quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Carrie - a diretora Kimberly Peirce perde a oportunidade de fazer releitura de clássico e faz "mais do mesmo".

Aqui vai meu comentário sobre a refilmagem de "Carrie" dirigido pela Kimberly Peirce. Primeiro a história (sem spoilers). Li Carrie de Stephen King por volta de 1979 - a história é pesada, cruel, forte, sobre uma garota solitária num mundo hostil, bullying, etc... (calma gente - é a Carrie - não é qualquer um de nós). Neste cenário várias coisas belas acontecem à desamparada Carrie (acho que não contei nada né? Tudo isto acontece em qualquer comédia romântica americana.  Ocorre que King escreveu um livro espetacular - narrado por meio de entrevistas, notícias  de jornais e depoimentos e, nesta narrativa, o leitor "monta" na sua cabeça a história do que se passou. Grande técnica literária de King.


Brian DePalma usou a história e dirigiu um filme cujo roteiro foi concebido com imensa beleza. DePalma cria cenas de grande poesia visual (como o vestiário feminino e a dança de Carrie com seu par) e faz um filme absolutamente impecável (considero um dos grandes filmes de Terror de todos os tempos).  Kimberly Peirce (diretora do brutal "Meninos Não Choram - e, único motivo que me levou a assistir esta refilmagem, pois me recusei a ver a refilmagem anterior - afinal, clássico não se refilma!) ao invés de criar um novo filme, uma nova gramática, uma nova estrutura narrativa, se limita a refazer, com competência, quase o mesmo roteiro, logo, fiquei o filme inteiro querendo rever Carrie de DePalma.


 É competente o trabalho de Peirce, há cenas belíssimas, de brotar lágimas nos olhos de compaixão pela frágil e delicada Carrie, um doce de pessoa. Chloë Moretz e Julianne Moore são excelentes e as cenas são ótimas, mas, são mais do mesmo! E Chloë não é Carrie (por mais que esforce) nem Moore é Margaret. Por outro lado Sissy Spaceck É Carrie e Piper Laurie É Margaret White - as duas são impressionantes no filme original, DePalma é um Monstro Sagrado na direção e o primeiro Carrie é uma obra-prima.


Por que falei isso tudo? Para chegar à conclusão de que - eu esperava que Peirce, uma mulher na direção (o que em vários momentos confere ao filme a concepção feminina, delicada de filmar), uma diretora extremamente competente e uma cineasta-autora fosse recriar Carrie com outra gramática visual, com outra estrutura narrativa e que iria  focar mais nos conflitos humanos de uma personagem feminina adolescente (como em Meninos não Choram), porém, a diretora se limita a refilmar o já filmado atualizando a concepção de DePalma (sem a mesma eficiência) e retirando pontos de tensão fundamentais do filme original - como o plano sequencia da corda que segue até o objeto nos bastidores do palco (não contei nada - só entende quem já viu o Carrie original - e não tem no novo).

Para a nova geração é legal ver Carrie pela belíssima história que é e porque, mesmo com a menor credibilidade das atrizes, não podemos esquecer que se trata das excelentes Chloë Grace Moretz e Julianne Moore, mas, este é um filme, e o Carrie de DePalma é uma obra-prima! Vale o ingresso, e só! Nota 7,0!



Nenhum comentário:

Postar um comentário