, 26 de janeiro de 2014

Touro Indomável. Triste realidade de mais um dos incapazes personagens da filmografia de Martin Scorsese.

TOURO INDOMÁVEL: Acabo de assistir "Touro Indomável" de Martin Scorsese agora mesmo. Há menos de 10 minutos terminaram os créditos finais. Estou com uma sensação estranha. Um misto de desgosto, pena e melancolia. Jake LaMotta - espetacularmente interpretado por Robert De Niro - na maior parte do filme é detestável, arrogante, grosseiro, um verdadeiro ser humano incapaz de resolver as coisas sem que seja na porrada. Um Touro Mesmo - e muito indomável - aliás como muitos que vemos por aí (alguns atualmente flagrados em torcidas desportivas). 

Um talento extraordinário no Boxe, mas uma criatura humana primitiva, dominado pelas suas emoções e totalmente infantil. Um obtuso. 

O filme é extremamente bem-feito pelo genial Scorsese. O Preto-e-branco ressalta a miséria do personagem (mesmo que financeiramente esteja bem). Assisti na época do lançamento no Cinema e só agora consegui rever. me lembro de uma reportagem na qual Scorsese dizia ter feito seu filme sem cores para evitar que tempo deteriorasse as cores da fotografia. Não sei até que ponto isto era verdade, mas creio que uma explicação plausível seria de que o Touro não enxerga as cores do mundo - ainda mais um indomável. 

Mas porque meu misto de desgosto, pena e melancolia? Explico: por ver nos personagens dos filmes de Scorsese uma incapacidade de lidar com o sucesso. Assim é em Taxi Driver (onde o simples motorista não consegue administrar seu "sucesso" - a conquista da mulher que amava), Em Cassino a destruição e degradação tanto do personagem de De Niro como de Sharon Stone, e, mais recentemente em O Lobo de Wall Street. 


O universo de Scorsese é repleto de gênios, incompetentes, almas talentosas e incapazes de enfrentar seus próprios demônios, escravos do prazer e da sua ira que, no seu próprio descontrole botam seu mundo a perder e de todos ao seu redor. "Touro Indomável" é espetacular - as cenas de ringue são de uma brutalidade ímpar, o elenco é impecável - mas de todos os filmes de Scorsese é o que mais me deixou "prá baixo" - a indignidade das surras na esposa, no irmão e em si próprio ao ser confinado na prisão são de cortar o coração - ainda mais quando ele afirma: "Não sou tão ruim..."  - talvez não seja mesmo - como todos os personagens da cinematografia do genial Diretor - é somente indomável - o suficiente para destruir sua vida! Nota 9,0! Deprimente! 



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