TOURO INDOMÁVEL: Acabo de assistir
"Touro Indomável" de Martin Scorsese agora mesmo. Há menos de 10
minutos terminaram os créditos finais. Estou com uma sensação estranha. Um
misto de desgosto, pena e melancolia. Jake LaMotta - espetacularmente
interpretado por Robert De Niro - na maior parte do filme é detestável,
arrogante, grosseiro, um verdadeiro ser humano incapaz de resolver as coisas
sem que seja na porrada. Um Touro Mesmo - e muito indomável - aliás como muitos
que vemos por aí (alguns atualmente flagrados em torcidas desportivas).
Um
talento extraordinário no Boxe, mas uma criatura humana primitiva, dominado
pelas suas emoções e totalmente infantil. Um obtuso.
O filme é extremamente
bem-feito pelo genial Scorsese. O Preto-e-branco ressalta a miséria do
personagem (mesmo que financeiramente esteja bem). Assisti na época do
lançamento no Cinema e só agora consegui rever. me lembro de uma reportagem na
qual Scorsese dizia ter feito seu filme sem cores para evitar que tempo deteriorasse
as cores da fotografia. Não sei até que ponto isto era verdade, mas creio que
uma explicação plausível seria de que o Touro não enxerga as cores do mundo - ainda mais um indomável.
Mas
porque meu misto de desgosto, pena e melancolia? Explico: por ver nos
personagens dos filmes de Scorsese uma incapacidade de lidar com o sucesso.
Assim é em Taxi Driver (onde o simples motorista não consegue administrar seu
"sucesso" - a conquista da mulher que amava), Em Cassino a destruição
e degradação tanto do personagem de De Niro como de Sharon Stone, e, mais
recentemente em O Lobo de Wall Street.
O universo de Scorsese é repleto de
gênios, incompetentes, almas talentosas e incapazes de enfrentar seus próprios
demônios, escravos do prazer e da sua ira que, no seu próprio descontrole botam
seu mundo a perder e de todos ao seu redor. "Touro Indomável" é
espetacular - as cenas de ringue são de uma brutalidade ímpar, o elenco é
impecável - mas de todos os filmes de Scorsese é o que mais me deixou "prá
baixo" - a indignidade das surras na esposa, no irmão e em si próprio ao
ser confinado na prisão são de cortar o coração - ainda mais quando ele afirma:
"Não sou tão ruim..." - talvez
não seja mesmo - como todos os personagens da cinematografia do genial Diretor
- é somente indomável - o suficiente para destruir sua vida! Nota 9,0!
Deprimente!
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