sábado, 1 de março de 2014

"Os Esquecidos" e "Camelos Também Choram" em dois filmes diametralmente opostos a sociedade é questionada na forma como trata os animais e os semlhantes.

OS ESQUECIDOS - de Luiz Bunuel; CAMELOS TAMBÉM CHORAM - de Bayambasuren Davaa e Luigi Farloni;

Gente - acredito ne Destino sim! Pelo menos creio que (como o Mar, o Universo de vez em quando faz ondas coincidirem e/ou convergirem). Por que estou dizendo isso? Acho que é a primeira vez por aqui que comento dois filmes no mesmo espaço, mas, parece que as forças do Destino me fizeram assistir a essas duas obras-primas no mesmo dia e seguidas uma da outra. E as escolhi aleatoriamente na biblioteca da UNISUL.

Os dois filmes têm núcleo similar - abordam a sociedade - mas de dois pontos de vista diametralmente opostos. Vamos aos filmes. Os Esquecidos é o retrato de uma sociedade desestruturada, famílias separadas, crianças abandonadas, assassinatos a troco de nada, maus-tratos a velhos e a deficientes. A maldade impera neste libelo do mestre Buñuel. A sociedade mexicana retratada está na miséria, pobreza e a única esperança de brotar o bem se encontra sufocada pelo meio em que vive. Até os animais são vítimas da frustração dos humanos que chegam ao extremo de pais terem ódio dos filhos. 

Filme muito forte e pesado - de trazer mal-estar profundo em quem se comove de ver crueldade (que é o meu caso). A crítica do mestre espanhol é afiada e o filme apesar de seu conteúdo é espetacular. 

Espetacular também é Camelos Também Choram - porém aqui a abordagem é outra - e exatamente pelo oposto em que se encontram os filmes parecem antagônicos. Neste excelente documentário a comunidade (a história se passa na Mongólia) mostrada é perfeitamente equilibrada, as crianças são bem tratadas (mesmo em alguns momentos que sejam amarradas pela cintura, mas o filme deixa claro que os pais o fazem por preocupação e não punição).  A aldeia demonstra religiosidade, e, acima de tudo respeito e amor pelas animais que os cercam. 

Nesta sociedade ideal uma mãe camelo tende a abandonar o filhote o que causa uma revolução em todos que tudo fazem para que esta desarmonia social deja corrigida. E as técnicas são de uma beleza comovente. Falar mais é revelar o que o filme tem de mais belo. Totalmente oposto ao universo caótico de Buñuel o filme é um hino de Amor (não há sequer uma cena em que uma criança nem animal sofra punição ou maus tratos) aos semelhantes e à todas as criaturas vivas no planeta. Lindo mesmo - a cena em que a mãe põe a criança para dormir enquanto canta é de deixar qualquer um com grande quantidade de Amor no coração. Os afagos que os personagens fazem nos animais...tudo é lindo neste filme. 

Estabelecendo um paralelo entre os filmes chego à conclusao de que a "cura" da nossa sociedade atual é ter amor pelas crianças, ensinar para as novas gerações  o respeito e o amor aos animais e abdicar um pouco do luxo, voltando a nos considerarmos uma grande família. Deixar na mão do Estado esta função não deu certo. O segredo está em casa, na terra, na água, nas plantas, nos animais e, principalmente no trato com o semelhante. Ambos os filmes ganham nota 10,0! Filmes como estes são uma das razões pelas quais amo tanto a Arte de fazer Cinema! Esta é nossa função social como criadores! E que a humanidade evolua. Espero que o Destino queira assim!




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